sexta-feira, outubro 30, 2009
Há quem não ache verosímil o episódio dos 10 000 euros, por ser o alegado corrompido um vice-presidente de um grande banco.
É pessimismo lamentável: pode ser sinal de temperança, um louvável sinal de temperança.
É pessimismo lamentável: pode ser sinal de temperança, um louvável sinal de temperança.
quinta-feira, outubro 29, 2009
Estou sem ler há meses! Este calor estraga-me qualquer leitura boa de tempo frio, quando as fibras mentais (lembro-me sempre de Montesquieu nestas alturas de lassidão) adquirem a elasticidade pujante do vime. E leituras de praia em fins de Outubro também não vale a pena tentar: o gesto para evitar besuntar as páginas com o creme do sol faz tão parte da dita, que seria impossível evitá-lo. E para patetices, já bastam as necessárias.
quarta-feira, outubro 28, 2009
Ontem, tinha sido o Dr. Ulrich a traçar a cores escuras o tremendo desmazelo do aeroporto da Portela. Hoje, o Dr. Ricardo Espírito Santo Salgado falou nalguma melhoria da situação e consiste a dita em mais pedidos de empréstimo para casa (há mais proprietários de casa neste torrãozinho abençoado do que na rica Alemanha, mas a coisa não parece afligir ninguém).
Ora, nenhum destes senhores é tolo.
E nós outros também o não devíamos ser.
Já não sei quem dizia que o nosso atraso se manifestava ainda no ter-se-lhe atribuído causas que escondem aquela de que não temos culpa: a geografia.
Estamos aqui a um canto, as coisas demoram a chegar e nós - ou partes de - a mudar.
Ora, o comboio, o aeroporto e todas essas coisas que se encomendam lá fora dão, afinal, menos trabalho e perturbam menos o remanso de fim de mundo do que querer pôr o rapazio a saber matemática - como o Dr. Vasco Pulido Valente já bem notou. Os cultores dos «grandes investimentos», das Novas Sines, não são o «futuro», mas uma manifestação do passado e do medo de mudança, principalmente quando essa mudança afecta métodos e modos, é uma via e não uma recompensa vistosa que encha o olho.
segunda-feira, outubro 26, 2009
Tem-se falado de Inquisição - como se ela não tivesse sempre sido, em Portugal, um instrumento do estado (não foi por fervor religioso que o Pombal - esse herói republicano - lhe concedeu o título de majestade, apenas devido ao soberano): além de polícia política e instilador de medos, terrrores, respeitos e temores reverenciais - que perduram hoje - a Inquisição produzia doutrina que se mantém, ainda viçosa, entre nós:
"[....] Foi por isso estendido no potro e atado de pés e mãos, foi-lhe protestado pelo notário que se elle réo morresse no tormento, quebrasse algum membro, perdesse algum sentido, a culpa seria sua e não dos Senhores Inquisidores que o julgaram ao dito tormento, segundo o merecimento do seu processo."
in António Baião, "Episódios Dramáticos da Inquisição Portuguesa", aqui.
sábado, outubro 24, 2009
Há pouco, na Antena 2, não sei quem opinava que o espólio dos grandes artistas se diva tornar património nacional assim que morressem. É uma afirmação que nos põe em nº 1 no culto do estatismo. Para além de não caber ao estado - mas ao tempo - saber quem são os «grandes artistas» ou os «grandes vultos», esta monstruosidade constítuia um confisco, com requintes de particular crueldade. E dizem-se coisas destas em nome da arte.
quinta-feira, outubro 22, 2009
quarta-feira, outubro 21, 2009
Li um livro dele, que achei mais um, sem novidades, tributário do realismo fantástico sud america-Marquez, de que não gosto e sem nada que o distinguisse nem que, creio eu, o faça perdurar.
Do que respiguei de outros livros, a mesma impressão, além da pobreza das teses e da abundância de lugares-comuns próprios de quem em filosofia não foi além do expendido em sebentas insípidas ou em boticas jacobinas de província.
Da pessoa, censor dedicado e de uma vaidade pouco comum, tudo me afasta.
