Mais dois lamentos de JPP. Comecemos pelo segundo: JPP teme que nos encontremos na cozinha. Creio tratar-se de uma doce ilusão. A cozinha é um lugar de criação, lugar benfazejo, morada dos Lares. Há muito que aí não estamos. Expulsos da cozinha como Adão o foi do paraíso (embora por motivos opostos) vivemos as tristezas da copa, esse terrível "no land".
No primeiro lamento, acusa o populismo que se alimenta do igualitarismo da sociedade portuguesa. Não é assunto novo. O igualitarismo português tem, no entanto, particularidades interessantes. Uma delas é coexistir, melhor, quase supor o respeitinho pelas classes elevadas (se não é que perversamente se alimenta dele);
outra, muito peculiar, o ser usado de "cima", "populistamente", em promessas de ascensão do "povo" aos benefícios da respeitabilidade (é o caso do português novo de Cavaco, do português - ou do Portugal - respeitado lá fora no qual "todos" participaríamos, o que não é menos incitação igualitária e populista que qualquer outra); por outro lado, ainda, o respeitinho luso percorre a sociedade transversalmente, encontrado-se onde menos se espera, e em cada um de nós, tomando algumas formas de notável sofisticação. Um exemplo? Os apelos às cumplicidades contemplativas perante supostas iconoclastias.
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