domingo, setembro 30, 2007
sábado, setembro 29, 2007
Estive a ler e a tratar de umas papeladas e quando vim fechar o computador vi a notícia da eleição do Dr. Menezes. Sorri da alucinação e olhei de novo, de olhos esbugalhados, a conferir. Mas era verdade, lá estava! Inesperado. Fui ver ao Abrupto: sim, de facto.
Resolvi que tiraria o maior partido possível da questão e mudei para a pele do espectador enfastiado que, afinal, acha, se irá divertir com a representaçao do entremez e se acomoda à cadeira para ver.
Devo confessar que pouco sei do Dr. Menezes. Sei que é um daqueles autarcas do norte. Vi-o agora, em campanha, numas gritarias desgradáveis que me provocaram má impressão (em compensação, sei que foi ou é médico, o que, nos tempos que correm e depois das histórias do Pinto de Sousa convirão que é já saber muito).
Mas que queriam? Usando uma corruptela muito do gosto da minha empregada, a coisa - que é a oposição ao governo - não «sordia» (ela quer dizer surdia, de surdir, que significa render) nem desenvolvia - mesma fonte - como deveria.
Mais tarde:
Entretanto, fui informar-me sobre o nosso facultativo e da nova situação por esses blogs fora. Fiquei com a impressão que o Major Valentim poderá estar mais próximo de ser ministro do que eu pudera alguma vez supôr e isso, meus caros, é uma forte impressão a estas horas da noite.
Resolvi que tiraria o maior partido possível da questão e mudei para a pele do espectador enfastiado que, afinal, acha, se irá divertir com a representaçao do entremez e se acomoda à cadeira para ver.
Devo confessar que pouco sei do Dr. Menezes. Sei que é um daqueles autarcas do norte. Vi-o agora, em campanha, numas gritarias desgradáveis que me provocaram má impressão (em compensação, sei que foi ou é médico, o que, nos tempos que correm e depois das histórias do Pinto de Sousa convirão que é já saber muito).
Mas que queriam? Usando uma corruptela muito do gosto da minha empregada, a coisa - que é a oposição ao governo - não «sordia» (ela quer dizer surdia, de surdir, que significa render) nem desenvolvia - mesma fonte - como deveria.
Mais tarde:
Entretanto, fui informar-me sobre o nosso facultativo e da nova situação por esses blogs fora. Fiquei com a impressão que o Major Valentim poderá estar mais próximo de ser ministro do que eu pudera alguma vez supôr e isso, meus caros, é uma forte impressão a estas horas da noite.
sexta-feira, setembro 28, 2007
E já que percebemos todos, graças ao Dr. Pedro Santana Lopes, o estado de abjecção a que chegámos - os critérios editoriais praticados na Sic são apenas um sintoma - que tal começar a agir em conformidade?
Eu deixei de ver a Sic. Desagrada-me que me tratem malcriada e aviltantemente, que foi o que fizeram ao suporem que estaria mais interessado em ver um treinador de futebol chegar ao aeroporto do que me ouvir o Dr. Santana Lopes falar sobre a crise no maior partido da oposição.
Se todos falarmos esta linguagem, a do boicote - ia dizer, a da resistência - ou outra legal que igualmente os possa ferir no bolso, a coisa melhora.
Eu deixei de ver a Sic. Desagrada-me que me tratem malcriada e aviltantemente, que foi o que fizeram ao suporem que estaria mais interessado em ver um treinador de futebol chegar ao aeroporto do que me ouvir o Dr. Santana Lopes falar sobre a crise no maior partido da oposição.
Se todos falarmos esta linguagem, a do boicote - ia dizer, a da resistência - ou outra legal que igualmente os possa ferir no bolso, a coisa melhora.
quinta-feira, setembro 27, 2007
Pedro Santana Lopes (parabéns!) foi demasiadamente bem educado, deveria ter-se levantado e saído, sem mais explicações.
Acho, também, que o país está louco. Mas de uma loucura de subúrbio, boçal e medíocre, sem grandeza nem graça. O discurso e trejeitos da jornalista, a que não faltava o seu côté ofendido, a invocação dos critérios editoriais, tudo dá uma medida do grau de plebeidade atingido.
O inacreditável comunicado da SIC sobre o assunto trata o ex-primeiro-ministro como, informalmente, eu o trato aqui, por Pedro Santana Lopes. Mas o que é admissível e natural num blog não o é num comunicado de uma estação de televisão referindo-se a um caso com grande repercussão, passado com um antigo primeiro-ministro. Creio que em nenhum outro país europeu se desceu tão baixo nos modos de tratamento. É que isto não é informalidade moderna, é a generalização do pior e mais grosseiro igualitarismo, sinal certo de uma sociedade empobrecida e bloqueada.
Acho, também, que o país está louco. Mas de uma loucura de subúrbio, boçal e medíocre, sem grandeza nem graça. O discurso e trejeitos da jornalista, a que não faltava o seu côté ofendido, a invocação dos critérios editoriais, tudo dá uma medida do grau de plebeidade atingido.
O inacreditável comunicado da SIC sobre o assunto trata o ex-primeiro-ministro como, informalmente, eu o trato aqui, por Pedro Santana Lopes. Mas o que é admissível e natural num blog não o é num comunicado de uma estação de televisão referindo-se a um caso com grande repercussão, passado com um antigo primeiro-ministro. Creio que em nenhum outro país europeu se desceu tão baixo nos modos de tratamento. É que isto não é informalidade moderna, é a generalização do pior e mais grosseiro igualitarismo, sinal certo de uma sociedade empobrecida e bloqueada.
