terça-feira, abril 11, 2006

Hagiografia introdutória, vulgo prefácio, e depois meia dúzia triste de páginas com uma linhas ralas nelas dependuradas por cordéis velhos de imagens e lêem isto e por isto se cumprimentam.
E Nemésio, isto só para falar de um deles, e Nemésio ninguém lê, ou menos do que o deviam.
Ora aí vai dele:

Concha

A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.

Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.

E telhadosa de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.

A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.

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