quarta-feira, outubro 31, 2007

E acha que?
Nao, surgiu, apenas...
...
Pena?
Apesar disso, sempre lhe direi...
Sim, tem razao, por isso tambem
Nao se trata de ter razao, nao neste tipo de coisas...
E todavia...
Nao, nunca ,nao!
Sem certeza
Sim e nao, sim e nao...
pollcode.com free polls


Afrodite? Não


Aderga de agastura atabafada,

aterma barafusta e por betado

compeça batocante de chapado

numa cenreira a custo destrinçada.


Cuspido ao pai na lança definhada

se dissingula, esmera, escarmentado,

escafedendo-se elegante ao lado

na falcatrua, mística lufada.


Forfante de incha e de maninconia,

gualdido parafusa testaçudo.

Mas trefo e sengo nos vindima tudo

focinho rechaçando e galasia.


Anadiómena Afrodite? Não:

Apenas Duarte Nunes de Leão


Jorge de Sena

terça-feira, outubro 30, 2007

Foi ontem e foi oficial: o médico receitou-me termas. As mesmas onde passava uns dias em pequeno (apenas porque a geração acima ia). Chegou agora a vez de, por padecimentos meus, lá voltar.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Post que contém um link para o youtube, onde poderão ver como o Pinto de Sousa tem usos de mundo.
Este país está tão de menos que começo a ter saudades de quando se encontrava meramente de rastos
O link aqui
Já viram? Convenham que é de estadista, de um grandessíssimo estadista! É preciso grande presença de espírito, ousadia e capacidade de decisão para desfeitear daquele modo o único ministro a que os portugueses dão nota positiva.
Charmes do 3º mundo:

O Banco de Portugal emprestou dinheiro - isto é, concedeu um crédito - a administradores seus para a compra de segundas casas. O ministro das finanças diz que o Banco de Portugal não é uma instituição de crédito, pelo que não se lhe aplica a norma que proíbe aos bancos emprestarem dinheiro aos administradores. Mas, se não é uma instituição de crédito, porque empresta dinheiro?

A propósito, o Dr. Constâncio, director daquela benemerente instituição continua a ganhar mais do que o seu colega norte-americano?

domingo, outubro 28, 2007

Houve tempo que ambicionei não acontecesse nada senão o puro decorrer dele e por «puro» entenda-se limpo de novidades que se pudessem sobrepor à de algum azar com as torradas do pequeno-almoço. Tempos de pujança que já lá vão. Hoje em dia, gosto de novidades e o problema de acordar tão cedo é não ter acontecido nada ou, tendo, sermos nós a ter que as contar.
Hoje, a notícia da manhã, pelo menos no Sky news, é a de que um membro da Família Real terá sido vítima de uma tentativa de chantagem. O motivo seria um sexo & drogas, um clássico, sério e atendível motivo (embora sem a grandeza dramática da traição ou do homicídio), ligeiramente brejeiro, que não deixa de dar alguma - como diziam? - gaieté a esta manhã de domingo.

sábado, outubro 27, 2007

Um post curioso que li no Pastoral:

«Acrítica litrária (a partir de Ana Tureza do Mal)

A crítica literária de Pedro Mexia, raramente perfuntcória, é mesmo, quando adrega, de excepção.

Para ler aqui.
A esquerda e a liberdade nunca se deram bem - nem podem dar: a esquerda é determinista.

Por isso, o governo italiano do momento, que é de esquerda, tem preparada uma lei, de seu nome Lei Levy-Prodi, para acabar com a liberdade dos blogs e instaurar a censura.

Há mil razões sensatas para legislar sobre os blogs.

Há uma razão sensata para não o fazer: a Liberdade - com maiúscula e no singular - e essa anula todas as outras, enquanto não se descubra legislação sem severos efeitos laterais, que é como quem diz, a existência de vantagens sem desvantagens.

Leia aqui, onde cheguei por intermédio do Hoje há conquilhas

A resposta ao atrevimento do governo italiano deveria ser dada esmagadoramente (o poder medíocre assusta-se com o Número, embora a qualidade lhe seja indiferente) por blogs do mundo inteiro.

