sábado, dezembro 29, 2012

As minhas deambulações pelo Facebook e a militância no anti-acordismo ortográfico tornaram este blog um lugar mais solitário do que soía.

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Francisco Sá Carneiro -  ontem, dia 2 de Dezembro, fez 33 anos que ganhou as eleições - representava o que eu pensava então que seria o futuro de Portugal: a condução dos assuntos do país entregue a uma geração culta e cosmopolita, que anos de oposição afastara de ideias de facilidade e que conhecia  o país.
Com a sua morte - num 4 de Dezembro - comecei a entrever um destino mais confuso - ou antes, a antever  a entrega do país a quem dele não tinha uma ideia, uma visão. Estava, porém,  longe de supor que assistiríamos à demissão de toda uma classe - e de uma geração ? - e à entrega do poder  a arrivistas  medíocres, uns deles a roçar a mera delinquência.
A miséria a que conduziram o país e agora impera - em todas as acepções do termo, já que é ela a soberana - se não contribuiu para que ao poder volte gente mais preparada e mais densa tem, ao menos, a vantagem de ter feito cessar o grotesto espectáculo da bulimia.
Mas quando voltaremos a ter um primeiro-ministro com biblioteca?

sábado, dezembro 01, 2012


VIVA O 1º DE DEZEMBRO!
VIVA PORTUGAL!
Portugueses celebremos
O dia da redenção,
Em que valentes guerreiros
Nos deram livre a Nação.

A fé dos campos de Ourique,
Coragem deu e valor,
Aos famosos de quarenta,
Que lutaram com ardor.

P'rá Frente ! P'rá Frente !
Repetir saberemos as proezas Portuguesas
Avante, Avante,
É voz que soará triunfal,
Vá avante mocidade de Portugal,
Vá avante mocidade de Portugal.

sexta-feira, novembro 09, 2012

Everything is what it is: liberty is liberty, not equality or fairness or justice or culture, or human happiness or a quiet conscience.

Sir Isaiah Berlin.

A lembrar hoje, que faz anos que caiu o Muro de Berlim

quinta-feira, novembro 01, 2012

Parece que estão cá uns senhores estrangeiros para reformarem o estado.
Acho bem.
Quem havia de o fazer?

sexta-feira, outubro 05, 2012

Um 5 de Outubro comemorado num saguão, para fugir às vaias da população.
Pior do que isto...

terça-feira, outubro 02, 2012

A situação não é de diagnóstico difícil: o estado consome 47% do PIB e deveria consumir muito menos.
É preciso cortar na despesa.
O resto são estratégias de negação, no que, infelizmente, somos exímios.
Leia-se aqui como conseguimos sempre não conseguir.

quarta-feira, setembro 26, 2012

Na volta de fim de tarde,  gente sem ânimo,  abatida,  consternada como não me lembro de ver.

domingo, setembro 23, 2012

No Brasil (no que lê e pensa) comemora-se o cinquentenário da morte de Bernanos.
Bem precisávamos de alguma inocência heróica, depois de provada tanta culpa cobarde...
 
Lembro-me de ouvir elogiar  Bernanos, lido pela  geração mais velha, grande parte já desaparecida e que também lia Teillard de Chardin, Gabriel Marcel, Mounier e a Esprit.

sábado, setembro 22, 2012

Nove anos depois, o perfil do responsável deste "blog" já não é sobreponível ao do  timorato autor dos primeiros "posts".
Lamenta, sobretudo, a perda da solicitude que é a parte mais agradável de qualquer início.

sábado, setembro 15, 2012

Os vindouros têm em direito a saber a opinião impensável.
Sobre a medida em si (redução da taxa social única), não se sabe bem o que pensar e partilha-se a posição de Victor Bento.
Quanto ao resto, o que que verdadeiramente está em causa - e que não pode perdurar - é um modo autoritário e sacudido de fazer política, tanto mais insuportável quanto os governos têm ministros como Relvas...

quinta-feira, setembro 13, 2012

Aqui

A mais importante e notável meditação sobre o nosso destino próximo.

