quarta-feira, setembro 26, 2007

A minha leitura antes de adormecer tem sido, nestes últimos dias, «Uma Casa em Portugal» de Richard Hewitt. É um livro amável e risonho, mas deixa-me sempre irritado. Não com o livro em si, mas com esta moda nova de levarmos o país a sério, pior, de acharmos que somos um país civilizado ou moderno e não o país muito atrasado que somos - e que se claramente se vê, a olho nu - como o viu, embora não o diga, o autor do livrinho - se não sofrermos da conjuntivite optimista provocada pelo pó de betão.
Os mais sofisticados e requintados olhares sobre Portugal não são - nem nunca foram - os do contentamento, mas os da angústia, desgosto, desespero ou mera pena pelo atraso em si do país e pelo medo das alucinadas tentativas de o superar: desde as reflexões ecianas sobre a recepção acrítica do futuro - e do utilitarismo oitecentista - enquanto avatar sebastianista, até ao hiper senso comum de Pulido Valente,como meio de análise e método de diagnóstico do delírio circunspecto (aqui tão cultivado, país de generalidades importadas).

Bom tempo, já outonal, ar tépido e dourado, etc.

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