(Entretanto a escumalha que se incomodava muito com Berlusconi e as ameaças à liberdade está calada...)
Pelo Margens de erro soube a boa notícia: o medíocre Pinto de Sousa, vulgo «eng» Sócrates e o seu governo começam a perder terreno nas sondagens e de modo significativo.
Esperemos que demorem pouco a desaparecer. Embora não tenha esperança em que a substituição traga melhorias substanciais, pelo menos vemo-nos livres das faltas de educação do Sousa.
Adormeci a ler Tácito, e acordado, escolho Suetónio para despertar. Há almas a quem nada é poupado: a humilhação, o acabrunhamento são sempre possíveis, nunca uma hora de descanso ou um local de asilo.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Sobre Jardim Gonçalves e assunto da dívida dizia Ricardo Salgado que, embora aquele fosse um grande banqueiro, «o diabo tece-as».

Queria assim, talvez, dizer Ricardo Espírito Santo que não lembra a ninguém esquecer-se de controlar as ambições e ganâncias familiares.
Mesmo as ambições mais legítimas, ou não fosse Fernando Ulrich um próximo primo seu.
Ambos são Cohen, gente que sabe de dinheiro e poder há muitos, muitos anos...
E como estamos em Portugal, a coisa a pequena batalha entre Ulrich e Espírito Santo - porque disso se vai tratar - vai meter de permeio o estado, que os dois primos quererão usar, cada um a seu favor, o último através da intervenção da CGD, Ulrich porcurando a omissão estatal.
Vai ser interessante seguir os acontecimentos, agora que quase todos os amadores e parvenus estão afastados da cena.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Se o "Rogério Casanova" escreve em revistas e jornais, dir-me-ão quais? E se não escreve (por exemplo, nesta) dir-me-ão porquê?
Desde há uns anos que, vítima dos piores sentimentos, sorrio disfarçadamente quando vejo os meus amigos condenados à gesticulação ridícula que o presbitismo impõe.
Quando me pensei condenado a igual sorte, fui ao médico, num pânico e no maior sigilo, mas a minha súbita dificuldade em ler letra miúda era apenas o agravamento de um até aí desconhecido astigmatismo. Ontem, porém, mesmo com óculos, li com dificuldade o rótulo minúsculo de uma bolachas dietéticas, verdadeiro cilício gastronómico, que agora, com desgosto, compro. Tudo verificado hoje à lupa (sic...) as 12 calorias por bolacha revelaram-se 31 o que fez com que, restropectivamente, a noite de ontem, acabada pacatamente com a leitura da Nature de Ralph Waldo Emerson, tivesse sido, afinal, e com meu completo desconhecimento, uma noite de bolachas e dissipação que não aproveitei.

quarta-feira, outubro 24, 2007

O Ministro das Finanças diz que o endividamento dos portugueses atingiu o limite e que deve parar. O Ministro nada pode fazer, porém: é um assunto entre quem pede e quem empresta. Mas, já que 85% do endividamento vem de empréstimos bancários para compra de casa, poderia, talvez, começar a pensar em criar as condições para a existência de um verdadeiro mercado de arrendamento em Portugal.
O caminho passa pela derrogação das centenas ou milhares de normas feitas à custa da liberdade contratual dos proprietários das casas.
Céline comia nouilles dias a fio porque, sem cheiro, podiam ser feitas sem que as rendas que sua mãe fazia - ou usava nos vestidos que fazia - absorvessem os odores de cozinhados
A preocupação é tocante e Céline conta isso num tom situado entre o orgulho e a náusea.
A propósito de já não sei encontrei referências a pessoas que estavam na moda quando vivia em Lisboa. Têm hoje, passado já tanto tempo, uma idade respeitável, mas nessa altura, eram mais novas do que eu sou agora...