Lua cheia, ar tépido (uns fios de frio), deixo-me estar, entre um ensaio de Berlin, um gin espantoso (espantoso não é o gin em si, que é o habitual: espantoso é ter-me dado ao trabalho de ir arranjar um gin tonic por ter encontrado, fruto do acaso, do mais honesto acaso, uma tónica quando procurava uma água das pedras) e o "Summer Place: Love Theme" que durante anos se ouvia na praia (primórdios da música ambiente) quando era pequeno, de que me lembrei sempre e só há pouco tempo soube como se chamava, o que era. Um arzinho de nostalgia na noite de província e, por causa do Love Theme, lembrança de, nessas épocas remotas................... fui buscar um gelo e perdi o fio à meada (hei-de ter um frigorífico com máquina de gelo, assim que perder o amor a 6,5 cm de bancada de mármore).
quarta-feira, setembro 26, 2007
A minha leitura antes de adormecer tem sido, nestes últimos dias, «Uma Casa em Portugal» de Richard Hewitt. É um livro amável e risonho, mas deixa-me sempre irritado. Não com o livro em si, mas com esta moda nova de levarmos o país a sério, pior, de acharmos que somos um país civilizado ou moderno e não o país muito atrasado que somos - e que se claramente se vê, a olho nu - como o viu, embora não o diga, o autor do livrinho - se não sofrermos da conjuntivite optimista provocada pelo pó de betão.
Os mais sofisticados e requintados olhares sobre Portugal não são - nem nunca foram - os do contentamento, mas os da angústia, desgosto, desespero ou mera pena pelo atraso em si do país e pelo medo das alucinadas tentativas de o superar: desde as reflexões ecianas sobre a recepção acrítica do futuro - e do utilitarismo oitecentista - enquanto avatar sebastianista, até ao hiper senso comum de Pulido Valente,como meio de análise e método de diagnóstico do delírio circunspecto (aqui tão cultivado, país de generalidades importadas).
Bom tempo, já outonal, ar tépido e dourado, etc.
Os mais sofisticados e requintados olhares sobre Portugal não são - nem nunca foram - os do contentamento, mas os da angústia, desgosto, desespero ou mera pena pelo atraso em si do país e pelo medo das alucinadas tentativas de o superar: desde as reflexões ecianas sobre a recepção acrítica do futuro - e do utilitarismo oitecentista - enquanto avatar sebastianista, até ao hiper senso comum de Pulido Valente,como meio de análise e método de diagnóstico do delírio circunspecto (aqui tão cultivado, país de generalidades importadas).
Bom tempo, já outonal, ar tépido e dourado, etc.
terça-feira, setembro 25, 2007
In The Quiet Land
In the Quiet Land, no one can tell
if there's someone who's listening
for secrets they can sell.
The informers are paid in the blood of the land
and no one dares speak what the tyrants won't stand.
In the quiet land of Burma,
In the quiet land of Burma,
no one laughs and no one thinks out loud.
In the quiet land of Burma,
you can hear it in the silence of the crowd
In the Quiet Land, no one can say
In the Quiet Land, no one can say
when the soldiers are comingto carry them away.
The Chinese want a road; the French want the oil;
the Thais take the timber; and SLORC takes the spoils...
In the Quiet Land....
In the Quiet Land....
In the Quiet Land, no one can hear
what is silenced by murder
and covered up with fear.
But, despite what is forced, freedom's a sound
that liars can't fake and no shouting can drown.
Daw Aung San Suu Kyi
segunda-feira, setembro 24, 2007
Paula Rego em Madrid (80 telas, que não havia sítio em Portugal, diz ela, e eu concordo: nem sítio, nem disposição).
Viagem agradável em perspectiva.
Viagem agradável em perspectiva.
Agradeço ao Bomba Inteligente e ao AnarcoConservador os parabéns pelos meus quatro anos de bloguices. Sim, gosto de Munch, bastante. Leia-se, sobre O Grito:
«I was out walking with two friends - the sun began to set - suddenly the sky turned blood red - I paused, feeling exhausted, and leaned on the fence - there was blood and tongues of fire above the blue-black fjord and the city - my friends walked on, and I stood there trembling with anxiety - and I sensed an endless scream passing through nature.»
«I was out walking with two friends - the sun began to set - suddenly the sky turned blood red - I paused, feeling exhausted, and leaned on the fence - there was blood and tongues of fire above the blue-black fjord and the city - my friends walked on, and I stood there trembling with anxiety - and I sensed an endless scream passing through nature.»
sábado, setembro 22, 2007
Comecei este blog Impensável faz hoje 4 anos. Continuo a gostar de escrever os posts. Algumas indignações (o desprezo pelas pessoas e os atropelos à liberdade que se dissimulam na nossa legislação penal, por exemplo), indignações conservadoras e libertárias; no resto, o tom menor, quotidiano, doméstico.
Amanhã, primeiro dia de Outono.
Amanhã, primeiro dia de Outono.
sexta-feira, setembro 21, 2007
Ah, uma Magistrada! Convido à leitura da entrevista da Exma. Senhora Juiza Dra. D. Amália Morgado, extremamente esclarecedora do que é a prática judicial portuguesa, o dia-a-dia dos nossos tribunais.
Transcrevo, em baixo, parte da entrevista - de que soube via Blasfémias.
Convirá perceber que o comportamento desta Juiza é o que resulta, muito limpidamente, da letra da Lei.
«Ainda me lembro da grande polémica que levantei porque me apareceu um processo para eu validar uma transcrição de escutas telefónicas. Eu perguntei onde estão as cassetes para eu ouvir e responderam-me "as cassetes? Estão na Polícia Judiciária, nunca vêm ao tribunal!" Mas como é que valido uma transcrição de escutas, sem ouvir a gravação? Isto foi, na altura, perturbador e levantou grande polémica. Contudo, eu, ao não aceitar essa prática, era severamente criticada e eu sofria grandes pressões.