A ver absolutamente, esta entrevista da Dra. Manuela Ferreira Leite.

segunda-feira, setembro 10, 2012

Pequeno intervalo:
este governo é medíocre.
Não é com cachopos - como dizia há dias um trasmontano - e vigaristas que se sai daqui.
O resto...

quinta-feira, setembro 06, 2012

1 Este calor usurpa a tepidez deste tempo,  a melhor época do ano, calma, serena. 

2 Muitas vezes volto aos livros que não li.

quarta-feira, setembro 05, 2012

Em tudo o que não se traduza em pagar encomendas, Portugal parece estar a caminho do 3º mundo.
Factos

1 Num país com fogos violentos,  a locutora, com um ar tristonho, avisa que o bom tempo vai acabar para a semana. A frivolidade desta gente é inacreditável!

2 O tédio pode ter horas de grande agitação.

3 Creio que tenho de me considerar um fraco leitor - uma denominação que considerava,  ainda há pouco tempo, poder vir a ser-me aplicável. Mas a verdade é que há muito tempo que não sou o "ávido leitor" da adolescência.

segunda-feira, setembro 03, 2012

Sem ter dado por isso, e sem qualquer preparação, entre gavetas e coisas velhas.
Acabo a ler Krapp's Last Tape.

Now the day is over,
Night is drawing nigh-igh,
Shadows--(coughing, then almost inaudible)--of the evening
Steal across the sky.

domingo, setembro 02, 2012

O déficit está fora de controlo. Nada de surpreendente: mesmo quando se pretende que tudo mude para que tudo fique na mesma - na fórmula do Príncipe de Lampedusa, que o actual governo português parece ter adoptado - é necessário mudar alguma coisa.
E nada foi feito para além de meter a mão nas algibeiras  dos portugueses - o que, infelizmente, não constitui uma mudança.

sexta-feira, agosto 17, 2012

Festejos de Verão

Le temps fuit et sans retour
Emporte nos tendresses,
Loin de cet heureux séjour
Le temps fuit sans retour.

Zéphyrs embrasés,
Versez-nous vos caresses,
Zéphyrs embrasés,
Donnez-nous vos baisers!
vos baisers! vos baisers! Ah!

Belle nuit, ô nuit d'amour,
Souris à nos ivresses,
Nuit plus douce que le jour,
Ô belle nuit d'amour!
Ah! Souris à nos ivresses!
Nuit d'amour, ô nuit d'amour!
Ah! ah! ah! ah!! ah! ah! ah! ah! ah

Les contes d'Hoffmann
Jacques Offenbachah!

sexta-feira, agosto 03, 2012

O distância do poder - mesmo quando provocada por um exílio voluntário - não assegura, por si, qualquer lucidez no juízo do mundo.. A sapiência da renúncia deve esgotar-se em si mesma e, quando perfeita torna o mundo supérfluo, não mais "compreensível".

segunda-feira, julho 23, 2012

Até onde podemos traçar a linha da única religião portuguesa, o culto do estado?
D. João II ou o Marquês de Pombal que mataram com abundância - e o segundo fez uma inexplicada grande fortuna - são figuras impingidas aos portugueses como grandes estadistas.
Camilo Castelo Branco denunciou o culto republicano do Pombal, mas creio que estava a ser optimista: o culto da brutalidade e autoritarismo estatais são devoções nacionais.
Agora, mesmo sem personificações plausíveis, crê-se ainda assim nesta divindade até à extorsão total.
O FMI, que já terá percebido o carácter profundamente perverso da religião de estado portuguesa, preveniu que a diminuição do déficit (uma heresia, afinal) teria de ser feita pelo lado da receita.
Será uma tarefa quase impossível.

quarta-feira, julho 11, 2012

Nortada, como sempre, no Verão de Portugal. Na segunda quinzena de Julho, o vento caía e vinha calor, os dias mais quentes do ano. Depois, com Agosto, o vento voltava, de noroeste, atlântico e fresco.

quinta-feira, julho 05, 2012

O estado português distorceu até despedaçar o mercado de arrendamento. Fê-lo à custa do direito de propriedade, pela limitação da liberdade contratual. Parte foi oportunismo, parte falta de princípios e o restante aquele misto de ignorância e construtivismo social - que, em Portugal, esquerda e direita partilham. O resultado de tudo isso, para além da liquidação física das cidades, com a perda de património cultural material e imaterial, foi forçar os portugueses à compra de casa, para que milhares deles não tinham meios. Agora, querem devolver aos bancos as casas que deixaram de poder pagar e o Poder, que é sempre generoso com o dinheiro e direitos alheios, quer alterar o regime da garantia das obrigações. Acontece, porém, que lá fora, os credores (que vivem no estranho mundo dos adultos), ao perceberem este delírio manso - mas devastador dos mais elementares e universais princípios do direito dos contratos, acabaram de explicar aos bancos portugueses que terão de assinalar as imparidades (perdas) que surgirão dessa mudança de regime, o que pode atrasar em anos a possibilidade de poderem financiar-se, por eles, no mercados, com a consequente escassez de crédito ... Por uma vez estes imbecis vão perceber algo de muito simples: não há vantagens sem desvantagens. Perceberão?

