terça-feira, abril 29, 2008
segunda-feira, abril 28, 2008
António Barreto escreve no Sorumbático:
(Itálico e realce meus).
Concepção limitada das liberdades de imprensa e de expressão, noção restrita de interesse público, tudo isto me parece igual a autoritarismo e arreigado e geral atraso, com a agravante de emergir do âmago do poder judicial.
Esta notícia, que passou quase despercebida, teria tido, se houvesse entre nós uma genuina preocupação com a qualidade da nossa democracia, uma bem diferente repercussão.
domingo, abril 27, 2008
Na incerteza e na indecisão, de que muito padeço, tenho de usar critérios para avaliar se estou em ocasião e sítio divertidos (à mesa, ou depois de jantar) e se, por isso, estou, ou deveria estar, animado e de boa disposição - o que seria de todo inútil se não me sentisse bem em alturas inadequadas e não me risse frequentemente a despropósito. Um dos mais métodos mais fiáveis é esperar que ocorra, de preferência ao mesmo tempo e na mesma mesa, uma discussão sobre o melhor modo de chegar à Ovibeja e outra sobre, digamos, Proust, Eça ou Camilo. Quando tal acontece, fico descansado porque sei que estou entre gente amistosa, que não tenho senão que tirar o melhor partido da ocasião e agradecer aos céus tudo o que me deu no que toca a topografia prática.
Há variações no critério, como observado, mas menores, pelo que o cataloguei com o previsível nome de «Critério "Recherche-Ovibeja"»; tem-me proporcionado, até aqui, um método seguro de fugir a secas.
Hoje, porém, li a assustadora notícia de que o presidente da república lá esteve, a inaugurar, e que falou na PAC - política agrícola comum, que já era má quando eu andava na faculdade - e de agricultura em Portugal (supõe-se que feita por portugueses...); até aqui, óptimo: o assunto presta-se a alguma chalaça. Pior é o aquecimento global, que considero uma crendice de falta de gosto, principalmente no Inverno. Ficar este assunto-estopa associado a uma coisa tão agradável como a Ovibeja pode vir a inutilizar um instrumento de análise que aperfeiçoei ao longo de anos.
Há variações no critério, como observado, mas menores, pelo que o cataloguei com o previsível nome de «Critério "Recherche-Ovibeja"»; tem-me proporcionado, até aqui, um método seguro de fugir a secas.
Hoje, porém, li a assustadora notícia de que o presidente da república lá esteve, a inaugurar, e que falou na PAC - política agrícola comum, que já era má quando eu andava na faculdade - e de agricultura em Portugal (supõe-se que feita por portugueses...); até aqui, óptimo: o assunto presta-se a alguma chalaça. Pior é o aquecimento global, que considero uma crendice de falta de gosto, principalmente no Inverno. Ficar este assunto-estopa associado a uma coisa tão agradável como a Ovibeja pode vir a inutilizar um instrumento de análise que aperfeiçoei ao longo de anos.
sábado, abril 26, 2008
A grande questão
«Como era inevitável, a ilusão durou pouco. O velho Portugal reemergiu sob novas formas, mas reemergiu. Voltámos, como de costume, a uma "inferioridade", que desta vez não é atribuível a qualquer demónio externo ou azar histórico. E não existe no saco dos milagres outro 25 de Abril para nos "salvar".»
Vasco Pulido Valente, no Público.
«Como era inevitável, a ilusão durou pouco. O velho Portugal reemergiu sob novas formas, mas reemergiu. Voltámos, como de costume, a uma "inferioridade", que desta vez não é atribuível a qualquer demónio externo ou azar histórico. E não existe no saco dos milagres outro 25 de Abril para nos "salvar".»
Vasco Pulido Valente, no Público.
Náusea ligeira. Será que foi de alguma coisa fora do prazo? Um governo? Um ministro? Qualquer coisa me fez mal. Maçada. E não sei onde pus os sais de frutos?
sexta-feira, abril 25, 2008
quinta-feira, abril 24, 2008
quarta-feira, abril 23, 2008
Eis, julgo, uma das razões da pressa brasílica no «acordo» ortográfico (e, também, talvez, de tantas apressadas adesões, nestes tempos aqui de vacas magras e poucas e pouco rendosas prebendas, agora que um novo ouro negro parece começar a jorrar lá).
Pena é que o português que se encontra nas faculdades do Brasil seja, na essência, pobre no léxico e pobre na sintaxe, onde um não sei quê de rígido e de endomingado convive com um à-vontade descuidado e caseiro. Pobre porque o Brasil não é um país desenvolvido, tem um péssimo ensino, fraquíssimos hábitos de leitura e, de um modo geral, fracas faculdades (as nossas, sendo más, têm das do Brasil a vantagem da distância que, apesar de tudo, vai do razoável do terceiro mundo ao medíocre do primeiro mundo).
Se tudo fosse feito com vontade de ajudar de enriquecimento e conhecimento mútuos... Se fosse com o fito no justo lucro... Mas temo bem que o subjaza a tudo isto sejam fumos de império, idos daqui e requentados lá, mas com muito menos êxito do que a feijoada.
Do governo à oposição parece que já ninguém fala em pôr Portugal a, digamos, meio da tabela dos países europeus.
As ambições parecem consistir em não ser processado pela comissão, o mínimo dos mínimos.
Os políticos portugueses de hoje assemalham-se aos psicanalistas: nem uns nem outros falam já de cura.
Quem falar em 7% ou 8% de crescimento será tido por irresponsável ou mesmo desonesto.