Já me esquecia: estas declarações - que são uma denúncia de práticas institucionalizas à margem e contra a letra expressa da Lei - constituiriam, em qualquer país avançado - uma monarquia nórdica, por exemplo - motivo para um imenso escândalo, com discussão no Parlamente, pedidos de inquéritos e a sua realização, meditações públicas sobre a questão - que é a do funcionamento substancial da nossa democracia - etc etc.
Porque o mundo é coerente, aqui, seguramente, não haverá nada disso.
Transcrevo, em baixo, parte da entrevista - de que soube via Blasfémias.
Convirá perceber que o comportamento desta Juiza é o que resulta, muito limpidamente, da letra da Lei.
«Ainda me lembro da grande polémica que levantei porque me apareceu um processo para eu validar uma transcrição de escutas telefónicas. Eu perguntei onde estão as cassetes para eu ouvir e responderam-me "as cassetes? Estão na Polícia Judiciária, nunca vêm ao tribunal!" Mas como é que valido uma transcrição de escutas, sem ouvir a gravação? Isto foi, na altura, perturbador e levantou grande polémica. Contudo, eu, ao não aceitar essa prática, era severamente criticada e eu sofria grandes pressões.
Já me esquecia: estas declarações - que são uma denúncia de práticas institucionalizas à margem e contra a letra expressa da Lei - constituiriam, em qualquer país avançado - uma monarquia nórdica, por exemplo - motivo para um imenso escândalo, com discussão no Parlamente, pedidos de inquéritos e a sua realização, meditações públicas sobre a questão - que é a do funcionamento substancial da nossa democracia - etc etc.
Porque o mundo é coerente, aqui, seguramente, não haverá nada disso.
quinta-feira, setembro 20, 2007
O Senhor Doutor Vasco Pulido Valente é acusado de dizer boutades sobre Aquilino e apodado de direitista pelo Dr. Pedro Mexia. Elucidativo.
Para mim, a boutade, salvo o devido respeito, é o dito do Dr. Mexia.
O que o muito ilustre historiador disse sobre Aquilino é que este era um escritor medíocre. Pode ser uma posição dura, num país onde se vive da falta de arestas - e já com alguma aisance, nos tempos que correm - mas é uma posição entendível e seriamente sustentável e muito a ser meditada, principalmente quando quem a defende é alguém com a estatura intelectual do Doutor Vasco Pulido Valente.
P.S. Ah, o Doutor Pulido Valente não elogiou Clara Pinto Correia. O que fez foi elogiar, creio que a contragosto e confessando a sua imensa surpresa - se ainda me lembro - um livro de CPC, o Adeus Princesa. Um livro que o Doutor Pulido Valente considera um dos melhores romances escritos nos últimos tempos em Portugal.
Para mim, a boutade, salvo o devido respeito, é o dito do Dr. Mexia.
O que o muito ilustre historiador disse sobre Aquilino é que este era um escritor medíocre. Pode ser uma posição dura, num país onde se vive da falta de arestas - e já com alguma aisance, nos tempos que correm - mas é uma posição entendível e seriamente sustentável e muito a ser meditada, principalmente quando quem a defende é alguém com a estatura intelectual do Doutor Vasco Pulido Valente.
P.S. Ah, o Doutor Pulido Valente não elogiou Clara Pinto Correia. O que fez foi elogiar, creio que a contragosto e confessando a sua imensa surpresa - se ainda me lembro - um livro de CPC, o Adeus Princesa. Um livro que o Doutor Pulido Valente considera um dos melhores romances escritos nos últimos tempos em Portugal.
Madeleine: procurador diz que não foram pedidos mais interrogatórios aos arguidos
O procurador-geral distrital de Évora confirmou hoje que não foram determinados novos interrogatórios aos arguidos do caso do desaparecimento de Madeleine McCann, por não terem sido apurados elementos de prova que os justifiquem.
Isto vem no Público, que é um dos bons jornais portugueses. Não devia vir: não faz sentido. Não pode ser pedido um novo interrogatório aos arguidos pelo simples motivo de que os arguidos apenas podem ser interrogados se quiserem (sic).
(Aliás, que o arguidos ou reús ou acusados sejam interrogados é a excepção, não a regra, em qualquer país civilizado... )
Se, em Portugal, são frequentes os interrogatórios de arguidos isto deve-se, muito simplesmente, ao medo do detido, arguido, inocente ou culpado, ficar preso preventivamente, a menos que fale, que «esclareça as dúvidas»...
Isto, na altura em que estou a ler as alterações ao código de processo penal. Impressionante o modo como se estipulam «novos interrogatórios», «continuações de interrogatórios», etc. Que desorganização e ineficácia, que atraso, que enorme distância dos países do 1º mundo adivinhará - bem - o historiador futuro nestas inovações...
Ah! Foi estipulado um prazo para a duração dos interrogatórios do arguido - os tais que deviam ser excepções e são aqui a regra. Com estas modificações o código português fica ainda bastante atrás, em humanidade, do código de processo da Venezuela - promulgado antes de Chavez, (claro, que antes de Chavez): aí se proíbem os interrogatórios depois das 19 horas, aqui em Portugal ainda permitidos.
É neste ponto que estamos...
(que cansativo isto tudo, este país!)
O procurador-geral distrital de Évora confirmou hoje que não foram determinados novos interrogatórios aos arguidos do caso do desaparecimento de Madeleine McCann, por não terem sido apurados elementos de prova que os justifiquem.
Isto vem no Público, que é um dos bons jornais portugueses. Não devia vir: não faz sentido. Não pode ser pedido um novo interrogatório aos arguidos pelo simples motivo de que os arguidos apenas podem ser interrogados se quiserem (sic).