terça-feira, outubro 23, 2007

A pretexto de pôr as duas tomadas eléctricas, duas simples tomadas de parede, está ali há uma hora a e coisa está longe, muito longe de estar acabada. A obra mete calhas e, para elas, creio que dezenas de buracos na parede, tudo feito com uma minúcia tão vagarosa quanto supérflua. Se não ficasse tudo tapado - mas ele não sabia que era para ficar tudo tapado - teria sido a catástrofe.
Catástrofe que se anunciava, desde logo, pela abundância de ferramentas e material, uma desmesura rocaille que, ao invés de me sossegar sobre a eficiência do serviço, me deu um primeiro lampejo de mau agoiro sobre a imensa conta que me vão apresentar. Ah sim, porque a conta vai ser imensa, disparatada, asiática: a modernidade e a europa tornaram-se em portuguesíssimos pretextos para ganhar a não merecida brioche de cada dia; agora que o juro secou o crédito e, com ele, a geral indiferença pelo dinheiro, a bulimia extorsora voltou-se para a clientela mais antiga, durante decénios condenada a um snob ostracismo.
Foi de ontem para hoje, num ápice ansioso, quando dantes demoraria semanas.

Entretanto, depois de hora e meia para o assunto das tomadas, e já noutra tarefa eléctrica, o desgraçado (é empregado de um dos nababos locais da electricidade a quem eu suspeito vidas duplas de yatchs em Portofino e longas estadas no Connaught) tendo-se apercebido que incorrera no desagrado do cliente - mal ele sabe que eu já resolvi (e me conformei) com o ser roubado de uma vez só - a cada pequeno passo pede à empregada que vá lá chamar o sr. dr. - que se encontra refugiado no gabinete a escrever posts com um ar de quem redige um parecer grave.
Chegado ao local da ocorrência, de ar grave e levemente agastado - o cliente exigente finge meditar e e depois aprova, seguindo a política do mal menor.

segunda-feira, outubro 22, 2007

A mais pequena contrariedade serve, sobretudo, para desmoronarem sobre o próximo o que lhes vai pela alma: sentem-se no direito de gozarem de imediato os benefícios da modalidade rústica, tagarela e lamentosa, que lhes cabe dos 15 minutos de fama.
Ao contrário, as educações sem concessão à pieguice produzem exemplos de contenção e a conversa, edificada na elipse, sem botaréus, atinge, entre a ironia e a vertigem, as alturas da mais terna e impossível comoção.
Sei que é assim. Por isso, quando telefonei, não esperava senão o tom tranquilo e acolhedor da anfitriã experiente que aproveita a pausa no croquet para trocar duas palavras amáveis com um recém-chegado ao jardim. Mas, não me lembrava já da absoluta ausência de falhas, da perfeição dilettante e implacável.
"Sabe, não esperava estar tão bem disposta", disse-me, atribuindo ao acaso o que é a elegância da impessoalidade pura, aquela que é feita de partículas de vero e bem humorado desinteresse por tudo - ou grande parte - do que nos diz respeito.
Pourvu que ça dure, o subversivo, fatalista mote que adoptou, entre risos, há já tanto tempo.

domingo, outubro 21, 2007

António Barreto, no Público:

«O desastre de Lisboa ficará na história porque aqui se assinou um tratado que consagrou a não democracia como regime europeu e consolidou a burocracia e a Nomenclatura europeias. Ao fazê-lo, confirmou a caminhada futura para uma ilusão senil, irrealizável e não democrática. Ao tentar construir uma impossibilidade, prepararam a destruição do possível. Ao querer uma União federal, eliminam a hipótese de uma verdadeira Comunidade. »
Esta de querer obrigar a Ordem dos Médicos a mudar preceitos deontológicos conforme os apetecimentos do governo é de uma estultícia assustadora. Sendo hoje legal o aborto por mero capricho não tem aquela Ordem, por ser bem outra a missão dos seus membros, de acompanhar os ímpetos apalermados do medíocre Sousa e restante tropa fandanga governante. É preciso ter a noção dos limites dos poderes governamentais e legisferantes em geral, seja o governo (ou parlamento) de uma democracia murcha e amarelada como a daqui ou de uma democracia avançada de um país do 1º mundo, ou ainda de uma ditadura. Para se aquilatar da extensão do problema lembremos as particulares nazis ou comunistas no campo da medicina que foram traduzidas em leis...

Bem melhor seria que o governo concentrasse o seu autoritarismo na diminuição das listas de espera - que chegam a atingir 5 anos e são 10 vezes superiores às de Espanha (um escândalo sem nome, uma crueldade indescritível para os desgraçados que não podem atalhar caminhos para conseguirem o remédio para os seus males).