As ambições parecem consistir em não ser processado pela comissão, o mínimo dos mínimos.
Os políticos portugueses de hoje assemalham-se aos psicanalistas: nem uns nem outros falam já de cura.
Quem falar em 7% ou 8% de crescimento será tido por irresponsável ou mesmo desonesto.
terça-feira, abril 22, 2008
O Do Portugal Profundo, celebrou um milhão de visitas.
Este blog, celebrizado pela solidez com que investigou a «licenciatura» do actual primeiro-ministro é um exemplo louvável de intervenção cívica em Portugal.
O Impensavel dá ao Senhor Doutor António Balbino Caldeira, os seus parabéns.
Este blog, celebrizado pela solidez com que investigou a «licenciatura» do actual primeiro-ministro é um exemplo louvável de intervenção cívica em Portugal.
O Impensavel dá ao Senhor Doutor António Balbino Caldeira, os seus parabéns.
segunda-feira, abril 21, 2008
domingo, abril 20, 2008
Verificação de Domingo
Os portugueses continuam a viver acima dos seus meios.
E, como vivem acima das suas posses, pedem emprestado. E os bancos a quem pedem emprestado, vão, por sua vez, pedir ao estrangeiro.
Sabendo-se que a grande parte do crédito é constituída por crédito para compra de casa, a política de proteccionismo aos inquilinos que liquidou o mercado de arrendamento salda-se, hoje em dia, por uma transferência de 20 mil milhões de euros anuais, em juros pagos ao entrangeiro.
Os portugueses continuam a viver acima dos seus meios.
E, como vivem acima das suas posses, pedem emprestado. E os bancos a quem pedem emprestado, vão, por sua vez, pedir ao estrangeiro.
Sabendo-se que a grande parte do crédito é constituída por crédito para compra de casa, a política de proteccionismo aos inquilinos que liquidou o mercado de arrendamento salda-se, hoje em dia, por uma transferência de 20 mil milhões de euros anuais, em juros pagos ao entrangeiro.
sábado, abril 19, 2008
Creio que é deste modo: lê-la, a revelação tenebrosa que nos faz sentir mal, haurir dela o desgosto, asco e desprezo e sentir essa sufocação espessar em nó, na garganta; bradar um "ah canalha!, ah que canalha!" e fica-se pronto para tudo. Hoje foi com a notícia de que Santa Apolónia ia ser demolida.
Ou a invalidez: a estação seria desactivada.
Com o dinheiro gasto com a ligação ao metropolitano seria troçar de todos nós - que pagámos milhões e milhões por aquele linha.
Ou a invalidez: a estação seria desactivada.
Com o dinheiro gasto com a ligação ao metropolitano seria troçar de todos nós - que pagámos milhões e milhões por aquele linha.
Da história não falo já (uma estação a que chegaram Fradique Mendes e a Maria Papoila!)
Quem instila um pouco que seja de bom senso a esta gentalha?
Quem instila um pouco que seja de bom senso a esta gentalha?
sexta-feira, abril 18, 2008
Em Portugal acha-se de mau tom falar das relações privadas de quem tem cargos públicos. Em tese geral - e é em tese geral que falo - creio que é mais que lícito saber-se da existência de tais ligações, desde que elas possam afectar terceiros ou ajudarem ao aparecimento de situações de privilégio.
Tomemos o exemplo dos juizes: pode-se levantar o incidente da suspeição do juiz se este ou o seu cônjuge forem parentes de uma das partes. E se o juiz viver em união de facto com B e a parte contrária for irmão de B? Deve a outra parte abdicar do direito que tem de usar o incidente da suspeiçao do juiz? É claro que não! A razão do preceito, a possibilidade da parcialidade do juiz estar afectada pela proximidade afectiva ou pela possibilidade de benefícios materiais existe, por mais discretamente que as coisas se passem! Julgar o contrário seria criar uma desigualdade entre as pessoas casadas e os que não o são, premiando injustificadamente estas últimas, ocasionando o surgimento de vantagens incompreensíveis. Se o titular de um cargo político ou até da administração tomar uma decisão que afecta C, com quem mantém uma relação amorosa, e da qual depende não apenas a situação de C, mas de outras pessoas (um concurso público, por exemplo) é mais que lícito que essa situação seja conhecida!
Quem quer a sua privacidade perfeitamente resguardada não tem cargos públicos ou não tem relações com quem os tem; menos ainda, tendo-as, pode tomar posições públicas esperando que essa ligação não seja conhecida ou invocável: deve e pode ser invocável.
É desagradável e incómodo? É, mas essa incomodidade faz parte da vida democrática.
Aliás, vantagens sem inconvenientes, nem na mais absoluta das monarquias.
Tomemos o exemplo dos juizes: pode-se levantar o incidente da suspeição do juiz se este ou o seu cônjuge forem parentes de uma das partes. E se o juiz viver em união de facto com B e a parte contrária for irmão de B? Deve a outra parte abdicar do direito que tem de usar o incidente da suspeiçao do juiz? É claro que não! A razão do preceito, a possibilidade da parcialidade do juiz estar afectada pela proximidade afectiva ou pela possibilidade de benefícios materiais existe, por mais discretamente que as coisas se passem! Julgar o contrário seria criar uma desigualdade entre as pessoas casadas e os que não o são, premiando injustificadamente estas últimas, ocasionando o surgimento de vantagens incompreensíveis. Se o titular de um cargo político ou até da administração tomar uma decisão que afecta C, com quem mantém uma relação amorosa, e da qual depende não apenas a situação de C, mas de outras pessoas (um concurso público, por exemplo) é mais que lícito que essa situação seja conhecida!