quarta-feira, julho 04, 2012

As últimas notícias da partícula de Deus
do Público


«Suponhamos que o Higgs é um jornalista e que as outras partículas subatómicas são figuras políticas que atravessam uma sala (o Universo). O movimento - a velocidade de deslocação - de cada político dentro do grupo de jornalistas (o campo de Higgs) será mais ou menos lento dependendo do número de jornalistas que os querem entrevistar e que se aglutinam à sua volta.

Quanto mais jornalistas (mais Higgs) o político tiver a travar a sua passagem, maior o peso mediático desse político... ou seja, maior a massa dessa partícula. Pelo contrário, um político que ninguém está interessado em entrevistar será mais leve (terá menos massa) e poderá deslocarse no meio dos jornalistas sem abrandar tanto, interagindo muito menos com o campo de Higgs.»

Impossível que o Impensavel não assinalasse a suspeita desta descoberta.


Nota: As notícias em inglês contêm estranhas palavras  (e.g. "physics", "science") que aqui são tidas por "arcaísmos".
Não, não é impressão sua, senhora ou senhor leitor. Em qualquer país com uma réstea de ética na vida pública o ministro Relvas teria sido demitido ontem.

segunda-feira, julho 02, 2012

O manjerico deste ano tinha-se transformado, à tarde, num chorão exangue, situação tão mais lamentável quanto a rega tinha sido pensada com cuidado, para evitar excessos. Acudiu-se-lhe com água e, passado uma hora, pareceu começar a recompor-se, mas ainda sem deixar de inspirar os maiores cuidados.
Mas tudo correu bem e hoje lá está, fresco e viçoso. Para lhe prestar socorro ficou interrompida a leitura da Apologie que Montaigne faz de de Raimond Sebond, o teólogo natural.

quarta-feira, junho 20, 2012

                   Campainha e interruptor da luz de cabeceira de um  conhecido hotel português. A fotografia 
é de ontem.

«Bientôt minuit. C'est l'instant où le malade, qui a été obligé de partir en voyage et a dû coucher dans un hôtel inconnu, réveillé par une crise, se réjouit en apercevant sous la porte une raie de jour. Quel bonheur, c'est déjà le matin! Dans un moment les domestiques seront levés, il pourra sonner, on viendra lui porter secours. L'espérance d'être soulagé lui donne du courage pour souffrir. Justement il a cru entendre des pas; les pas se rapprochent, puis s'éloignent.
Et la raie de jour qui était sous sa porte a disparu. C'est minuit; on vient d'éteindre le gaz; le dernier domestique est parti et il faudra rester toute la nuit à souffrir sans remède.»

Proust, RTP, Du côté de chez Swann

segunda-feira, junho 18, 2012



In paradisum deducant te angeli
Ao paraíso possam os Anjos levar-te.
in tuo adventu 
À tua chegada
suscipiant te martyres,
recebam-te os Mártires,  
et perducant te 
e guiem-te
in civitatem sanctam Jerusalem. 
à cidade santa, Jerusalém.
Chorus angelorum te suscipiat, 
Recebam-te os coros dos Anjos,
et cum Lazaro quondam paupere 
e com Lázaro, outrora pobre, 
aeternam habeas requiem.
possas ter  o eterno descanso.

Em memória de LA.F. - um comentador deste "blog".