(Aliás, que o arguidos ou reús ou acusados sejam interrogados é a excepção, não a regra, em qualquer país civilizado... )
Se, em Portugal, são frequentes os interrogatórios de arguidos isto deve-se, muito simplesmente, ao medo do detido, arguido, inocente ou culpado, ficar preso preventivamente, a menos que fale, que «esclareça as dúvidas»...
Isto, na altura em que estou a ler as alterações ao código de processo penal. Impressionante o modo como se estipulam «novos interrogatórios», «continuações de interrogatórios», etc. Que desorganização e ineficácia, que atraso, que enorme distância dos países do 1º mundo adivinhará - bem - o historiador futuro nestas inovações...
Ah! Foi estipulado um prazo para a duração dos interrogatórios do arguido - os tais que deviam ser excepções e são aqui a regra. Com estas modificações o código português fica ainda bastante atrás, em humanidade, do código de processo da Venezuela - promulgado antes de Chavez, (claro, que antes de Chavez): aí se proíbem os interrogatórios depois das 19 horas, aqui em Portugal ainda permitidos.
É neste ponto que estamos...
(que cansativo isto tudo, este país!)
quarta-feira, setembro 19, 2007
terça-feira, setembro 18, 2007
«She wasn't taking money out, she was putting more in.
"They've done a lot for this city, they're part of the city and I think people should show some solidarity,'' said Marshall, 52, a home health-care worker in Newcastle-Upon-Tyne who has her life savings at the bank. "I've been with Northern Rock since I was 17 years old and I've always been very happy with them.'' »
Há quem pense de outro modo:
«"They've been sponsoring footballers to buy fast cars with our money,'' said Heather Irwin, 61, as she waited for the Pilgrim Street branch to open. "Now they are sitting in their big houses while we are standing out in the cold worrying about a few coppers. This is all because of pure greed.''»
Interessante. Julgava este tipo de reacções desaparecido, ou menos mostrável ou dizível. Ou usável. Não é, como deveria ter percebido.
Está aqui.
O Eça detestava Newcastle, foi lá cônsul. Já existia o banco.
"They've done a lot for this city, they're part of the city and I think people should show some solidarity,'' said Marshall, 52, a home health-care worker in Newcastle-Upon-Tyne who has her life savings at the bank. "I've been with Northern Rock since I was 17 years old and I've always been very happy with them.'' »
Há quem pense de outro modo:
«"They've been sponsoring footballers to buy fast cars with our money,'' said Heather Irwin, 61, as she waited for the Pilgrim Street branch to open. "Now they are sitting in their big houses while we are standing out in the cold worrying about a few coppers. This is all because of pure greed.''»
Interessante. Julgava este tipo de reacções desaparecido, ou menos mostrável ou dizível. Ou usável. Não é, como deveria ter percebido.
Está aqui.
O Eça detestava Newcastle, foi lá cônsul. Já existia o banco.
segunda-feira, setembro 17, 2007
De passagem pela Sic Notícias ouvi um presidente ou secretário-geral de uma aberração que se chama associação sindical (!!!) dos juízes tachar o Parlamento de insensatez ou coisa semelhante. Pode ter razão, não poderia era dizê-lo - e muito menos naquele tom - revelando ainda muito maior insensatez.
Mas, enfim, estamos em Portugal, é assim mesmo.
Mas, enfim, estamos em Portugal, é assim mesmo.
domingo, setembro 16, 2007
Grande temporal, com trovoada, vento, chuva e granizo. Pôs-se o céu de um tal breu que, quando a chuva começou a cair, se não via para uma curta distância. Originou-se esta trovoada pelas 3 e 1/4 da tarde e agora, uma hora depois, embora pareça dar sinal de alguma melhoria, ainda chove e troveja. Desdobrou-se em ondas sucessivas de chuva diluviana e grandes relâmpagos que caíram sobre a povoação, com breves momentos de acalmia entre elas. Ignoro se provocou estragos. Mal se restabeleça o fornecimento da electricidade, enviarei estes meus modestos apontamentos.
5 da tarde: clareou já e refrescou o tempo que estava desagradavelmente abafado e opressivo.
Dura ainda a falta de electricidade, o que muito me incomoda, já que faltando esta, falta também a água.
Voltou a energia há 10 minutos.
Nota às 2h da noite de dia 17: verifiquei que a "Arte de ser Pai, Cartas de Eça de Queiroz para seus filhos" de Beatriz Berrini, que estava perto de uma janela que se abriu com o vento, ficou ligeiramente danificada. Quando fui fechar a janela não notei.
5 da tarde: clareou já e refrescou o tempo que estava desagradavelmente abafado e opressivo.
Dura ainda a falta de electricidade, o que muito me incomoda, já que faltando esta, falta também a água.
Voltou a energia há 10 minutos.
Nota às 2h da noite de dia 17: verifiquei que a "Arte de ser Pai, Cartas de Eça de Queiroz para seus filhos" de Beatriz Berrini, que estava perto de uma janela que se abriu com o vento, ficou ligeiramente danificada. Quando fui fechar a janela não notei.