Mas não... E é evidente porquê: os problemas reais não se resolvem a golpes de atoleimados decretos. Exigem talento, destreza, coragem, tudo o que, com enorme abundância falta a esta gente.

sexta-feira, outubro 19, 2007

«"Porreiro pá!", disse José Sócrates a Durão Barroso, no final da confererência de imprensa em que os dois dirigentes anunciaram e comentaram o acordo sobre o novo Tratado europeu alcançado hoje na Cimeira europeia.» (Agência Lusa)

É pá, isso de ser porreiro ou não, a malta depois vê. Pra já, pá, o referendo, pá, que foi isso que a gente combinou.
Ontem, adormeci a ler Oliveira Martins. O último parágrafo que li fala da luta entre o país histórico e a modernidade imposta, as mais das vezes, através de ditadura.
Este país da resistência é o mesmo que produziu centenas e centenas de milhares de emigrantes que povoaram o Brasl, que encheram a Europa. Esta gente, que não se resigna, que desde a infância quer sair, quer ir daqui pra fora, que sonha com viagens, que vive de lonjuras detesta que a obriguem a fazer o que não quer, talvez por isso não ser necessário. Do necessário ocupam-se, afinal, eles, sem perguntarem nada a ninguém.
Depois disto, a política, os políticos, eram, são, para as pequenas coisas de torna viagem: para o calcetamento de um caminho ou as festas da terra. Das coisas sérias das suas vidas tratam sem eles, os que os querem modernizar. Esperam, apenas, um módico de decência que, infelizmente, raramente obtêm.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Já não podia com o azul.
Fica este castanho fulvo, a condizer com a estação.
E não tenho sono! Queria ir ver o blog novo, o Gattopardo, e fui ver se a morada constava do antigo, o estado civil. Encontrei isto e vai aqui com uns itálicos que eu pus: «Conversava sobre literatura alemã com o senhor E. O senhor E., cultíssimo e (mesmo assim) quase nazi, discordava de tudo o que eu ia dizendo» Pensei qual o motivo pelo qual não o imagino a dizer que «conversava sobre literatura alemã com o senhor E. O senhor E., cultíssimo e (mesmo assim) quase comunista, discordava de tudo o que eu ia dizendo.»
Entre a invocação protectora da «aurea mediocritas» que, também, deu em Portugal Salazar, e o viver contentinho e ignorante de Sócrates e colegas, dos muitos colegas dele...

quarta-feira, outubro 17, 2007

Atendendo a que falhou o encontro de Portugal com a Europa e as coisas boas - mas, infelizmente, caras - dela, conviria ver o se pode aproveitar daqui:

Uma casa portuguesa

Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem essa fraqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.
Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
A cortina da janela e o luar,
mais o sol que gosta dela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existéncia singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tijela.
Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa,
com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

Reinado Ferreira
Dois milhões de pobres - e pobres apesar de terem emprego, muitos deles; um milhão de analfabetos, centenas de milhares de...

E tudo isto é clandestino, nunca é deste país que se fala.