domingo, junho 10, 2012

                                                    DIA DE PORTUGAL E DE CAMÕES


sexta-feira, junho 08, 2012

Medina Carreira em entrevista ao “i” «Tenho para mim como certo que a origem da presente crise do Ocidente emerge da sua desindustrialização e da dependência energética, com custos crescentes. Foi isso que afundou as economias e foi esse afundamento que motivou os endividamentos já referidos, destinados a evitar uma quebra acentuada do padrão de vida ocidental. Entre nós, sentem-se também os efeitos da incompetência e da irresponsabilidade governativa vigente nos últimos anos. A fragilidade económica ocidental gerou os endividamentos e foram estes que originaram o subprime americano, tanto quanto a chamada crise das dívidas soberanas na Europa. A crise da zona euro surge na sequência desses factos. Sem se enfrentar esta realidade mais ampla, os esforços em curso na Europa do euro, mesmo que bem sucedidos, não evitarão a progressiva decadência do Ocidente. Neste emaranhado de circunstâncias, de que ainda não se fala em Portugal, as árvores são a austeridade, a falta de crescimento e o desemprego. Estão na orla da floresta e por isso são visíveis por todos. Mas a reviravolta do mundo, que é tudo o resto que a liberalização económica provocou, ultrapassa a Europa e o euro, e constitui a verdadeira floresta em que avançamos, desorientados.» Medina Carreira não é o senhor pitoresco, caturra e ultrapassado que nos avisava e tinha razão acerca dos “desafios” de Sócrates. Medina Carreira pensa, verdadeiramente, actividade que ocupa pouca gente em Portugal e menos ainda quando se trata de questionar a nossa civilização - ou aspectos dela - actividade deixada pouco mais o que à ficção científica.
Humberto Coelho pronunciou-se sobre a polémica que rodeia os jogadores. Espera-se, a todo o momento, uma reacção do secretário Viegas da cultura.

quarta-feira, junho 06, 2012

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Os primeiros versos emitidos pela BBC anunciaram à resistência francesa a iminência do desembarque aliado.
Foi há 68 anos e convém não esquecer.

terça-feira, junho 05, 2012

domingo, junho 03, 2012

Seria Impensável não assinalar o 60º aniversário da subida ao trono da Rainha Isabel II, um exemplo de dignidade e estoicismo no desempenho do seu cargo.
God Save their gracious Queen!

sexta-feira, junho 01, 2012

Mesmo para quem discorde, o afirmado pela Dra. Teodora Cardoso exprime uma reflexão e uma preocupação com questões decididamente sérias, coisa rara entre nós.

quinta-feira, maio 31, 2012

Balanço do mês de Maio: gente medíocre espia gente medíocre. (A mediocridade é majestática em Portugal). Déficit orçamental e execução do orçamento em perigo. Reformas que, por pura cobardia, continuam por fazer. Um primeiro-ministro sem rasgo que não soube aproveitar a ocasião. Esperam-nos tristíssimos tempos.

terça-feira, maio 22, 2012

Da entrevista da Dra. Maria do Carmo Vieira: Grego clássico, em Portugal, já não haverá ninguém a aprender; Latim é uma disciplina de opção. Literatura Portuguesa idem. Pode-se ser professor de português sem ter estudado latim ou literatura portuguesa. Assim, através da estupifidicação, se prepara um país para a Ditadura.

domingo, maio 20, 2012

Quando alguém perguntar o que significa «deus ex machina» pode-se ensaiar uma resposta: "O trovão de Hollande" ou, em francês, La Tonerre de Hollande.
No caso, um deus vingador da vulgaridade.
Os Domingos estão menos insuportáveis. O  seu mal-estar espalhou-se pelos outros dias da semana.

terça-feira, maio 15, 2012

sábado, maio 12, 2012


Bernardo Sassetti  morreu na quinta-feira.
« Quand les dégoûtés s’en vont, il reste les dégoûtants»

sexta-feira, maio 11, 2012

What made telephone conversation so interesting to one of the main progenitors of “conversational analysis”—a discipline that looks for the deep structures in our everyday talk—was not that it represented some bold break from traditional human communication, but that it is, in essence, pure talk, not contaminated by the suggestive glance, the gesture of a hand, a person’s body torque. Sifting through hundreds of hours of actual recorded calls from an array of sources, Schegloff rigorously dissected the dynamics in play when two people who cannot see each other talk: the turn taking, the “forced position repair” (that moment in a conversation when one realizes there has been a misunderstanding—“I thought you meant . . .”— and the participants must go backward in time to “fix” the conversational thread).

quinta-feira, maio 10, 2012

[...]
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
[...]

Álvaro de Campos, Aniversário

segunda-feira, maio 07, 2012

Quem leu Eça - as reflexões de Eça sobre a França - perceberá melhor a eleição de Hollande no que ela é para além de justa reacção à  vã agitação de Sarkozy.

