Obama vai falar no local onde Martin Luther King proferiu o seu célebre discurso (I have a dream). É de crer que se veja - e o vejam - como a metamorfose em realidade do sonho de King. Se assim é, há alguma injustiça para com os negros norte-americanos: não é o descendente de um escravo quem vai falar. Nada liga Obama à longa história de sofrimento desses negros, nem à sua cultura. Obama é o filho de um súbdito britânico queniano que, enquanto se doutorava nos USA, casou com uma cidadã norte-americana branca. Por isso, os seus antepassados norte-americanos de origem europeia, não apenas não foram escravos como talvez os tenham tido. Obama pode ter sofrido, apesar da sua idade o pôr a salvo do pior, discriminações e experimentado algumas das agruras de quem é diferente, tal como as podem sofrer os filhos e descendentes dos latinos ou dos chineses, mas isso não o faz, senão em pouquíssima parte a realização do sonho de King.
Não deixa de ser histórica a sua eleição, e uma vitória sobre preconceitos, mas o candidato negro da América negra - que Colin Powell, por exemplo, seria - ainda não chegou à Casa Branca.
Não deixa de ser histórica a sua eleição, e uma vitória sobre preconceitos, mas o candidato negro da América negra - que Colin Powell, por exemplo, seria - ainda não chegou à Casa Branca.
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