segunda-feira, abril 17, 2006

Julgo que não me corre nas veias sangue judeu.
Dos judeus em Portugal sei o que li - pouco - em Herculano e outra tanto em Saraiva e o que quem lê história de Portugal vai encontrando, mas nunca tive grande curiosidade pelo tema, talvez pela minha assumida vocação de evitar assuntos desagradáveis,tais são chacinas e autos-de-fé.
Simpatia, a que qualquer pessoa sente, uma simpatia longínqua e compadecida.
Há uns anos, porém, soube dos judeus de Belmonte e os quatro séculos de persistência espantaram-me - eu que me dedico a ser do contra, mas de desânimo fácil - e comoveram-me. Não o suficiente para, como se diz hoje, me ir documentar - e já tinha lido o essencial - mas para olhar com admiração redobrada as vicissitudes daquela pobre gente tão desgraçada.
Mais ainda, foi essa pobre gente o combustível da Inquisição, instrumento ao serviço do estatismo português e da sua monstruosa capacidade de produção de hipocrisia e criação de realidades "legais" de que tudo é exemplo a conversão forçada dos judeus e o estatuto de cristãos-novos.
Por isso, fiquei feliz quando li na Rua da Judiaria a ideia de lembrar o 19 de Abril de 1506.
Não são pedidos de desculpas, revisionismos, reaberturas de processos ou acusações extemporâneas ... é apenas mera e boa decência, lembrar a morte de portugueses inocentes assassinados pelo estado.
Não vou ao Rossio apenas porque não estou em Lisboa.

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