Com o socialista é o regresso à normalidade no que se refere a  amantes e estado, dois aspectos essenciais da vida pública francesa.
Ao contrário do vencido, que no começo do seu mandato corria atrás de uma mulher visivelmente farta dele e que o deixou (sim, Sarkozy era um quitté - uma das situações mais humilhantes para um francês, a ponto de, segundo Stendhal,  serem escassas as palavras para designar tal situação),  Hollande tem uma amante  que escondeu do público durante a campanha eleitoral da sua maitresse en titre, Ségolène Royal e que hoje é a oficial, Valérie Massonneau, divorcée Trierweiler.
Por aqui aqui se pode ver que a vitória de Hollande é a da França séria, cordata, que dizer?, habitual, onde "les grandes passions sont si rares que les grands hommes" e as amantes desempenham um papel determinante no exercício do poder  ("De l'amour" de Stendhal  - com relevância, capítulos XL,  XLI e XLII)

Por aqui, tudo bem, dir-me-ão. mas e o estado: "As medidas propostas por Hollande? Não revelam imprudência, não são nefastas?"
Creio que deverão ser tidas como declarações não sérias, não no sentido de serem desonestas, mas no de serem jocosas, uma plaisanterie, une guignolade, bonne á rigoler:  há mesmo promessas de gastar rios de dinheiro, o que, nas presentes condições, desempenha o papel dos apartes das comédias de Moliére: um modo jovial e rassurant de assegurar  que nada se vai, afinal, passar como julgam.

Não, de verdadeiramente tenebroso em Hollande e que, devo confessar,  me inquieta, apenas sua mãe, assistente social e católica de esquerda.

sábado, maio 05, 2012

Creio que não é novidade.
Há muito que a imagem de Portugal no exterior é a de um país corrupto.

Quanto aos juízes: não creio que a renuneração  seja um problema. Em Inglaterra - naquele país onde não há ditaduras - 75% das acções são julgadas por pessoas comuns,  em voluntariado, que têm uma  formação de algumas  semanas e que recebem apenas modestas ajudas de custo para deslocações, não vendo ninguém nesse regime qualquer problema ou ameaça à independência judicial - que, por aqui, se eleva às altura de uma essência diafana e inefável, quando consiste na produção de decisões de acordo com a lei e não consoante o desejo do poder executivo. A tese que subjaz é a de que o dinheiro, ou a falta dele, deixam os juizes nas mãos do executivo. Não menos deixa o excesso de benesses e a expectativa de mais...
O que assegura a independência e a imparcialidade -  coisa diferente da «independência» -  dos juízes não é o dinheiro: é a honestidade e uma cultura que a premeie.

quinta-feira, maio 03, 2012


Belarmino

Há dois ou três dias, sem que me lembre já a propósito de quê e sem saber sequer que o realizador estava doente, vi uns excertos d'Abellha na Chuva e Belarmino.

Em Belarmino, de Fernando Lopes,  Lisboa, a baixa cheia de gente - e que dos três foi a primeira a morrer.
Este tempo de Fevereiro em Maio, desagradável noutros anos, serve neste para descansar as pupilas dos excessos.
E a comoção do 1º de Maio foi o promocional  bodo aos pobres  dado pelo Sr Alexandre Soares dos Santos, proprietário do "Pingo Doce".

Apesar dos tumultos, alguns dos fregueses deixaram palavras de agradecimento à bondade do empresário.

A «troika» considerou  nociva a situação de monopólio na distribuição alimentar, facilitada, ao longo de anos, pelas administrações central e local.

terça-feira, abril 17, 2012

Não é que já não goste de «blogar», que gosto; o busílis reside no Facebook, onde se palra e há novidades.
Grande parte da vida bloguística transferiu-se para lá e hoje, excepção feita aos blogues-artigos-de-fundo, estes, pessoais, têm um pouco o aspecto solitário das gavetas a que sucederam como repositório de impressões.
Que fazer a um objecto destes, que, já faz parte da minha vida vai para Setembro fazer 9 anos?
Esperar que se transforme na questão de uma  década? É isso.

quinta-feira, abril 05, 2012

quinta-feira, março 29, 2012

Um governo chefiado por um falso engenheiro, com uma resolução de «conselho de ministros», põe a andar um mecanismo de destruição da Língua Portuguesa.
Estas monstruosidades, produtos do atraso, do analfabetismo, da falta de espírito crítico, de falta de respeito pelo Património, ao serviço das ambições sul-americanas, como as podemos combater?

terça-feira, março 20, 2012

A Primavera começou há bocadinho.
A primeira notícia a brotar não é agradável:

«De acordo com o estudo da consultora Ernst & Young, o crescimento da Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal, até 2015, não irá além de 0,5% – um ritmo lento e incomparável com o progresso de 9% que os restantes 12 países da zona euro deverão registar.
O ritmo de crescimento lento, a par com a quebra no investimento público, taxa de desemprego elevada e recuo no consumo público e privado são alguns dos indicadores que definem um país “pobre”.»

