Eça dizia, a propósito do DN da época, e cito de memória, que era um jornal de uma mediocridade (ou imbecilidade) meticulosa e grave.
É de crer que o jornal condissesse com o país, já que ainda hoje temos a paixão do sisudo, do sorumbático, do macambúzio que confundimos com "gravidade" ou "profundidade".
E, também, ainda hoje, prestamos culto ao agir meticuloso, em que se expressa um receio atávico, rural, pela mudança substancial (ao invés, das adjectivas e acessórias gostamos e com tal ferocidade que desde organismo estatal ao mais recôndito beco, tudo vai mudando - de nome). Mas mudar mesmo, não queremos, pelo medo saloio de que as coisas se "desarranjem": somos um país "não mexas aí que se pode partir"
O resultado de tais desvelos, não é, porém, animador: de homem de estado grave e ponderado em homem de estado grave e ponderado, de grandes competências em grandes competências, de solução sensata e consensual em solução sensata e consensual chegámos a uma notável estabilidade na cauda da Europa.
E, parece, aqui queremos ficar, com afinco e determinação.
Seria, por isso, a altura de mudarmos de método.
Isto não quer dizer, claro está (claro está, ou não fosse eu português) que não haja pessoas totalmente inconvenientes para este ou aquele cargo (é, aliás isso, pessoas inconvenientes, que a julgar pelos resultados, temos tido habitualmente). O que quero vincar é o medo que se eleva até à grita perante a possibilidade de estar a mesmice em perigo. Mesmo que apenas ao de leve, muito ao de leve.
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