Outro relatório: Portugal é 2º país mais rural da UE e seja isso o que for vou tomar a coisa ao pé da letra.
A ruralidade portuguesa não é uma característica tópica: difusa, existe em cada um de nós, o que, em sí, não é mau, convindo, no entanto, que disso se saiba e com isso se conte. O Portugal rural existe em A-de-Cima e em A-de-Baixo,mas também existe no CCB, no CAM, nos bares da moda. Está lá, esverdeado-transparente, musgoso, nas conversas, nas preocupações, no relato da última saltada a Londres a ver o Hopper. Não me refiro a provincianismo - uma atitude mental desse fiapo de gente que é a classe média citadina de 4ª ou mais gerações - mas a ruralidade com o que a coisa comporta de rústico e tosco e mesquinho e de receios, sem margem para poetizações, a proximidade do torrão magro, da enxada, da vidinha de sol a sol e nisso e com isso tudo, um começo rançoso de distância, no culto-esconjuro do "regresso às raízes" aos "saberes" e idades de oiro.
Ao menos, com o relatório, sempre a gente fica a saber que não temos que nos alarmar, que condiz, que é assim mesmo, daqui a século e meio passa.
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