Vai por esses blogs uma grande incompreensão com a passagem por Portugal do Dalai Lama. Ao contrário de Cavaco - que deve pensar a sério que ser presidente de Portugal é um cargo prestigiado e que convém aumentar-lhe o prestígio não desagradando e vergando-se às imposições da China - ao contrário de Cavaco, dizia, o primeiro-ministro Sousa deve saber - ou, se não sabe, terá quem lho diga - que o Dalai Lama é, mesmo que malgré lui, de um chic de truz na mais exclusiva beatiful people internacional - onde não faltam bem-pensantes da gauche a que, talvez, aspire um dia pertencer. Estou, por isso, em crer que, se não o recebeu, foi por outro motivo: a Chanceler alemã terá querido fazer da estada em Portugal do ilustre viajante o equivalente às pausas para refresco e retempero nas visitas de estado de antanho, pausas que antecediam de vários dias - às vezes de várias semanas! - a entrada oficial, saudada já com a pompa devida e sem a perturbação do cansaço e dos pós dos caminhos. Angela Merkel deve considerar que é chegando à Alemanha que Sua Santidade chega oficial e verdadeiramente à Europa e que era a si, apenas a si, que competia dar as boas-vindas a um viajante tão notável. E terá ordenado nesse sentido, mandando dizer ao Sousa que se abstivesse de incomodar o ilustre viajante: o certo é que Sua Santidade agiu em conformidade com esta interpretação, tratando os portugueses com a bondade e a largueza com que majestades e altezas tratavam noutros tempos o povo e criadagem dos parentes que os acolhiam e os serviam à sua chegada: deu-nos uma esmola de quase 70 000 euros.
Espero que não a gastemos já toda em vinhaça.
Espero que não a gastemos já toda em vinhaça.
sábado, setembro 15, 2007
Li agora no Público: uma ambulância com um doente com sintomas de ataque cardíaco foi parada pela brigada de trânsito que resolveu fazer testes de alcoolémia ao condutor, indagar do porquê das luzes de emergência, etc. O doente morreu pouco depois de ter chegado ao hospital.
Os guardas deviam ir hoje mesmo para o olho da rua e, amanhã, sem demora, ser-lhes instaurado um processo crime. Mas, não só não irão, quanto este tipo de afirmações é catalogada de populista, etc., etc. O que aconteceu é, porém, elucidativo de duas coisas: do pouco que vale a vida humana neste Portugal ainda mentalmente rural - onde, indiferenciadamente, tanto dava que morresse João quanto José, já que cavar ou mondar não exige grandes manifestações de individualidade - e de como os políticos & demais dessa gente não são menos campónios do que os muito resignados campónios que ainda somos (conquanto previdentemente, uma vez que olharam lá para fora e gostaram, se fabriquem situações de isenção destas aflições miseráveis).
Os guardas deviam ir hoje mesmo para o olho da rua e, amanhã, sem demora, ser-lhes instaurado um processo crime. Mas, não só não irão, quanto este tipo de afirmações é catalogada de populista, etc., etc. O que aconteceu é, porém, elucidativo de duas coisas: do pouco que vale a vida humana neste Portugal ainda mentalmente rural - onde, indiferenciadamente, tanto dava que morresse João quanto José, já que cavar ou mondar não exige grandes manifestações de individualidade - e de como os políticos & demais dessa gente não são menos campónios do que os muito resignados campónios que ainda somos (conquanto previdentemente, uma vez que olharam lá para fora e gostaram, se fabriquem situações de isenção destas aflições miseráveis).
sexta-feira, setembro 14, 2007
Pequenas coisas irritantes e divertidas:
O autor do .............. escreve «dialética». O erro de português é a parte irritante: podia ser evitado escrevendo num programa com corrector e colando no blog - que me dizem muito lido por adolescentes influenciáveis - depois de corrigido.
A parte divertida consiste em um aluno da faculdade - ou já licenciado - ter visto e usado tão pouco a palavra dialéctica, que este termo tão indispensável há uns anos, tenha deixado de ser familiar.
O autor do .............. escreve «dialética». O erro de português é a parte irritante: podia ser evitado escrevendo num programa com corrector e colando no blog - que me dizem muito lido por adolescentes influenciáveis - depois de corrigido.
A parte divertida consiste em um aluno da faculdade - ou já licenciado - ter visto e usado tão pouco a palavra dialéctica, que este termo tão indispensável há uns anos, tenha deixado de ser familiar.
Contou isto com dramatismo: «Pegámos em meia dúzia de coisas, nas jóias da Luisinha, nome fictício, e saímos dali a correr, nem imaginam...» - acrescentou mais dificuldades do caminho, lamas e precipícios, e foi-se embora, orgulhoso da diligência revelada, do perigo superado. N voltou ao Pimms. Bebeu um pouco mais de number one (the best one), pôs o copo sobre a mesa: «Não sabia que a Luisinha tinha jóias». Rodava, lentamente, com o polegar, um anel que tinha no anelar da mão direita, um dos milhentos anéis de piscina, variações estivais, em pedras semi-preciosas e oiros estranhos, dos a sério. Mão atarefada e preguiçosa: entre o indicador e o médio, apagava-se um cigarro quase reduzido a cinza. Empurrei a aba do chapéu, abri uma brecha por onde espreitei o galracho, e não vi o cinzeiro que está sempre no chão, ao pé de N. «A seca que é se se esqueceram de trazer o cinzeiro. A maldita seca que é!».
quinta-feira, setembro 13, 2007
Mais livros que li.
Guerra e Paz: o que podemos nós modificar neste mundo ou em nós mesmos. O que conta num caso e noutro, verdadeiramente a nossa acção? As questões para que me chamaram a atenção, muito didacticamente. Simpatizei com Kutuzov, temente a Deus, temente da sua sorte.
Por este tempo fiz o quinto ano, o décimo de agora, creio.
Guerra e Paz: o que podemos nós modificar neste mundo ou em nós mesmos. O que conta num caso e noutro, verdadeiramente a nossa acção? As questões para que me chamaram a atenção, muito didacticamente. Simpatizei com Kutuzov, temente a Deus, temente da sua sorte.
Por este tempo fiz o quinto ano, o décimo de agora, creio.
quarta-feira, setembro 12, 2007
terça-feira, setembro 11, 2007
segunda-feira, setembro 10, 2007
Convirá atentar neste post do Glória Fácil.