Quem quer a sua privacidade perfeitamente resguardada não tem cargos públicos ou não tem relações com quem os tem; menos ainda, tendo-as, pode tomar posições públicas esperando que essa ligação não seja conhecida ou invocável: deve e pode ser invocável.
É desagradável e incómodo? É, mas essa incomodidade faz parte da vida democrática.
Aliás, vantagens sem inconvenientes, nem na mais absoluta das monarquias.
quinta-feira, abril 17, 2008
Ainda quanto ao divórcio: copia quase totalmente a legislação francesa mas com prazos mais curtos e alguns - habituais - erros de tradução, talvez culpa dos faux amis jurídicos.
Há alusões ao centenário da república. A tradução dos diplomas de Chirac para comemorar o 5 de Outubro embora um pouco cómica é coerente, já que a 1ª república também era uma adaptação da francesa).
Há alusões ao centenário da república. A tradução dos diplomas de Chirac para comemorar o 5 de Outubro embora um pouco cómica é coerente, já que a 1ª república também era uma adaptação da francesa).
Há 90 anos um governo português resolveu intervir no preço das rendas. A intervenção poderia justificar-se, era o tempo da 1ª guerra mundial. Desde essa altura nunca mais o governo português, do Dr Salazar aos governos socialistas, deixou de intervir. Essa intervenção originou o definhamento do mercado de arrendamento, depauperou os proprietários dos prédios provocando o envelhecimento e degradação de todo o parque imobiliário, com reflexos tristes - e à vista nas cidades - e com a adesão à UE, levou a que os portugueses se endividassem na compra de casas. Hoje, o governo veio criar a possibilidade do aumento do prazo de crédito bonificado de 30 para 50 anos. A medida não terá, praticamente, repercussões já que os bancos não emprestam a quem tenha mais de 70 anos no termo do empréstimo. A não ser que o governo decrete que, para cumprir prazos, seja proíbido morrer antes de pago o empréstimo, acreditando que uma multa pesada dissuada os devedores de irem desta para melhor -literalmente - já que aqui a dívida será tendencialmente perpétua.
Eu, que assumi de vez a minha vocação de turiste, exclamo debaixo do meu largo chapéu de palha de viajante: "que pitoresco, que imaginação, que devoção tão campestre na lei!"
Eu, que assumi de vez a minha vocação de turiste, exclamo debaixo do meu largo chapéu de palha de viajante: "que pitoresco, que imaginação, que devoção tão campestre na lei!"
quarta-feira, abril 16, 2008
Sobre o acordo, imprescindível ler o artigo de Rui Ramos no Público (sem link directo, em «Opinião»), um dos mais lúcidos que li até agora, na denúncia das ideias e concepções que subjazem ao espírito prestimoso e ávido do governo português. Dos governos portugueses, seja-se justo.
terça-feira, abril 15, 2008
A coisa escrevente e Reis explicaram: são as grandezas futuras do 5º império tecnocrático. Nós ficamos com a parte dos naufrágios desta nova história trágico-marítima.
O que resulta do debate naquele programa é da dificuldade de uma política de afirmação da língua ou lusofonia sustentada no labor diário, pequeno, sem glória imediata: a porta estreita; e a sedução pelo instântaneo, pelo artificial, pelo mágico, em suma, por tudo o que nos conduziu à cauda da Europa: é a escolha do arco triunfal pré-fabricado, da solução rápida: é o chamamento quibírico.
Com os resultados que estão à vista.
Até aqui, o post oficial.
Agora entre nós: excelente o Prof. António Emiliano que calou Reis quanto às falácias de serviço: a da aproximação da língua escrita e falada e a da facilidade de aprendizagem.
Vasco Graça Moura esteve bastante bem, calmo e rebatendo Reis (tenho pena do Eça, aquele Reis não lhe assenta nada bem).
Maria Alzira Seixo esteve, também, muito bem e pertenceu-lhe, embora involuntariamente, o momento alto do programa quando falou de como dizia a Sophia que não podia escrever dansa para desvendar depois que Sophia intuíra a existência desse «s» dansante que havia existido num étimo longínquo, ou quando contava como explicava a Fiama que não podia escrever cysne. Nesta altura a câmara focou a coisa escritora coisinha que, do outro lado a olhava digamos que tristonha. Foi magnífico.
Bom, também, quando apostrofou Nuno Júdice sobre o que era uma reforma e a altura delas - que, seguramente, não é esta em que vivemos. Percebeu-se que Júdice tinha, claramente percebido e intimamente concordado, o que não deixa de produzir o seu efeito.
Entretanto, e enquanto o governo socialista de Portugal programa futuros gloriosos a par com o Brasil, enquanto isso....
As estimativas mais recentes do INE apontam para que, em Portugal, existam cerca de dois milhões de pobres, isto é, 20% da população nacional. Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, instituição responsável pela maior rede de acção social do país revela que “em 2007 o aumento de pessoas carenciadas ou em situação social muito precária aumentou de forma brutal”. “É assim: sempre que a economia vai mal e há mais desemprego, a nossa actividade aumenta”. “No ano passado atendemos centenas de milhares de pessoas com vários tipos de carências”, junta. Manuel de Lemos assinala que “até as Misericórdias se defrontam com problemas de escassez de certos bens, de leite por exemplo”.