terça-feira, outubro 16, 2007

Tem motivado o maior interesse e curiosidade a questão da autoria da oração que se reproduziu neste blog e que foi primeiro atribuída a Santo Thomas More.
O autor deste blog tem sido abordado seja na rua, seja em casa, seja já em blogs por pessoas de todas as idades e posições sociais ou com pertinentes teses sobre quem foi Thomas H B Webb ou com interessantes sugestões de linhas de pesquisa para as pequenas e discretas investigações feitas.
Hoje mesmo, tentando dar resposta a uma pergunta feita por e-mail, prossegui o meu desprensioso inquérito e estive, durante duas horas, no convencimento de ser o autor um mau clérigo inglês do Séc. XVIII. O pedido de uma boa digestão parecia indicar um glutão. No entanto, no restante poema parecia-me haver um self-restraint oriundo de uma sentimentalidade mais recente e um toque de melancolia post-romântica, estranhos a um abade bon-vivant de há duzentos anos atrás.
Prossegui, por isso, as buscas e encontrei. Encontrei a página onde, como se dizia em tempos mais felizes, está tudo.
Assim, posso dizer que o autor da oração foi Thomas Henry Basil Webb, que nasceu em 12 de Agosto de 1898 e foi morto em 1 de Dezembro de 1917, no Somme, em França
Fonte (um trabalho muito meritório de pesquisa): aqui.
Agradeço ao Autor desconhecido.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Joseph Beuys, Intuition, 1968
Estava à procura de uma coisa do Beuys para pôr aqui no blog e lembrei-me das revistas sobre arte e de ir ver se a «Art forum» tinha site. Claro que tem. Há uns 20 anos - engulo em seco quando faço contas destas - assinei ou comprava regularmente a «Art Forum». E a «Art in America», lembro-me agora. Não sei a que se devia tanto empenho de estar a par do que se fazia nas artes, talvez fosse apenas o medo provinciano de estar ou vir a estar outdated. Ontem, fiz umas compras na Amazon e vi que na wish list - onde ponho os para a próxima vez - tinha «Arguing About Art: Contemporary Philosophical Debates». Não comprei ainda desta vez: estou de dieta e janto pouco fora.

domingo, outubro 14, 2007

O défit nos 3%, conseguido à custa do fundo dos nossos bolsos, não deve fazer esquecer o essencial, como lembra o Doutor Vasco Pulido Valente hoje no Público: o Pinto de Sousa e governo actual falharam e é altura de lhes começar a pedir contas.
Este blog é um pouco palrador, por vezes. Contém, apesar disso, silêncios. Uns são omissões ditadas pela futilidade ou pelo desinteresse, mas há, também, passe a falta de modéstia, puros silêncios de contenção, de puro reconhecimento de ignorância. E outros ainda, virginais e inconscientes, oriundos de uma ignorância completíssima, já invulgar.

sábado, outubro 13, 2007

O blog Mais actual linkou o Impensavel e o Blogues em papel do Público transcreve, na edição de ontem, um post deste blog.

Agradece-se, a ambos, muito gratamente.
Charlotte gostou da oração e, por isso, parti em busca da fonte. Encontrei-a o meu livro de criança, que procurei com afinco e consegui encontrá-la na web, em inglês, atribuída a Thomas H. B. Webb.
Colo aqui a versão completa, em inglês:

Give me a good digestion, Lord, and also something to digest;
Give me a healthy body, Lord, and sense to keep it at its best.
Give me a healthy mind, good Lord, to keep the good and pure in sight;
Which, seeing, sin, is not appalled, but finds a way to set it right.
Give me a mind that is not bound, that does not whimper, whine or sigh.
Don't let me worry overmuch about the fussy thing called "I."Give me a sense of humor, Lord; give me the grace to see a joke,
To get some happiness from life and pass it on to other folk.

De um ou de outro Thomas, é uma belíssima oração e ao longo da minha vida tenho-me lembrado dela. Se é de Webb, que seja dito que dele é. O bom sense of humour de Santo Tomas More é por demais conhecido, não precisa que lhe atribuamos o que a outrém pertence.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Sobre os insultos ao Pinto de Sousa, actual primeiro-ministro, escreve o Doutor Vasco Pulido Valente no Público de hoje:

«Tudo isto obedece obviamente a um plano para suprimir, ou reduzir, a liberdade de expressão e de manifestação, com que o primeiro-ministro nunca se habituou a viver. O dr. Cavaco e o Parlamento tomam uma grave responsabilidade se não puserem expeditivamente fim a esta tentativa de transformar o regime num autoritarismo hipócrita.»