Trouxeram-nos aqui Cavacos palonços de poucas letras, Passos-khen, Marcelos inteligentíssimos e patéticos - um Gilles palrador -  Pachecos, também inteligentíssimos (o que nós temos de gente inteligentíssima!) Toninhos Xavieres amáveis, Portas, alguns crápulas e um ou outro ganster.
Tudo isto funciona a 220 costaváquos.

quinta-feira, março 08, 2012

Há pouco, uma chamada minha foi respondida com um sms com algo como "longe, a caminho de  ilha sem rede". E não só não tive qualquer inveja mesmo daquela benóvola e confessável, como não deixei de estimar estar por aqui. É o meu "côté Des Esseintes».

sábado, março 03, 2012

Este artigo deve tomar-se como uma provocação, um convite a que meçamos as implicações daquilo que concedemos levianamente, por preguiça, ou por moda.

sexta-feira, março 02, 2012

Descobri agora que perdi todos os «links» dos outros «blogs».
Tenho uma vaga ideia de ter guardado, de uma mudança anterior de template.
Espero encontrar.
Depois: e achei. Vou poder repô-los e não perder  esse aspecto da história deste artefacto, a caminho dos oito anos.

quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Noite passada a ler sobre insultos e pragas em Old Norse.
Leitor de Hergé, admirador do Capitão Haddock, sempre me pus a questão de serem os insultos que conhecemos descendentes degenerados de um dizer fulminante e letal que já esquecemos ou a que nos tornámos indiferentes.

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Ash Wednesday

Because I do not hope to turn again
Because I do not hope
Because I do not hope to turn
Desiring this man's gift and that man's scope
I no longer strive to strive towards such things
(Why should the aged eagle stretch its wings?)
Why should I mourn
The vanished power of the usual reign?

Because I do not hope to know again
The infirm glory of the positive hour
Because I do not think
Because I know I shall not know
The one veritable transitory power
Because I cannot drink
There, where trees flower, and springs flow, for there is nothing again

Because I know that time is always time
And place is always and only place
And what is actual is actual only for one time
And only for one place
I rejoice that things are as they are and
I renounce the blessed face
And renounce the voice
Because I cannot hope to turn again
Consequently I rejoice, having to construct something
Upon which to rejoice

And pray to God to have mercy upon us
And pray that I may forget
These matters that with myself I too much discuss
Too much explain
Because I do not hope to turn again
Let these words answer
For what is done, not to be done again
May the judgement not be too heavy upon us

Because these wings are no longer wings to fly
But merely vans to beat the air
The air which is now thoroughly small and dry
Smaller and dryer than the will
Teach us to care and not to care
Teach us to sit still.

Pray for us sinners now and at the hour of our death
Pray for us now and at the hour of our death.
(.............................................................................)
T. S. Eliot



sábado, fevereiro 11, 2012

Público - O futuro dura muito tempo

Vasco Pulido Valente tem geralmente razão porque lê a realidade, enquanto a generalidade dos políticos e «fazedores de opinião» gosta de a recitar.

«[...] Os deputados da Assembleia da República espumavam de fúria e o Governo resolveu exibir a sua dignidade num comunicado seco e sentido. Toda essa gente se acha com certeza acima da crítica daqueles que lhe vão dando o pão de cada dia. Mas não lhe ocorre que não mereça o respeito de ninguém. Cá dentro, houve um pacto para não se falar do passado, ou seja, para nunca se apurarem as culpas do sarilho onde nos meteram. E o patriotismo serve para ir calando parcialmente o que se diz lá fora. Os príncipes e o pessoal menor da República andam por aí de "consciência tranquila" , como eles nos costumam garantir, a tratar com serenidade e deleite da sua preciosa vidinha.

Mesmo em portugueses, esta extraordinária ilusão não deixa de surpreender. O Estado falhou no essencial e foram eles que falharam. Não foi a Europa ou a América ou o "capitalismo selvagem" que falharam. Foram eles. Levar um povo inerme à falência e, a seguir, à miséria equivale, por exemplo, a perder uma guerra. São coisas que não se desculpam. A relativa resignação com que os portugueses se têm portado talvez leve a maioria do nosso funcionalismo político ao erro de supor que adquiriu uma espécie de imunidade perpétua e que nem agora, nem depois lhe pedirão contas. Mas, como já se vai vendo, a vontade de as pedir aumenta dia a dia e acabará inevitavelmente por se tornar geral.»