O que resulta do debate naquele programa é da dificuldade de uma política de afirmação da língua ou lusofonia sustentada no labor diário, pequeno, sem glória imediata: a porta estreita; e a sedução pelo instântaneo, pelo artificial, pelo mágico, em suma, por tudo o que nos conduziu à cauda da Europa: é a escolha do arco triunfal pré-fabricado, da solução rápida: é o chamamento quibírico.
Com os resultados que estão à vista.
Até aqui, o post oficial.
Agora entre nós: excelente o Prof. António Emiliano que calou Reis quanto às falácias de serviço: a da aproximação da língua escrita e falada e a da facilidade de aprendizagem.
Vasco Graça Moura esteve bastante bem, calmo e rebatendo Reis (tenho pena do Eça, aquele Reis não lhe assenta nada bem).
Maria Alzira Seixo esteve, também, muito bem e pertenceu-lhe, embora involuntariamente, o momento alto do programa quando falou de como dizia a Sophia que não podia escrever dansa para desvendar depois que Sophia intuíra a existência desse «s» dansante que havia existido num étimo longínquo, ou quando contava como explicava a Fiama que não podia escrever cysne. Nesta altura a câmara focou a coisa escritora coisinha que, do outro lado a olhava digamos que tristonha. Foi magnífico.
Bom, também, quando apostrofou Nuno Júdice sobre o que era uma reforma e a altura delas - que, seguramente, não é esta em que vivemos. Percebeu-se que Júdice tinha, claramente percebido e intimamente concordado, o que não deixa de produzir o seu efeito.
Entretanto, e enquanto o governo socialista de Portugal programa futuros gloriosos a par com o Brasil, enquanto isso....
As estimativas mais recentes do INE apontam para que, em Portugal, existam cerca de dois milhões de pobres, isto é, 20% da população nacional. Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, instituição responsável pela maior rede de acção social do país revela que “em 2007 o aumento de pessoas carenciadas ou em situação social muito precária aumentou de forma brutal”. “É assim: sempre que a economia vai mal e há mais desemprego, a nossa actividade aumenta”. “No ano passado atendemos centenas de milhares de pessoas com vários tipos de carências”, junta. Manuel de Lemos assinala que “até as Misericórdias se defrontam com problemas de escassez de certos bens, de leite por exemplo”.
segunda-feira, abril 14, 2008
Alguém que, em Portugal, se demite por achar que é incapaz de resolver um problema?
Creio que Eça escreve sobre um caso idêntico, mas não lhe conhecia parelha!
Terá dito o Ilustre Resignante: “Por culpa própria eu não tenho condições para ir ao encontro da implementação das ACES e com estas pessoas será muito difícil; sem elas, também será difícil”.
Culpa própria? Aqui? Quem é o homem que diz uma coisa dessas? Se não é graçola, se não sai do cargo para ocupar outro melhor, se é mesmo assim, o Impensavel, propõe que esta «avis rara» receba, desde já, a Torre e Espada (Grande Colar).
O Impensável cumprimenta, com muito respeito, admiração e espanto.
P.S. de dia 16: o pedido de demissão foi retirado. Enfim...
Creio que Eça escreve sobre um caso idêntico, mas não lhe conhecia parelha!
Terá dito o Ilustre Resignante: “Por culpa própria eu não tenho condições para ir ao encontro da implementação das ACES e com estas pessoas será muito difícil; sem elas, também será difícil”.
Culpa própria? Aqui? Quem é o homem que diz uma coisa dessas? Se não é graçola, se não sai do cargo para ocupar outro melhor, se é mesmo assim, o Impensavel, propõe que esta «avis rara» receba, desde já, a Torre e Espada (Grande Colar).
O Impensável cumprimenta, com muito respeito, admiração e espanto.
P.S. de dia 16: o pedido de demissão foi retirado. Enfim...
domingo, abril 13, 2008
Entretanto... o inquérito do Público, com 2072 votos, indica que 76% dos leitores daquele jornal não concorda com a entrada em vigor do acordo ortográfico.
É a minha boa notícia de Domingo.
É a minha boa notícia de Domingo.
O embaixador de Portugal no Brasil diz que o acordo ortográfico tem um interesse estratégico.
Eis uma daquelas frases papalvas que não significam rigorosamente nada (e quem as profere bem sabe isso).
Esta encerra, na sua vacuidade pomposa, um recado repetido: há grandes interesses e superiores desígnios que Vossemecês não percebem... e nem vale a pena que moam a cabeça: nós cá estamos, nós cá estamos para tratar de tudo!
Eis uma daquelas frases papalvas que não significam rigorosamente nada (e quem as profere bem sabe isso).
Esta encerra, na sua vacuidade pomposa, um recado repetido: há grandes interesses e superiores desígnios que Vossemecês não percebem... e nem vale a pena que moam a cabeça: nós cá estamos, nós cá estamos para tratar de tudo!
O que diz FERNANDO PESSOA sobre a reforma ortográfica, é bom que seja tão violento e incomodado: há por aí umas grandezas de alma para quem escrever deste ou daquele modo é indiferente, pressupõe-se que por serem grandes as alturas a que vogam... O Soares, então, quer relegar a coisa para uma obscura e incompreensível bulha de eruditos, uma coisa pitoresca de rapé e academia, longe do povo e dos superiores interesses do país e do mundo que ele e uns amigos conhecem bem, ao contrário de nós, ignaros, que nem fazemos ideia. Mas não é só o Soares: mais gente para quem a escrita faz parte do dia a dia alardeia umas indiferenças que eu, eu que choro com um desgosto infantil e primevo as mudanças que querem perpetrar, sentia-me toscamente, tomado por rústicas aflições.
