Eça, queixando-se da falta de gente com quem conversar no seu exílio na província inglesa, refere um dos seus poucos interlocutores, um médico, que considerava não viver em Londres um caso de cobardia moral.
Há pouco abri a correspondência de uma circunspecta lista de discussão onde se falava de problemas nacionais e, tomado por um sentimento intenso de puro asco a "isto tudo", pensei que tinha de sair daqui agora.
Vivo aqui por inércia e cobardia, nestes arrebaldes de Tunis.
segunda-feira, outubro 31, 2005
sábado, outubro 29, 2005
sexta-feira, outubro 28, 2005
Ontem (foi ontem?) vi na televisão uma notícia sobre os gastos do Rei de Espanha e do Presidente português. Este último recebe mais dinheiro do que Don Juan Carlos I. Já tinha registado na lista de anomalias lusas, ao lado do extravagante ordenado de Constâncio, superior ao de Greenspan, o presidente da Reserva Federal norte-Americana, quando me apercebi que o locutor continuava a falar do facto e entrava em comparações de estilos de vida entre o Rei de Espanha e os presidentes portugueses; falava-se, até, dos preços dos vestidos das Infantas de Espanha! Mas a que propósito? Será comparável a vida do soberano de um grande país europeu ao do presidente de uma republiqueta pobre e atrasada?
Haja noção do ridículo!
Haja noção do ridículo!
quinta-feira, outubro 27, 2005
E veio a chuva. Tinha saudades destes dias, aquosos e translúcidos.
Lembro-me de uma interjeição, entre o queixosa e o entusiasta espantada: "ai, o que chove meu Deus! Ai que Deus a dá", muito do agrado das empregadas. Pergunto-me agora se não seria também um discreto protesto, embora creia que o gosto de sair sobrelevasse aos inconveninentes de uma molha.
Lembro-me de uma interjeição, entre o queixosa e o entusiasta espantada: "ai, o que chove meu Deus! Ai que Deus a dá", muito do agrado das empregadas. Pergunto-me agora se não seria também um discreto protesto, embora creia que o gosto de sair sobrelevasse aos inconveninentes de uma molha.
quarta-feira, outubro 26, 2005
Ainda convalescente do artigo do Prof. Medina Carreira na Grande Loja enfrento este quase suão que prenuncia tempestade.
O artigo é para ler, estudar e digerir com muito cuidado.
O artigo é para ler, estudar e digerir com muito cuidado.
terça-feira, outubro 25, 2005
Conspirei, cometi indignidades, humilhei-me, mas hoje à tarde o Canalizador cá estava, à hora exacta em que havia predito a sua aparição.
Excedendo-me em lisonjas e bajulações creio ter conseguido que volte daqui a mês e meio. E não menos, que não queria prometer para não faltar. Elogiei a gestão da agenda e, quase de rastos, uriah heepando, acompanhei-o à porta, pedindo desculpa por ir telefonando, a lembrar (embora sabendo que não é preciso, lembrar, bem sei que não é).
Excedendo-me em lisonjas e bajulações creio ter conseguido que volte daqui a mês e meio. E não menos, que não queria prometer para não faltar. Elogiei a gestão da agenda e, quase de rastos, uriah heepando, acompanhei-o à porta, pedindo desculpa por ir telefonando, a lembrar (embora sabendo que não é preciso, lembrar, bem sei que não é).
segunda-feira, outubro 24, 2005
sexta-feira, outubro 21, 2005
Quando as andorinhas partiam...
Boca talhada em milagrosas linhas,
A luz aumenta com o seu falar.
Esta manhã, um bando de andorinhas
Ia-se embora, atravessava o mar.
Chegou-lhes às alturas, pela aragem,
Um adeus suave que ela lhes dissera,
- E suspenderam todas a viagem,
Julgando que voltara a Primavera...
É dele, do Augusto Gil e aglomera vários temas candentes: ela, o Outono e a gripe das aves.
Boca talhada em milagrosas linhas,
A luz aumenta com o seu falar.
Esta manhã, um bando de andorinhas
Ia-se embora, atravessava o mar.
Chegou-lhes às alturas, pela aragem,
Um adeus suave que ela lhes dissera,
- E suspenderam todas a viagem,
Julgando que voltara a Primavera...
É dele, do Augusto Gil e aglomera vários temas candentes: ela, o Outono e a gripe das aves.
quarta-feira, outubro 19, 2005
Li a notícia de que Cristiano Ronaldo fora detido sob suspeitas de violação e que está a ser interrogado pela Scotland Yard.
O jornalista que redigiu a notícia deve estar habituado à prática portuguesa e ao louvado código de processo penal já que, e convém esclarecer as coisas, em Inglaterra ninguém pode ser detido para interrogatórios. Quando a polícia detém alguém DEVE apresentar a acusação no espaço de poucas horas - longe do espaço de um ano que pode atingir em Portugal...
A polícia inglesa, o ministério público da Grã-Bretanha antes de acusar não pode fazer nada que não tenha o consentimento dos visados.
Por outro lado o juiz que ordena a caução de um acusado nada sabe do caso, ao contrário daqui. O Juíz (pôr letra grande, que a merece) apenas se preocupa em assegurar que aquele súbdito (pois é, não são cidadãos...) compareça na audiência de julgamento.
Perante leis tão estranhas, o Impensável - que espera que o jogador esteja inocente - o Impensável, dizia, pede ao Senhor Presidente da República para protestar energicamente junto da soberana daquele país com leis tão estranhas.
O jornalista que redigiu a notícia deve estar habituado à prática portuguesa e ao louvado código de processo penal já que, e convém esclarecer as coisas, em Inglaterra ninguém pode ser detido para interrogatórios. Quando a polícia detém alguém DEVE apresentar a acusação no espaço de poucas horas - longe do espaço de um ano que pode atingir em Portugal...
