Ontem ainda foi suportável: o calor era franco e atlântico e o céu estava azul. Passeei-me pela minúscula baixa da cidadezinha, comprei livros. Entre eles, a "Arte de viajar" de Botton, que comecei a ler numa esplanada. A leitura fez-me pensar na utilidade de um"Arte do ficar", mas a empresa, para ser minimamente séria, obrigar-me-ia a deslocação desagradáveis.
Hoje, porém - volto ao tempo - o tempo está de aneurisma, de uma vez túmido e balofo. Com um tempo destes, resta-me "para aqui estar" a vogar pelos sofás, envolto em spleen. Volto a pensar - muito vagamente - em como seria agradável viver num clima jovialmente frio, onde os ares condicionados fossem um apetrecho excêntrico, inútil, e a sua compra motivo de falatório e exprobração luterana. Suspiro pelo longe desta tepidez de purgatório, mas é tudo tão difícil e a vontade, tal como a carne, fraca.
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