Bem sei que tinha lido e não esquecera o lamento de Pascoaes, sobre os lyrios que em 1911 deixaram de ser lírios, mas era um lamento muito de poeta, que se podia descartar com um sorriso complacente.
Mas, afinal havia o PESSOA, o FERNANDO PESSOA, de quem esquecera a magnífica condenação em prosa.
(Escrevo PESSOA com letra grande do contentamento que sinto, porque ele é grande e imenso.
E ao pé do que anda por aí hoje é galaxial e absolutamente incomensurável.
Bem sei que tinha lido e não esquecera o lamento de Pascoaes, sobre os lyrios que em 1911 deixaram de ser lírios, mas era um lamento muito de poeta, que se podia descartar com um sorriso complacente.
Mas, afinal havia o PESSOA, o FERNANDO PESSOA, de quem esquecera a magnífica condenação em prosa.
(Escrevo PESSOA com letra grande do contentamento que sinto, porque ele é grande e imenso.
E ao pé do que anda por aí hoje é galaxial e absolutamente incomensurável.
Mas, como não tenho tamanhos de letra galaxiais e incomensuráveis, uso o largest.)
sábado, abril 12, 2008
Continuo com o acordo: é espantoso como se omite que as actuais diferenças ortográficas entre Portugal e o Brasil (porque disso se trata, já que ninguém se parece incomodar muito com os outros países ...) foram produzidas por aquela reforma ortográfica, lisboeta, de 1911, que FERNANDO PESSOA chamou de impatriótica*: a mesma reforma que criou muitas das incoerências que são agora citadas para defender um novo acordo (o velho é o de 1945, expressão da reforma de 1945...
Ou seja, qualquer pessoa medianamente sensata teria entendido que legislar sobre ortografia com aquela latitude é, como FERNANDO PESSOA escreveu, um «acto imoral e impolítico»
Mas parece que não...
* Encontrei aqui, quando já desistira de tentar encontrar.
Ou seja, qualquer pessoa medianamente sensata teria entendido que legislar sobre ortografia com aquela latitude é, como FERNANDO PESSOA escreveu, um «acto imoral e impolítico»
Mas parece que não...
* Encontrei aqui, quando já desistira de tentar encontrar.
A dificuldade está em conhecer os limites, o alcance da maldição (apenas a mim? Apenas aos membros masculinos da família? Ou a todos, senhoras incluídas? E ficará pela minha família? Pode incluir gente amiga, até alguns bloguistas... Não menos trabalhoso é redigir a fórmula admonitória. Fica aqui o esboço do que penso ser o núcleo central da coisa:
Ai de quem, acometido por pensamentos de glutonaria, lhes ceda numa madrugada de sábado de Abril: o que houver para derramar, derramar-se-à, o que puder cair, cairá, o que se poder entornar, entornará. O que poder salpicar, salpicará (não usarás mais o pullover azul, não mais essa camisa). A calda fervente te assustará, o estrépido dos talheres te ensurdecerá, a conta dos estragos te arruinará. Refugia-te no sofá.
Está tudo? Acho que não, mas já é um começo...
Ai de quem, acometido por pensamentos de glutonaria, lhes ceda numa madrugada de sábado de Abril: o que houver para derramar, derramar-se-à, o que puder cair, cairá, o que se poder entornar, entornará. O que poder salpicar, salpicará (não usarás mais o pullover azul, não mais essa camisa). A calda fervente te assustará, o estrépido dos talheres te ensurdecerá, a conta dos estragos te arruinará. Refugia-te no sofá.
Está tudo? Acho que não, mas já é um começo...
sexta-feira, abril 11, 2008
quinta-feira, abril 10, 2008
Li, entretanto, umas coisas que disse Carlos Reis sobre o «acordo».
Uma delas: "Deve Portugal manter-se agarrado a uma concepção conservadora da ortografia, como se ela fosse o derradeiro baluarte da identidade portuguesa?"
Não percebo em que é que a ortografia etimológica é conservadora (ou em que será revolucionária ou evoluída a ortografia mais fonética). O inglês ou o castelhano, sem qualquer dúvida línguas do futuro, têm ortografias etimológicas. Estão agarrados a concepções conservadoras? Concepção ultrapassada é a que se pretende impôr agora, que apareceu no séc. XVIII - e com a desvantagem de, no caso, destruir a natural coerência da língua. Porque escrevo egípcio se escrevo Egito e não mais Egipto ("p" reaccionário e saudosista que continua a ser escrito nos países de língua francesa, inglesa ou castelhana)? Mas não creio que uma ou outra ortografia seja "conservadora" ou "revolucionária": o que Carlos Reis quer é conseguir a adesão de todos aqueles que saloiamente procuram sempre seguir a moda do dia, mesmo que a moda, afinal, não exista...
E empurrar os que defendem que se não mexa na ortografia do português daqui para o papel de gente preconceituosa. Carlos Reis sabe que não é assim.
Outra: "E podem alguns portugueses persistir em encarar o Brasil como um parceiro menor neste processo ou até como um inimigo?", lançou, acrescentando: "É curial ou inteligente ignorar o muito que o Brasil faz, por muitas vias, para a afirmação internacional da Língua Portuguesa?"
Mas, isso foi o que fizeram, exactamente, em Lisboa, os sábios de 1911 (positivistas e maçons, ou apenas positivistas) : não consultaram o Brasil e impuseram uma nova ortografia, sem consultar fosse quem fosse. O Brasil rejeitou a ideia, durante anos. Infelizmente, é demasiado português para não acabar por ser seduzido por uma inutilidade.