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

 Uma lição que chega de  Angola:

«A Língua Portuguesa é património de todos os povos que a falam e neste ponto estamos todos de acordo. É pertença de angolanos, portugueses, macaenses, goeses ou brasileiros. E nenhum país tem mais direitos ou prerrogativas só porque possui mais falantes ou uma indústria editorial mais pujante.
Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a Língua Portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às “leis do mercado”. Os afectos não são transaccionáveis. E a língua que veicula esses afectos, muito menos. Provavelmente foi por ter esta consciência que Fernando Pessoa confessou que a sua pátria era a Língua Portuguesa.»

Jornal de Angola, 8 de Agosto de 2012

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

E passam hoje 104 anos sobre a data do Regicídio d'El-Rei D. Carlos I e do Príncipe Real D. Luís Filipe.

Com este crime a república desembaraçou-se de um Rei popular e com prestígio internacional.
O século republicano não foi dos mais brilhantes: caos, crime, ditadura e, agora, a falência no quadro de um país devastado moralmente.

terça-feira, janeiro 31, 2012

É hoje o centenário de SAR, a Senhora Infanta Dona Adelaide de  Bragança, neta de D. Miguel e Infanta de Portugal

Para além das qualidades pessoais, que a fazem credora da admiração dos Portugueses, que não perderiam em conhecer melhor a sua vida, com  uma condenação à morte pelo regime nazi e depois, menos emocionante,  a acção social em Portugal ao longo de muitos anos,  a Senhora Infanta liga-nos de um modo muito directo a um período histórico já remoto. A sua longevidade, conjugada com nascimentos  tardios (seu Pai nasceu quando o Rei D. Miguel tinha já 51 anos, e o Pai de Dona Adelaide tinha, por sua vez,  59 anos à data do  seu nascimento,  em 1912).
Assim, convivemos hoje com  a sobrinha-neta do Rei D. Pedro IV,  (sim, o da estátua do Rossio, sendo  seu Pai  primo direito da Rainha D. Maria II, de quem a Infanta é, por isso, uma próxima segunda prima.
Pelo seu nascimento e pela sua vida, a  Infanta Dona Adelaide é alguém muito longe da habitual mesmice.

O Impensável apresenta os seus respeitosos  parabéns a Sua Alteza Real


Uma notícia sobre a Infanta, aqui


sábado, janeiro 28, 2012

Há numerosas votações por unanimidade na Assembleia da República.
Algumas, como a do «acordo ortográfico» são, para além de insultuosas, de todo incompreensíveis porque recaem sobre assuntos que dividem a opinião dos portugueses e Portugal pretende  fingir ser uma democracia representativa.

O mistério esclarece-se, no entanto, facilmente: basta lembrar a lei eleitoral e o processo de nomeação dos deputados, que dependem inteiramente dos chefes dos partidos e respectivos caciques.

É que tudo continua  como aqui se explica:

«- Agora, meu amigo, com a tio do Cavaleiro ministro da Justiça e o José
Ernesto ministro do Reino, vai Deputado pela círculo quem o André
Cavaleiro mandar.[...]
«De resto (declarara o Cavaleiro, rindo) aquele Circulo de Vila-Clara constituía uma propriedade sua - tão sua como Corinde. Livremente, poderia eleger o servente da Repartição que era gago e bêbedo.»

Eça de Queiróz, A ilustre Casa de Ramires

sexta-feira, janeiro 27, 2012

O meu feriado favorito

Para o que lhes havia de dar...
Sobre o «acordo» ortográfico

O «acordo» é um assunto da(s) maçonaria(s), que tomou a seu cargo os desejos da(s) sua(s) congénere(s) brasileira(s). Na posse deste dado, a que convém acrescentar as revelações recentes, o que lhe parece agora estranho ficará claro: a falta de discussão no parlamento, as pequenas e maiores sabotagens, os apoios que falecem, as adopções pelos jornais, a imposição nas escolas pela ministra alçada, mulher de vilar, maçon ou para-maçon, ex-presidente da Gulbenkian que pagou o dicionário do malaca, não terá qualquer dificuldade em perceber. O impulso processual deste «acordo» foi dado por Sarney, o ex-presidente brasileiro que junta à sua pertença à maçonaria o lugar na academia brasileira de letras - a que atribuiu recentemente o seu maior prémio a Ronaldinho Gaúcho,  Acrescente-se a isso uma corrupção tropical, combinada com anseio dos literatos lusitanos de não haver quem os compra  (como Flaubert já notava a propósito de outras gentes) e ter-se-á a receita miserável do «acordo».

