Cartas de crianças no Natal dos correios. Numa delas, um rapaz de 8 anos, explicava que já sabia que não ia ter muitos presentes este ano, porque a mãe estava desempregada e o pai, quase sempre no hospital, não recebia. Que, por isso, já lhe haviam dito que não havia dinheiro para prendas. Colou na carta algumas imagens de coisas que gostava de ter e agradecia ao Pai Natal que, se pudesse, lhe desse uma delas: «se puderes dar alguma coisa, agradecia».
Esta contenção e clareza, este bom senso tão próprio dos infelizes - e numa linguagem escorreita, longe do jargão eleito pela burocracia sentimental - é um escândalo de resignação.
Esta contenção e clareza, este bom senso tão próprio dos infelizes - e numa linguagem escorreita, longe do jargão eleito pela burocracia sentimental - é um escândalo de resignação.
Quem apadrinhou, levou a peito contrariar, instilar a dúvida, a suspeição, e não escolheu entre os brinquedos: todas as hipóteses de presente referidas na carta seguiram o seu caminho.
Nada como o nascimento de Cristo para convocar à insensatez.
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