Mas o Brasil que escreva como quiser.
Continuou: "Se no futuro, os países africanos de língua oficial portuguesa, incluindo o Brasil, se entenderem quanto à adopção de uma ortografia comum, em que posição fica Portugal?"
Bem... se se entenderem, entendem, digo eu.
E se Portugal se entender com os países africanos de língua oficial portuguesa quanto à adopção de uma grafia comum, em que posição fica o Brasil?
Por todo o lado, estas ameaças do que nos poderá acontecer. Infelizmente, já aconteceu: não sei predizer o futuro, mas sei onde nos trouxe, e ao Brasil, a «reforma» ortográfica de 1911: a um estado muito triste, nos últimos lugares da Europa e do mundo no que à vida intelectual diz respeito.
Isso já sabemos.
Uma delas: "Deve Portugal manter-se agarrado a uma concepção conservadora da ortografia, como se ela fosse o derradeiro baluarte da identidade portuguesa?"
Não percebo em que é que a ortografia etimológica é conservadora (ou em que será revolucionária ou evoluída a ortografia mais fonética). O inglês ou o castelhano, sem qualquer dúvida línguas do futuro, têm ortografias etimológicas. Estão agarrados a concepções conservadoras? Concepção ultrapassada é a que se pretende impôr agora, que apareceu no séc. XVIII - e com a desvantagem de, no caso, destruir a natural coerência da língua. Porque escrevo egípcio se escrevo Egito e não mais Egipto ("p" reaccionário e saudosista que continua a ser escrito nos países de língua francesa, inglesa ou castelhana)? Mas não creio que uma ou outra ortografia seja "conservadora" ou "revolucionária": o que Carlos Reis quer é conseguir a adesão de todos aqueles que saloiamente procuram sempre seguir a moda do dia, mesmo que a moda, afinal, não exista...
E empurrar os que defendem que se não mexa na ortografia do português daqui para o papel de gente preconceituosa. Carlos Reis sabe que não é assim.
Outra: "E podem alguns portugueses persistir em encarar o Brasil como um parceiro menor neste processo ou até como um inimigo?", lançou, acrescentando: "É curial ou inteligente ignorar o muito que o Brasil faz, por muitas vias, para a afirmação internacional da Língua Portuguesa?"
Mas, isso foi o que fizeram, exactamente, em Lisboa, os sábios de 1911 (positivistas e maçons, ou apenas positivistas) : não consultaram o Brasil e impuseram uma nova ortografia, sem consultar fosse quem fosse. O Brasil rejeitou a ideia, durante anos. Infelizmente, é demasiado português para não acabar por ser seduzido por uma inutilidade.
Mas o Brasil que escreva como quiser.
Continuou: "Se no futuro, os países africanos de língua oficial portuguesa, incluindo o Brasil, se entenderem quanto à adopção de uma ortografia comum, em que posição fica Portugal?"
Bem... se se entenderem, entendem, digo eu.
E se Portugal se entender com os países africanos de língua oficial portuguesa quanto à adopção de uma grafia comum, em que posição fica o Brasil?
Por todo o lado, estas ameaças do que nos poderá acontecer. Infelizmente, já aconteceu: não sei predizer o futuro, mas sei onde nos trouxe, e ao Brasil, a «reforma» ortográfica de 1911: a um estado muito triste, nos últimos lugares da Europa e do mundo no que à vida intelectual diz respeito.
Isso já sabemos.
quarta-feira, abril 09, 2008
A propósito, escreve Rui Tavares no Público: «Tenham lá calma. Um acordo ortográfico que muda dois por cento das palavras que nós escrevemos (e um por cento das que os brasileiros escrevem) não obriga a trocar a biblioteca, não destrói a noção de ortografia e não impõe um totalitarismo unitário sobre a língua. O acordo não é uma catástrofe nem um milagre. Mas a sua não-adopção teria alguns custos sérios e neles ninguém parece pensar.»
Itálico meu.
A questão da percentagem já foi devidamente desmascarada: os dois por cento de vocábulos que mudariam não são palavras estranhas que pouco usamos: são pelo contrário, na sua esmagadora maioria, palavras que usamos muitas vezes. É um fato que ninguém discute. E o ato de escrever de uma forma "nova" seria muito incómodo, e ofende a compreensão da estutura da língua que desenvolvemos desde que começámos a escrever.
Diz mais Tavares que «aquando das comemorações dos 500 anos da descoberta do Brasil, a comissão conjunta luso-brasileira emitia frequentemente dois comunicados, um em cada ortografia.» Bem. mas com este acordo a ortografia não seria única, o acordo prevê ortografias diferentes para a mesma palavra! O que este «acordo» faria seria consagrar essa diferença. Depois do «acordo» comos eria regidido um comunicado oficial luso-brasileiro que se referisse a uma amnistia ou a uma indemnização que os brasileiros escrevem e dizem anistia e indenização, diferença que mesmo o «acordo» manteria?
Mais diz Tavares: «Entre numa livraria francesa e veja o que está escrito nas capas dos romances de Machado de Assis: "Traduit du brésilien." A ideia horrorizaria o grande escritor do Rio de Janeiro. Mas qualquer sugestão de que o brasileiro é um idioma à parte do português é ali muito bem--vinda (seria uma heresia para o francês do Québec, claro), porque aí seríamos numericamente ultrapassados não só pelo francês, como pelo russo e por outras línguas ainda. A impossibilidade de chegar a acordo sobre a ortografia oficial do português é um presente que oferecemos à concorrência.»
