Em Portugal, o número de analfabetos iguala o dos licenciados (partem do princípio que não há licenciados analfabetos - nem analfabetos licenciados - o que não me parece boa metodologia, mas enfim). Soube deste facto por um telejornal. O locutor usou um tom taciturno e dramático, como se anunciasse uma coisa grave. E é grave. Mas, gravíssimo e aterrador seria sermos todos letrados e estarmos como estamos. Assim, a esperança é possível para todos os que crêem que, através da melhoria da educação, se alcança a melhoria do país. Eu, que sou um tanto descrente que assim seja, acabo, em momentos exaltados de crença sebastiânica, por ansiar por essa manhã de nevoeiro alfabetizado e, enquanto ela não chega, por atribuir as culpas dos males pátrios à ignorância nacional, com a mesma elevação de pensamento com que, há cem anos, por tudo se atribuíam culpas à monarquia e tudo se esperava da república.
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