O que se irá passar?
Não pode ser outra coisa que não que seja considerada inconstitucional esta alteração vergonhosa ao não menos vergonhoso código do processo penal e lesiva do direito de expressão, conduzindo, mais tarde, a uma das habituais vergonhosas condenações do Estado português nos Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
Estou um pouco farto das saloíces deste(s) governo(s) de saloios.
O que se irá passar?
Não pode ser outra coisa que não que seja considerada inconstitucional esta alteração vergonhosa ao não menos vergonhoso código do processo penal e lesiva do direito de expressão, conduzindo, mais tarde, a uma das habituais vergonhosas condenações do Estado português nos Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
Estou um pouco farto das saloíces deste(s) governo(s) de saloios.
domingo, setembro 09, 2007
"E só mais uma coisa: enxovalhar os mortos é muito fácil. Pena que não tenham mencionado nenhuma obra de nenhum escritor português vivo. Pode ser que para a próxima corrente."
Cara Charlotte,
Em Portugal não podemos viver da indignação: seria demasiado fatigante e perigoso. Deixarmo-nos levar por ela (e quanto mais justa e límpida e legítima como foi a sua neste assuntinho das correntes mais perigosa a coisa se torna) tolda-nos o raciocínio e faz subir a tensão. Ora vejamos: quem foi o vivo que enxovalhou os mortos se Proust - para só falar desse - viverá ainda tão imenso e vital e eternamente crepuscular quando de todos nós tiver passado a notícia que fomos? E queria que gostassem de Proust? Proust é para ler novo, que o prazer de Proust é muito o relê-lo, como bem dizia Barthes. Mas em novos havia que fazer pela vida e Proust não era rendoso antes de Pedro Tamen. Para quê lê-lo, então, se para mais é imenso e paira, inútil, tão acima do que pode valer seja o que for?
Quer evitar as graçolas e vê-los sérios? Pergunte-lhes sobre os livros -ou autores - que mais lhe renderam.
Quanto rende, hoje em dia, Pessoa? Da casa do dito, a coisa monta a quanto? Em bolsas, quanto se pode retirar dele? Em ajudas de custo e subsídios de refeição para seminários, worksops, apresentações, comunicações, quanto rende por ano? Em elogios feitos a pretexto de, o que se pode lucrar?
Ah, quem brincar, perde o cargo! Está a ver? Que silêncio, que ar sério, que aplicação!
Os meus humildes cumprimentos
Impensado
P.S. A que élites se referia?
Claro que há menos gente a gostar de literatura em Portugal do que geralmente se pensa. Alguns entusiasmos sobre autores e obras são isso mesmo: entusiasmo e os rituais de partilha de novidades, nada mais. Falariam com o mesmo empenho de uma nova espécie de cebolas - o que não seria mau, aliás.
Cara Charlotte,
Em Portugal não podemos viver da indignação: seria demasiado fatigante e perigoso. Deixarmo-nos levar por ela (e quanto mais justa e límpida e legítima como foi a sua neste assuntinho das correntes mais perigosa a coisa se torna) tolda-nos o raciocínio e faz subir a tensão. Ora vejamos: quem foi o vivo que enxovalhou os mortos se Proust - para só falar desse - viverá ainda tão imenso e vital e eternamente crepuscular quando de todos nós tiver passado a notícia que fomos? E queria que gostassem de Proust? Proust é para ler novo, que o prazer de Proust é muito o relê-lo, como bem dizia Barthes. Mas em novos havia que fazer pela vida e Proust não era rendoso antes de Pedro Tamen. Para quê lê-lo, então, se para mais é imenso e paira, inútil, tão acima do que pode valer seja o que for?
Quer evitar as graçolas e vê-los sérios? Pergunte-lhes sobre os livros -ou autores - que mais lhe renderam.
Quanto rende, hoje em dia, Pessoa? Da casa do dito, a coisa monta a quanto? Em bolsas, quanto se pode retirar dele? Em ajudas de custo e subsídios de refeição para seminários, worksops, apresentações, comunicações, quanto rende por ano? Em elogios feitos a pretexto de, o que se pode lucrar?
Ah, quem brincar, perde o cargo! Está a ver? Que silêncio, que ar sério, que aplicação!
Os meus humildes cumprimentos
Impensado
P.S. A que élites se referia?
Claro que há menos gente a gostar de literatura em Portugal do que geralmente se pensa. Alguns entusiasmos sobre autores e obras são isso mesmo: entusiasmo e os rituais de partilha de novidades, nada mais. Falariam com o mesmo empenho de uma nova espécie de cebolas - o que não seria mau, aliás.
Mais livros.
Foi engano de quem fez os lotes: o 10º volume ficou separado dos outros 11. A primeira parte da letra «V» faltava e, quando indaguei sobre isso, foi-me contado o que digo agora: que tinha sido tentada a troca com o primo a quem coubera esse volume. Sem resultado. A compra, idem: que também estava ele comprador dos 11 que lhe faltavam. Eram primos direitos e ambos com bom sentido de humor. Tudo ficou como estava - e está. Eu herdei, depois, com todo o mérito, de meu Pai, os volumes que lhe couberam do Portugal Antigo e Moderno: Diccionário Geográphico, Estatístico, Chorográphico, Heráldico, Archeológico, Histórico, Biográphico & Etymológico de Todas as Cidades, Villas e Freguesias de Portugal e Grande Número de Aldeias(...) de Pinho Leal e que tinham pertencido a um tio-bisavô. Foram minha leitura diária durante anos. Ainda o leio por vezes: 2 ou 3 páginas, antes de dormir, como se cumprisse um receituário há muito prescrito e de eficácia comprovada na agitação melancólica e outros distúbrios nevróticos: é um livro que custou anos de trabalho ao seu autor, imprescindível, erudito e divertido e contribuiu para me tornar, desde tenra idade, um maçador incomodativo, sempre, a propósito e a despropósito, com um pormenor erudito sobre a configuração das ruas de Lamego ou becos esquecidos de aldeolas distantes na ponta da língua. Creio que houve tempos, durante a adolescência, em que estive proíbido de citar Pinho Leal. As etimologias disparatadas encantavam-me e sabia algumas e suas refutações. Algumas começavam com um delicioso «É peta!». As vociferações contra os liberais também são imperdíveis e o artigo dedicado ao Mindelo prova com suficiência que ao sítio exacto onde desembarcaram as tropas liberais cabia o nome de Praia dos Ladrões, e não o de Mindelo, situado mais a norte (ou seria a sul?)...