quinta-feira, outubro 11, 2007

Já se pode falar - com bastante precisão - da ditadura venezuelana e do seu ditador, Chavez:
«O Governo venezuelano impediu que fosse realizado o concerto do cantor espanhol Alejandro Sanz por este ter criticado o presidente Hugo Chavez há três anos.»
O argumento:
«Se um artista vem à Venezuela para criticar Chavez, como pensam que as pessoas iriam reagir se o Governo o autorizasse a usar um estádio que pertence ao Estado?», ministro da Educação dixit.
Por isto? - perguntarão.
Sim, por isto. Fácil, não é?
Estava eu a dizer - coloquialidades: estou dado a - que com a idade intelectualiza-se menos; as coisas, tudo é mais visceral. Não intelectualmente visceral como já não sei quando esteve na moda que fosse, mas viscerais, viscerais, das entranhas, com mucosas, veias, irregularidades, repetições e velhice.
Resta-me saber se é bom ou mau que um antiácido me corrija a um tempo o estômago e o pessimismo.
Que tarde! Mas que tarde fabulosa!
Da Casa Pia, de que não sabia nada, vou sabendo tudo: houve uma pessoa que, durante anos lutou e se não conformou com o que lá se passava: foi Meste Américo. Por isso, teve, antes, um processo disciplinar e, depois, uma acusação de participação em orgias e abuso de menores.
O habitual que acontece a quem se mexe, a quem incomoda verdadeiramente.
O resto, os outros funcionários... se sabiam, onde estão as participações que não podiam ter deixado de fazer? Esta Catalina Pestana, pessoa muito cheia de si e ciente do que serão, para ela, as suas extraordinárias capacidades, quantas vezes pegou no telefone para denunciar à polícia o horror que se passava? Agora, veio dizer que não tem «dúvida nenhuma de que existem abusadores internos na Casa Pia». Se não tem dúvida nenhuma, sabe, necessáriamente, quem são.... E se sabe quem são, deveria demiti-los de imediato. Se não o fez, é criminosamente incompetente.
Enfim... as palermices costumeiras de gente tola e vaidosa.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Andam para aí aos insultos a ofender o Sr. Primeiro-Ministro, que é tão boa pessoa e só quer o nosso bem e depois admiram-se que as causas dos santos portugueses sofram contrariedades e que a canonização tarde.
Não ofendam mais ao Sr. Primeiro-Ministro!
Tenho cá em casa, mas encontrei na net. É a oração em que São Thomas More pede a Deus lhe dê, também, sentido de humor. Creio que não está completa, mas o que está já é muito suficiente.
Tenciono usá-la fervorosamente.

«Dá-me um espírito jovial, que tenha sensibilidade para o bem e para os outros e que não se espante diante do pecado, mas encontre sempre um meio de tudo harmonizar.
Dá-me um coração livre de todo o aborrecimento, que ignore o murmúrio, o desabafo e as lamúrias.
Dá-me sentido de humor, Senhor.
Dá-me a graça de perceber uma zombaria, para que eu tenha um pouco de alegria na vida e possa transmiti-la aos outros.»

terça-feira, outubro 09, 2007

A administração da RTP fez o quê????
É a minha recente mania wireless - compro qualquer gadget - que me tem impedido de me tornar num entusiasta do desânimo. As alegrias dos sem fios são, todavia, tão etéreas - a falta de gosto deste trocadilho! - que, depois de alguns device no lixo, esmorecerei, de novo (não com demasiado desgosto - surtout pas trop de zèle).

Entretanto, no sensor 1, perto da sebe, a temperatura é de 15,8º enquanto no sensor 2 a temperatura é de 16, 3º. Que estranho! São 4 metros entre os dois, ambos os locais igualmente protegidos.

Irei investigar.

segunda-feira, outubro 08, 2007

O artigo é este. É recomendado por A causa foi modificada, que, creio, se intula de direita ou não esquerda, ou seja lá o que for.
Convido a uma leitura e análise (ou, como se dizia há uns tempos, à «desconstrução»). Serão publicados as falácias e pequenas desonestidades semeadas no artiguinho que forem descobertas pelos nossos leitores. Sei que é fácil, mas é o que há.