Arrumei o assunto há muitos anos e fico admirado com o tempo que lhe dedicam.
terça-feira, outubro 20, 2009
segunda-feira, outubro 19, 2009
domingo, outubro 18, 2009
Ontem, um sábado com uma noite agradavelmente clima temperado, lia sobre como Byron's narcissistic regime of diet and exercise [as] a genuinely fateful moment: the beginnings of the obsession with youthfulness (especially svelt youth) as a paradigma ao invés de uma cultura que celebrava the embointpoint and fleshiness as a sign of vitality.
Hoje, ao brunch, enquanto enchia de doce de figo as fatias de brioche não pude deixar de meditar nos males imensos do romantismo.
sexta-feira, outubro 16, 2009
Lembrei-me, depois de anos, da razão que me levava a associar a frase de Marlowe «Was this the face that launch'd a thousand ships/ And burnt the topless towers of Ilium?/Sweet Helen, make me immortal with a kiss» a uma tirada no Cyrano de Bérgerac de Rostand; melhor, lembrei-me o motivo porque foram referidas as duas naquela tarde: a desmesura de Fausto filiada na de Ícaro, reside nao tanto nos intuitos mas no desprezo, na desatenção ao pormenor.
Cyrano sabia a importância de uns traços regulares nos assuntos da imortalidade.
quarta-feira, outubro 14, 2009
segunda-feira, outubro 12, 2009
Tem sido referido que o PS subiu o número de votos. Outra coisa não seria de esperar: em toda a Europa somos geralmente invejados pelo acerto com que tratamos os nossos assuntos e cobiçada a boa organização da nossa administração pública, que vai a par com o estado vicejante da nossa economia. Nada havia, por isso, que convidasse a hesitações! De facto, porquê mudar de partido sendo certo que o PS governa o país desde 1995 - com uma pequena interrupção de dois anos - e nos tem tornado um exemplo para a Europa, se não para o mundo?
domingo, outubro 11, 2009
sábado, outubro 10, 2009
sexta-feira, outubro 09, 2009
Com a ajuda da falta de senso que sempre caracterizou a esquerda, Obama vai-se tornando numa figura ridicularizável.
No discurso em que agradece o Nobel, afirma: “Para ser franco, acho que não mereço estar na companhia de tantas figuras transformadoras que foram honradas com este prémio, homens e mulheres que me inspiraram e inspiraram o mundo inteiro pela sua procura corajosa da paz”
É por modéstia e bravura que não recebe o Dalai Lama.
No discurso em que agradece o Nobel, afirma: “Para ser franco, acho que não mereço estar na companhia de tantas figuras transformadoras que foram honradas com este prémio, homens e mulheres que me inspiraram e inspiraram o mundo inteiro pela sua procura corajosa da paz”
É por modéstia e bravura que não recebe o Dalai Lama.
Simples.
quinta-feira, outubro 08, 2009
quarta-feira, outubro 07, 2009
Encontro no gravador o programa de Constança Cunha e Sá. Gente de quem gosto, mas a discussão passa ao largo do problema essencial: que modelo da economia queremos, como competir na Europa com os países ex-socialistas do leste, se, afinal, queremos ser pobres ou enriquecer? Mas, parece que não são questões interessantes.
É espantoso como o essencial está arredado das nossas preocupações!
terça-feira, outubro 06, 2009
...o que não concebo é que se discutam ninharias e se elevem nadas à condição de problemas nacionais num país onde há fome.
segunda-feira, outubro 05, 2009
Será desta que posso dizer sim à F., ceder perante a insistência do "eu arrumava já as coisas de Verão" que não são já ancinhos, baldes, moinhos e peneiras, mas camisas, calças, polos, t-shirts, até os fato de banho? Diria que sim, mas as repercussões imediatas, entre as quais a subida das camisas de flanela às gavetas de cima parece-me ainda pura isensatez.
domingo, outubro 04, 2009
sexta-feira, outubro 02, 2009
quinta-feira, outubro 01, 2009
Boçalmente, dá-se a entender que Cavaco Silva está doente e diminuído
Já a Dra. Manuela Ferreira Leite, apesar do seu curriculum académico invejável, nos foi apresentada como pouco mais do que uma simplória.
Ao contrário, Sócrates parece ser cosmopolita, elegante, culto e saudável, o que se deverá à frequência dos grandes ateliers da cova da Beira ou dos sofisticados colegas da exclusiva faculdade que frequentou.
Ao pé dele todos somos canhestros saloios adoentados. Doentes, muito doentes.
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