Foi engano de quem fez os lotes: o 10º volume ficou separado dos outros 11. A primeira parte da letra «V» faltava e, quando indaguei sobre isso, foi-me contado o que digo agora: que tinha sido tentada a troca com o primo a quem coubera esse volume. Sem resultado. A compra, idem: que também estava ele comprador dos 11 que lhe faltavam. Eram primos direitos e ambos com bom sentido de humor. Tudo ficou como estava - e está. Eu herdei, depois, com todo o mérito, de meu Pai, os volumes que lhe couberam do Portugal Antigo e Moderno: Diccionário Geográphico, Estatístico, Chorográphico, Heráldico, Archeológico, Histórico, Biográphico & Etymológico de Todas as Cidades, Villas e Freguesias de Portugal e Grande Número de Aldeias(...) de Pinho Leal e que tinham pertencido a um tio-bisavô. Foram minha leitura diária durante anos. Ainda o leio por vezes: 2 ou 3 páginas, antes de dormir, como se cumprisse um receituário há muito prescrito e de eficácia comprovada na agitação melancólica e outros distúbrios nevróticos: é um livro que custou anos de trabalho ao seu autor, imprescindível, erudito e divertido e contribuiu para me tornar, desde tenra idade, um maçador incomodativo, sempre, a propósito e a despropósito, com um pormenor erudito sobre a configuração das ruas de Lamego ou becos esquecidos de aldeolas distantes na ponta da língua. Creio que houve tempos, durante a adolescência, em que estive proíbido de citar Pinho Leal. As etimologias disparatadas encantavam-me e sabia algumas e suas refutações. Algumas começavam com um delicioso «É peta!». As vociferações contra os liberais também são imperdíveis e o artigo dedicado ao Mindelo prova com suficiência que ao sítio exacto onde desembarcaram as tropas liberais cabia o nome de Praia dos Ladrões, e não o de Mindelo, situado mais a norte (ou seria a sul?)...
-§-
Facto digno de nota: conheço 5 pessoas todas com o seu aniversário na data de hoje, dia 9 de Setembro! Uma observação que Pinho Leal poderia ter feito.
sexta-feira, setembro 07, 2007
Ainda não apanhei bem os tiques e modas da linguagem de agora, como se vê no post anterior, o das 5 da manhã, mas tenciono conseguir. Os problemas maiores vêm do tom casual confessional em uso, difícil de apanhar por quem sofre dos escrúpulos da confissão.
É interessante ver o caso da criança inglesa desaparecida pelos olhos dos canais ingleses. Ao contrário do nosso nacionalismo saloio, concordo no essencial com as críticas feitas ao que se tem pssado. O código de processo penal, emanado das esquerdas - mas aceite pelas direitas - reúne à pior tradição autoritária e violenta do estado português, sempre saudoso da inquisição, algumas perversidades oriundas das bandas dos amanhãs que cantariam e que se casam bem entre si (isto para não falar das faltas de método, de meios, etc, próprios de um país pobrete e atrasado).
Do lado britânico, bem... é um grande país do 1º mundo e é o país da Magna Carta e do rule of law, da Scotland Yard, dos laboratórios a que a maravilhosa polícia portuguesa tem de recorrer e... bem, não é estranho que não percebam as canhestras bizantinices de aldeia que imperam por aqui.
É interessante ver o caso da criança inglesa desaparecida pelos olhos dos canais ingleses. Ao contrário do nosso nacionalismo saloio, concordo no essencial com as críticas feitas ao que se tem pssado. O código de processo penal, emanado das esquerdas - mas aceite pelas direitas - reúne à pior tradição autoritária e violenta do estado português, sempre saudoso da inquisição, algumas perversidades oriundas das bandas dos amanhãs que cantariam e que se casam bem entre si (isto para não falar das faltas de método, de meios, etc, próprios de um país pobrete e atrasado).
Do lado britânico, bem... é um grande país do 1º mundo e é o país da Magna Carta e do rule of law, da Scotland Yard, dos laboratórios a que a maravilhosa polícia portuguesa tem de recorrer e... bem, não é estranho que não percebam as canhestras bizantinices de aldeia que imperam por aqui.
-Insónia? - perguntarão.
-Sim, insónia! - A vivacidade da resposta, o tom ligeiro, quase alegre, não iluda o leitor: há «sofrimento», uma angst porosa, no tom untold que torna o silêncio irónico a necessária negação de si mesmo, uma confissão profunda e real do ser enquanto topos de recolha e confirmação do previsível a que irremediavelmente nos condena o telling, a língua no dente que doi, a velha tentação do lamento.
-Sim, insónia! - A vivacidade da resposta, o tom ligeiro, quase alegre, não iluda o leitor: há «sofrimento», uma angst porosa, no tom untold que torna o silêncio irónico a necessária negação de si mesmo, uma confissão profunda e real do ser enquanto topos de recolha e confirmação do previsível a que irremediavelmente nos condena o telling, a língua no dente que doi, a velha tentação do lamento.
quinta-feira, setembro 06, 2007
Mais livros.
