sexta-feira, outubro 14, 2005

Não tenho a menor simpatia por Chavez e, por outro lado, tenho motivos para crer que o piloto português estará inocente e, por isso, muito lamento a sua situação.
Dito isto, não assiste a Portugal (nem aos portugueses) qualquer legitimidade para protestos. O código de processo penal venezuelano, produto de um governo conservador é muito mais humano e moderno que o nosso, deixa esta miséria, de que todavia tanta gente se orgulha, a anos-luz em questões de decência.
Quanto aos portugueses manifestantes, bem sei que são amigos do pobre piloto. Mas, em Portugal, ele poderia estar ainda preso sem sequer ter tido ainda conhecimento do motivo - como, durante anos entenderam os tribunais portugueses e os prazos para a prisão preventiva são, no nosso querido país, muitíssimo maiores do que lá.
Os jornalistas e comentadores das televisões pôem um ar indignado pela demora, como se não fossem os mesmo que, em casos recentes nacionais, vieram pregar a necessidade de esperar pelo andamento da justiça e de não interferir, etc., e de serenidade e de...
O embaixador da Venezuela, ao pôr os pontos nos "is" fê-lo em termos cordatos. Podia ter-se permitido ser bem mais vexatório para Portugal. Lembrar aquele diplomata duas que venezulanas estiveram um ano presas preventivamente em Portugal e vieram a ser depois inocentadas - creio que sem direito a qualquer indemnização, é de toda a justiça (não sei se os meus queridos leitores percebem que uma coisa dessas constituiria me qualquer país da europa europeu civilizada um incrível e intolerável escândalo. Aliás, tal situação nem seria possível ou sequer concebível).
Por tudo isto, calemo-nos, moderemos a nossa indignação de país atrasado, onde se coexiste serenamente com uma brutalidade e rudeza atávicas, e lembremo-nos de escrever ao nosso deputado para que o nosso vergonhoso código burocrata-comuna-estatista seja revogado.
Sem muito delonga.

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