domingo, outubro 07, 2007

Árvores do Paseo del Prado

Há um ano, em Madrid, a Baronesa Thyssen - a do museu, sim, e a dona desta colecção - encabeçava a luta contra um projecto de Siza Vieira que implicava o corte de perto de 700 árvores do Paseo del Prado.
Nos jornais, a celeuma era grande. Lembro-me de ter lido uma entrevista com o decano dos arquitectos espanhóis em que este, embora muito educadamente, também discordava de tal corte. A luta continua ainda; a Baronesa, Dona Carmen, é uma formidável adversária, e espero que as árvores se mantenham.
O que sobressaía, em todo este assunto, era a reacção de Siza Vieira: pouco ou nada habituado a encontrar resistência, reagia com sobranceria, fruto do cruzamento do culto do mito romântico do artista criador com o autoritarismo português, que sempre gostou de se estribar no progresso e no moderno para cilindrar as tímidas oposições, aqui onde a opinião pública é um mero e passageiro incómodo. Em Madrid, porém, as coisas são diferentes, e mesmo que o alcaide socialista madrileno tenha acolhido as totalitárias soluções arquitectónicas de Siza, o projecto pode ficar no tinteiro do arquitecto-industria-pesada português. Espera-se que sim, para bem do tão bonito Paseo del Prado, onde é agradável passear para recuperar das emoções da vista de alguma da melhor pintura do mundo.

A sanha do arquitecto contra as árvores prossegue, entretanto e as próximas vítimas estão aqui.
Esperemos que estes arboricídios (termo de Churchill) parem.

sábado, outubro 06, 2007

A suavidade deste dia, a suavidade deste dia! Que perfeito dia de Outono!

Deixado o o meu agradecimento ao Irmão Outono - anteontem, 4, foi dia de S. Francisco de Assis - fale-se do nosso médico Dr. Menezes.
O Doutor Vasco Pulido Valente explica os perigos do populismo e, sim, com certeza que tem razão. Acontece, porém, que o perigo de uma ditadura está, por enquanto, afastado e o actual poder, o actual governo, tem como principal ocupação a publicidade, usando do pior populismo; e, incapaz de nos pôr a par com o resto da Europa, inábil, medíocre, limita-se a meter-nos a mão no nosso bolso em termos que se aproximam do insuportável.
O Dr. Menezes é perigoso? Talvez. Mas o Pinto de Sousa não o é menos. Para o nosso bolso e para a democracia.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Depois de discorrer sobre alguns motivos internos para a espantosa vitória de Menezes, escreve hoje o surpreendido Doutor Pulido Valente na sua crónica no Público sob o título «Menezes, por exemplo»

"Mas não será possível que a explicação para a vitória de Menezes esteja fora e não dentro do PSD? Comecemos pelo mais simples. É hoje óbvio que Sócrates falhou. O equilíbrio financeiro foi feito à custa do aumento da receita, que começa a pesar insuportavelmente sobre os portugueses de qualquer idade e rendimento, e não pela prometida, anunciada e glorificada reforma do Estado, que ninguém viu ou verá. A economia não cresce. O desemprego aumenta. E não se vê saída para este buraco a que nos levaram. Quem votou em Menezes não votou, no fundo, contra Sócrates? Não votou na mudança? Numa maneira, talvez não muito boa e até suicida, de agitar as coisas? Não votou por desespero?A pergunta não é frívola, porque, se de facto o PSD não escolheu Menezes pelo duvidoso mérito de Menezes, mas por execração a Sócrates, disso decorre que Menezes provavelmente ganhará em 2009."
(bolds meus).

Eu, francamente, o que me preocupa é que este óbvio não seja tão óbvio quanto devia ser. Mas, enfim, antes, por exemplo, o Dr. Menezes que Sócrates, "o Engenheiro". Por exemplo.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Simplificando: é mais ou menos isto, este esqueleto exquis, que se pode preencher com algumas vísceras e carnadura, ao invés do exquis cadáver exangue dos assisados que pululam por aí. Nada me irrita mais do que essa loucura mansa que imita o bom-senso e a gravitas. Aceitar que um governo com péssimos resultados económicos, num país em crise e à deriva, com um primeiro-ministro medíocre, não possa ser derrotado já nas próximas eleições é o mais assustador exemplo de fatalismo a que tenho assistido nos últimos tempos: talvez por isso, quando oiço ou leio o plangente Pacheco - agora dado a infantilidades próprias de criança de bibe no seu blog - oiço acordes tristes de guitarra.
E tudo isto existe e tudo isto é triste...

terça-feira, outubro 02, 2007

Tarde gasta em futilidades.
Encontrei o 3º volume da Paideia, a escassos centímetros do local onde tantas vezes me sentei para lamentar a sua perda, que dava por certa. Pequenas comemorações.