Depois dos livros de contos, vieram os de aventuras: primeiro, Enid Blyton, Dumas depois. Tanto e tantos que sabia de cor os reis de França, e por via de outras leituras de petit histoire as eras da revolução francesa: chegava a Luis XVI, o bondoso Luís XVI, o Rei assassinado, e continuava pelos Estados Gerais até ao Directório, ao Consulado, ao Império, à Monarquia restaurada... A coisa acabava depois da Comuna, com a 3ª República (estas habilidades com a história alheia auguravam-me uma vida desinteressante, o que se tem verificado).
Desta época ainda, dois livros por recomendação materna, o primeiro com o objectivo piedoso e declarado de me ensinar a dar valor às pequenas coisas quotidianas com que nos esquecemos de encantar ("Atribulações de um chinês na China"); o segundo, também de Verne, a "Viagem à volta do mundo em 80 dias" meramente por ser divertido, embora pense agora que se destinava, talvez, a combater Blyton, uma novidade que não seria muito apreciada: Jules Verne era o bom e são caminho a partir dos 10 ou 11 anos.
A seguir a Dumas, lido durante anos, Balzac por volta dos 14, segundo julgo. Dele li o que pude e li muito e por muito tempo, muito para além do necessário para despachar, ao desafio e alegremente, os autores que era preciso conhecer: de "Eugene Grandet" - várias vezes relida ao longo da vida - aos "Insurrectos da Bretanha" (há anos que não me lembrava deste título!), dezenas e dezenas de títulos da Comédie Humaine. O grande Honoré foi a minha primeira admiração literária: admirava-lhe o poder criativo e as dívidas, os desgostos amorosos, o roupão, a máscara mortuária e o busto de Rodin e, em geral, o sofrimento imposto ao seu génio pela vulgaridade ignara.
Acompanhando esta festividade cívica dedicada ao Francesismo, continuava a ler Blyton e livros de aventuras ingleses, onde os franceses constavam como inimigos e eram sempre ruidosamente batidos. Por entre os três mosqueteiros e restante celebração da glória gaulesa, o mero afundamento de uma chata francesa por Horatio Hornblower tinha um sabor a blasfémia, agradável e terrível. Por essa altura a minha lealdade dividia-se, atormentada, entre Calais e as falésias brancas de Dover.
Depois dos livros de contos, vieram os de aventuras: primeiro, Enid Blyton, Dumas depois. Tanto e tantos que sabia de cor os reis de França, e por via de outras leituras de petit histoire as eras da revolução francesa: chegava a Luis XVI, o bondoso Luís XVI, o Rei assassinado, e continuava pelos Estados Gerais até ao Directório, ao Consulado, ao Império, à Monarquia restaurada... A coisa acabava depois da Comuna, com a 3ª República (estas habilidades com a história alheia auguravam-me uma vida desinteressante, o que se tem verificado).
Desta época ainda, dois livros por recomendação materna, o primeiro com o objectivo piedoso e declarado de me ensinar a dar valor às pequenas coisas quotidianas com que nos esquecemos de encantar ("Atribulações de um chinês na China"); o segundo, também de Verne, a "Viagem à volta do mundo em 80 dias" meramente por ser divertido, embora pense agora que se destinava, talvez, a combater Blyton, uma novidade que não seria muito apreciada: Jules Verne era o bom e são caminho a partir dos 10 ou 11 anos.
A seguir a Dumas, lido durante anos, Balzac por volta dos 14, segundo julgo. Dele li o que pude e li muito e por muito tempo, muito para além do necessário para despachar, ao desafio e alegremente, os autores que era preciso conhecer: de "Eugene Grandet" - várias vezes relida ao longo da vida - aos "Insurrectos da Bretanha" (há anos que não me lembrava deste título!), dezenas e dezenas de títulos da Comédie Humaine. O grande Honoré foi a minha primeira admiração literária: admirava-lhe o poder criativo e as dívidas, os desgostos amorosos, o roupão, a máscara mortuária e o busto de Rodin e, em geral, o sofrimento imposto ao seu génio pela vulgaridade ignara.
Acompanhando esta festividade cívica dedicada ao Francesismo, continuava a ler Blyton e livros de aventuras ingleses, onde os franceses constavam como inimigos e eram sempre ruidosamente batidos. Por entre os três mosqueteiros e restante celebração da glória gaulesa, o mero afundamento de uma chata francesa por Horatio Hornblower tinha um sabor a blasfémia, agradável e terrível. Por essa altura a minha lealdade dividia-se, atormentada, entre Calais e as falésias brancas de Dover.
quarta-feira, setembro 05, 2007
O meu segundo livro, lido e relido durante anos, foi uma recolha de contos tradiconais infantis da autoria de Maria Amália Vaz de Carvalho: "Contos a nossos filhos", creio. Desapareceu - julgo que o emprestei - e tenho tentado, ao longo dos anos, encontrar um exemplar.
Muito maravilhoso português e europeu, mouras encantadas e fadas nórdicas.
Muito maravilhoso português e europeu, mouras encantadas e fadas nórdicas.
terça-feira, setembro 04, 2007
Livros da minha vida? (Creio que é apenas assim, uma pergunta tímida) Com atraso, o primeiro: O Livro da Capa Verde de João de Deus. Textos de trabalho, cópias e, com gosto, algumas das primeiras leituras. O meu primeiro livro a sério, no fim do jardim-infantil, depois de ter aprendido a ler na Cartilha Maternal.
Digo os outros noutro post.
Digo os outros noutro post.
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