A ideia da existência de uma lígua brasileira não se atenuaria com a entrada em vigor de tal acordo: apenas se reforçaria, dizendo-se então que Portugal teria seguido a ortografia brasileira (no desconhecimento que foi Portugal o primeiro a impô-la...). Quem quer a existência de uma língua brasileira - e muitos brasileiros querem - é por provinciana vaidade e pelo amor ao grátis, típico nos destituídos, fala em questões de léxico e sintaxe... O certo é que Portugal e Brasil são dois exemplos de miséria intelectual e governativa, dois países que depois de 90 anos de modernização ortográfica não conseguiram erradicar o analfabetismo (a todos os níveis: Emir Sader, um professor catedrático da celebrada universidade de São Paulo dá erros inacreditáveis, como, entre outros, o famoso «opóbrio»).
Quanto ao triste fim que Tavares nos augura, o essencial será resolver questões como a dos péssimos resultados do PISA de Portugal e do Brasil em português (e em matemática - não é possível um acordo?). Quando resolvermos isso a gente fala.
Até pode ser que a ortografia mude: afinal, tanto quanto os portugueses, são também os brasileiros lesados com a balofa mediocridade que lhes querem impor.
Sobre, entre outras coisas, as duplas ortografias, ler Vasco Graça Moura aqui
Itálico meu.
A questão da percentagem já foi devidamente desmascarada: os dois por cento de vocábulos que mudariam não são palavras estranhas que pouco usamos: são pelo contrário, na sua esmagadora maioria, palavras que usamos muitas vezes. É um fato que ninguém discute. E o ato de escrever de uma forma "nova" seria muito incómodo, e ofende a compreensão da estutura da língua que desenvolvemos desde que começámos a escrever.
Diz mais Tavares que «aquando das comemorações dos 500 anos da descoberta do Brasil, a comissão conjunta luso-brasileira emitia frequentemente dois comunicados, um em cada ortografia.» Bem. mas com este acordo a ortografia não seria única, o acordo prevê ortografias diferentes para a mesma palavra! O que este «acordo» faria seria consagrar essa diferença. Depois do «acordo» comos eria regidido um comunicado oficial luso-brasileiro que se referisse a uma amnistia ou a uma indemnização que os brasileiros escrevem e dizem anistia e indenização, diferença que mesmo o «acordo» manteria?
Mais diz Tavares: «Entre numa livraria francesa e veja o que está escrito nas capas dos romances de Machado de Assis: "Traduit du brésilien." A ideia horrorizaria o grande escritor do Rio de Janeiro. Mas qualquer sugestão de que o brasileiro é um idioma à parte do português é ali muito bem--vinda (seria uma heresia para o francês do Québec, claro), porque aí seríamos numericamente ultrapassados não só pelo francês, como pelo russo e por outras línguas ainda. A impossibilidade de chegar a acordo sobre a ortografia oficial do português é um presente que oferecemos à concorrência.»
A ideia da existência de uma lígua brasileira não se atenuaria com a entrada em vigor de tal acordo: apenas se reforçaria, dizendo-se então que Portugal teria seguido a ortografia brasileira (no desconhecimento que foi Portugal o primeiro a impô-la...). Quem quer a existência de uma língua brasileira - e muitos brasileiros querem - é por provinciana vaidade e pelo amor ao grátis, típico nos destituídos, fala em questões de léxico e sintaxe... O certo é que Portugal e Brasil são dois exemplos de miséria intelectual e governativa, dois países que depois de 90 anos de modernização ortográfica não conseguiram erradicar o analfabetismo (a todos os níveis: Emir Sader, um professor catedrático da celebrada universidade de São Paulo dá erros inacreditáveis, como, entre outros, o famoso «opóbrio»).
Quanto ao triste fim que Tavares nos augura, o essencial será resolver questões como a dos péssimos resultados do PISA de Portugal e do Brasil em português (e em matemática - não é possível um acordo?). Quando resolvermos isso a gente fala.
Até pode ser que a ortografia mude: afinal, tanto quanto os portugueses, são também os brasileiros lesados com a balofa mediocridade que lhes querem impor.
Sobre, entre outras coisas, as duplas ortografias, ler Vasco Graça Moura aqui
O Público pergunta sobre o «acordo» ortográfico. O resultado tem as limitações todas que tem, mas não deixa de haver 80% de pessoas a responder que não. Reagem , parece-me, ao que instintivamente percebem desde logo ter muito de capricho.
Dói-me que, muitos por ignorância, queiram desfigurar ainda mais o português. Dói-me que tudo seja, afinal, possível por ainda sermos tão ignorantes, tão pobres. Dói-me ter de pensar que, quase de certeza, faça-se o que se fizer, não terão o mínimo pejo em imporem um acto de agressão à identidade nacional. Mas tenho uma réstea de fé, apesar de tudo o que a história me ensina. De qualquer modo, já decidi, nunca escreverei como querem. Isto não uma declaração de conservadorismo. Pelo contrário, a minha e a indignação de tanta gente é um basta! nesta baixeza hedionda de quererem decidir por nós, neste é para nosso bem insolente, nestas certezas broncas de ignorantes.