A polícia inglesa, o ministério público da Grã-Bretanha antes de acusar não pode fazer nada que não tenha o consentimento dos visados.
Por outro lado o juiz que ordena a caução de um acusado nada sabe do caso, ao contrário daqui. O Juíz (pôr letra grande, que a merece) apenas se preocupa em assegurar que aquele súbdito (pois é, não são cidadãos...) compareça na audiência de julgamento.
Perante leis tão estranhas, o Impensável - que espera que o jogador esteja inocente - o Impensável, dizia, pede ao Senhor Presidente da República para protestar energicamente junto da soberana daquele país com leis tão estranhas.
terça-feira, outubro 18, 2005
segunda-feira, outubro 17, 2005
Tenho passado o dia a ouvir disfarçadamente este. Com um arabesque de Débussy de permeio e uma olhadela pelos orientes de Delacroix sinto-me meditativo e árabe.
sexta-feira, outubro 14, 2005
Não tenho a menor simpatia por Chavez e, por outro lado, tenho motivos para crer que o piloto português estará inocente e, por isso, muito lamento a sua situação.
Dito isto, não assiste a Portugal (nem aos portugueses) qualquer legitimidade para protestos. O código de processo penal venezuelano, produto de um governo conservador é muito mais humano e moderno que o nosso, deixa esta miséria, de que todavia tanta gente se orgulha, a anos-luz em questões de decência.
Quanto aos portugueses manifestantes, bem sei que são amigos do pobre piloto. Mas, em Portugal, ele poderia estar ainda preso sem sequer ter tido ainda conhecimento do motivo - como, durante anos entenderam os tribunais portugueses e os prazos para a prisão preventiva são, no nosso querido país, muitíssimo maiores do que lá.
Os jornalistas e comentadores das televisões pôem um ar indignado pela demora, como se não fossem os mesmo que, em casos recentes nacionais, vieram pregar a necessidade de esperar pelo andamento da justiça e de não interferir, etc., e de serenidade e de...
O embaixador da Venezuela, ao pôr os pontos nos "is" fê-lo em termos cordatos. Podia ter-se permitido ser bem mais vexatório para Portugal. Lembrar aquele diplomata duas que venezulanas estiveram um ano presas preventivamente em Portugal e vieram a ser depois inocentadas - creio que sem direito a qualquer indemnização, é de toda a justiça (não sei se os meus queridos leitores percebem que uma coisa dessas constituiria me qualquer país da europa europeu civilizada um incrível e intolerável escândalo. Aliás, tal situação nem seria possível ou sequer concebível).
Por tudo isto, calemo-nos, moderemos a nossa indignação de país atrasado, onde se coexiste serenamente com uma brutalidade e rudeza atávicas, e lembremo-nos de escrever ao nosso deputado para que o nosso vergonhoso código burocrata-comuna-estatista seja revogado.
Sem muito delonga.
Dito isto, não assiste a Portugal (nem aos portugueses) qualquer legitimidade para protestos. O código de processo penal venezuelano, produto de um governo conservador é muito mais humano e moderno que o nosso, deixa esta miséria, de que todavia tanta gente se orgulha, a anos-luz em questões de decência.
Quanto aos portugueses manifestantes, bem sei que são amigos do pobre piloto. Mas, em Portugal, ele poderia estar ainda preso sem sequer ter tido ainda conhecimento do motivo - como, durante anos entenderam os tribunais portugueses e os prazos para a prisão preventiva são, no nosso querido país, muitíssimo maiores do que lá.
Os jornalistas e comentadores das televisões pôem um ar indignado pela demora, como se não fossem os mesmo que, em casos recentes nacionais, vieram pregar a necessidade de esperar pelo andamento da justiça e de não interferir, etc., e de serenidade e de...
O embaixador da Venezuela, ao pôr os pontos nos "is" fê-lo em termos cordatos. Podia ter-se permitido ser bem mais vexatório para Portugal. Lembrar aquele diplomata duas que venezulanas estiveram um ano presas preventivamente em Portugal e vieram a ser depois inocentadas - creio que sem direito a qualquer indemnização, é de toda a justiça (não sei se os meus queridos leitores percebem que uma coisa dessas constituiria me qualquer país da europa europeu civilizada um incrível e intolerável escândalo. Aliás, tal situação nem seria possível ou sequer concebível).
Por tudo isto, calemo-nos, moderemos a nossa indignação de país atrasado, onde se coexiste serenamente com uma brutalidade e rudeza atávicas, e lembremo-nos de escrever ao nosso deputado para que o nosso vergonhoso código burocrata-comuna-estatista seja revogado.
Sem muito delonga.
quinta-feira, outubro 13, 2005
terça-feira, outubro 11, 2005
segunda-feira, outubro 10, 2005
Ontem, num sonho, uma grande damme perguntava a um seu convidado pelo destino de um amigo comum e, com ironia e algum desdém, adiantava julgá-lo "no caminho frugal da pobreza" (sic!!!), por culpa dele pressuposta. Quando acordei, eu que no sonho era um espectador desinteressado da conversa, pasmei do pedantismo do dito, da petulância, da falta de gosto e tanto que, depois do almoço pensei telefonar à autora inocente a defender o amigo ausente...
Mas era só um sonho! - ri com a minha distracção até me lembrar do velho dito de Freud: "num sonho somos todos os personagens".
Fiquei de péssimo humor todo o dia.
Mas era só um sonho! - ri com a minha distracção até me lembrar do velho dito de Freud: "num sonho somos todos os personagens".
Fiquei de péssimo humor todo o dia.
terça-feira, outubro 04, 2005
segunda-feira, outubro 03, 2005
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