Um dos erros cometidos pelos intelectuais portugueses sérios, do Prof. Victor Aguiar e Silva ao Prof. António Emiliano, terá sido o de pensarem que os seus reparos demolidores, que reuniam a qualidade académica à sensatez, se imporiam a este atrevimento rufia.

A questão, no entanto, como disse o malaca*,era política, não línguística, e o Estado Português, colapsado, não podia  - nem pode ainda - dar a resposta devida.

E como vejo no governo representantes dessa massa falida que é Portugal hoje, não creio que a coisa mude tão rapidamente. Mas mudará!

* permito-me um idiossincrasia ortográfica: escreverei sempre com minúscula os nomes relacionados com os responsáveis pelo «acordo».

quinta-feira, janeiro 26, 2012

É quando ouvimos o Primeiro-Ministro britânico falar sobre a loucura que seria uma «taxa Tobin» no espaço europeu que relembramos que a Revolução Industrial foi em Inglaterra.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Creio que já se percebeu que de mudanças teremos o mínimo possível.
E da  alarvidade campónia da «nova» lei do arrendamento às manobras do regente do status quo da união nacional, o maçon Relvas, tudo indica que o futuro não será risonho.
Com  inquietação se deve registar o aparente alastrar da pacovice a quem a  deveria ser imune, quanto mais não fosse, pela contínua exposição à realidade exterior. Esperemos que não tenhamos mais anúncios de pontos de viragem.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Ontem à noite, ensaio do Warburg sobre o retrato de Lourenço de Medicis, por Ghirlandaio, na Capela Sassetti.
Pesquisa na net sobre pormenores do fresco, com a opção  semelhantes. Verifico, com algum espanto, que o google lê o retrato de um modo que o Dali da Bordadeira de Vermeer não desdenharia.
O método paranóico-crítico daliniano usado pelo google assemelhou  Lourenço e os Sassetti   à imagem abaixo.



quarta-feira, janeiro 11, 2012

Nada muda nem se vislumbra com  que  tal se assemelhe.
Não se lobriga uma ideia sobre  o futuro.
Convenhamos, essas ausências não são, necessariamente, o pior.
Num país falido, desorientado, exangue,  impõe-se e proíbe-se: um «acordo» ortográfico que é um crime e fumar.
Isso é verdadeiramente mau.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

DECLARAÇÃO DE DESOBEDIÊNCIA AO dito ACORDO ORTOGRAFICO

Do Prof. Doutor LUIZ FAGUNDES

«Como cidadão, e como linguista e professor que se ocupa da História da Língua Portuguesa, e porque entendo que – primeiro – o Acordo Ortográfico é um chorrilho de asneiras desnecessárias e inúteis, e que – segundo – não compete ao Estado decidir como é que eu devo escrever a língua que herdei dos meus antepassados (e que escrevo tal c...omo a Sr.ª D. Graziela me ensinou na escola primária da Serreta), do mesmo modo que não compete ao Estado decidir que remédio deverei eu utilizar para as dores nas costas (competência que apenas reconheço ao meu médico), declaro aqui solenemente que me recuso a escrever o Português à maneira atoleimada e anti-histórica que me tentaram impor.

Este é, até ao momento, o meu único acto de desobediência civil.

Mas é consciente.»

Que se subscreve, entusiásticamente.

domingo, janeiro 08, 2012

quarta-feira, janeiro 04, 2012

A escassez de dinheiro não será o que mais incomodará um país  com séculos de pobreza, apenas por um momento posta de parte.
Voltarão as artimanhas para matar fomes - um entranhado e genuíno  gosto pela austeridade não será a menor.

domingo, janeiro 01, 2012

De Viena, o Concerto de Ano Novo.
Era dessa Europa, a que pertencemos por direito - e as Cinco Quinas estão bem presentes em Viena -, que eu achava, ingenuamente, que Portugal se iria aproximar com a entrada na CEE.

Bom ano de 2012 e coragem (lembrem-se que já só nos faltam as qualidades)!