Internacionalização da língua portuguesa? Quando faltam hoje professores de português para dar aulas aos filhos dos emigrantes? Quando, em países da UE há alunos portugueses sem aulas, impedidos de aprenderem a sua Língua? É esta gente, com responsabilidades nessas situações, que tem o despudor de vir propor um «acordo» ortográfico para maior glória da Língua quando todos conhecemos histórias acabrunhantes de desleixos, faltas, indiferenças mesquinhas, ignorâncias obscenas como esta de virem falar de «evolução» onde houve apenas a diligência provinciana apressada e beata de quatro ou cinco bestas que, há perto de cem anos, tomaram o freio nos dentes e fizeram à lingua portuguesa o que não sucedeu com mais nenhuma outra? E querem mais do mesmo? As outras línguas não evoluíram? O Francês e o Inglês de hoje, com a grafia de séculos, são linguas do passado? E vêm, com uma imensa, uma desmedida vaidade, venderem-nos os promotores do «acordo» essas mentirolas frouxas de uma modernização onde há apenas ainda a malfadada vitória do analfabetismo, do autoritarismo e da vanglória deles? Pois se ainda falam, 90 anos depois da reforma, na maior facilidade da aprendizagem...
Internacionalização da língua...
Não têm vergonha?
Dói-me que, muitos por ignorância, queiram desfigurar ainda mais o português. Dói-me que tudo seja, afinal, possível por ainda sermos tão ignorantes, tão pobres. Dói-me ter de pensar que, quase de certeza, faça-se o que se fizer, não terão o mínimo pejo em imporem um acto de agressão à identidade nacional. Mas tenho uma réstea de fé, apesar de tudo o que a história me ensina. De qualquer modo, já decidi, nunca escreverei como querem. Isto não uma declaração de conservadorismo. Pelo contrário, a minha e a indignação de tanta gente é um basta! nesta baixeza hedionda de quererem decidir por nós, neste é para nosso bem insolente, nestas certezas broncas de ignorantes.
Internacionalização da língua portuguesa? Quando faltam hoje professores de português para dar aulas aos filhos dos emigrantes? Quando, em países da UE há alunos portugueses sem aulas, impedidos de aprenderem a sua Língua? É esta gente, com responsabilidades nessas situações, que tem o despudor de vir propor um «acordo» ortográfico para maior glória da Língua quando todos conhecemos histórias acabrunhantes de desleixos, faltas, indiferenças mesquinhas, ignorâncias obscenas como esta de virem falar de «evolução» onde houve apenas a diligência provinciana apressada e beata de quatro ou cinco bestas que, há perto de cem anos, tomaram o freio nos dentes e fizeram à lingua portuguesa o que não sucedeu com mais nenhuma outra? E querem mais do mesmo? As outras línguas não evoluíram? O Francês e o Inglês de hoje, com a grafia de séculos, são linguas do passado? E vêm, com uma imensa, uma desmedida vaidade, venderem-nos os promotores do «acordo» essas mentirolas frouxas de uma modernização onde há apenas ainda a malfadada vitória do analfabetismo, do autoritarismo e da vanglória deles? Pois se ainda falam, 90 anos depois da reforma, na maior facilidade da aprendizagem...
Internacionalização da língua...
Não têm vergonha?
terça-feira, abril 08, 2008
O "O aeroporto", o "O TGV", a "A nova ponte", a violência inútil do "O Acordo ortográfico" querem para mim significar uma coisa: a nossa pobreza e o nosso atraso tornaram-se crónicos e todo este ramalhete de projectos demenciais ou simplesmente supérfluos e lengalengas que os acompanham são o equivalente à conversa dos médicos que anuncia estar uma cura franca fora de questão, que a doença é crónica, o que, vistas bem as coisas, não deixa de ser agradável: vive-se se soubermos aceitar as limitações.
A cura completa, um crescimento de 7% ou até 10% ao ano, mudanças extraordinárias no nosso modo de vida, mudanças de mentalidade como se dizia noutros tempos, ou o começo delas, é que é coisa que a esta geração actual tem já como impossível.
Por isso, resta-nos conviver com a nossa doença e pensar que vem aí muita coisa para nos entreter: a ponte, o aeroporto, o combóio fantasma, grandes obras e agitações, divertimentos de doente, remédios para caprichos de inválido.
A cura completa, um crescimento de 7% ou até 10% ao ano, mudanças extraordinárias no nosso modo de vida, mudanças de mentalidade como se dizia noutros tempos, ou o começo delas, é que é coisa que a esta geração actual tem já como impossível.
Por isso, resta-nos conviver com a nossa doença e pensar que vem aí muita coisa para nos entreter: a ponte, o aeroporto, o combóio fantasma, grandes obras e agitações, divertimentos de doente, remédios para caprichos de inválido.
segunda-feira, abril 07, 2008
domingo, abril 06, 2008
«De caminho, outro objectivo será defraudado: o de “globalizar” a Língua Portuguesa. Pelo menos, a que nós conhecemos, pois não haja quaisquer dúvidas que as instituições internacionais, a partir do momento em que Portugal ceder às intenções do Brasil, não hesitarão em ter como referência o Português daquele país»
APEL, Daqui.
(Também a mim me parece isto uma tranquila evidência mas, afinal, se vivéssemos num país sensato não estaríamos no fundo do poço)
Lido aqui.
APEL, Daqui.
(Também a mim me parece isto uma tranquila evidência mas, afinal, se vivéssemos num país sensato não estaríamos no fundo do poço)
Lido aqui.
Questões religiosas
«A temperatura global diminuirá ligeiramente este ano como resultado do efeito de arrefecimento da corrente do Pacífico "La Niña", declararam os meteorologistas das Nações Unidas. O Secretário-Geral da OMM, Michel Jarraud, anunciou na BBC que seria provável que La Niña se prolongasse durante o Verão.
Isto significará que as temperaturas globais não subiram desde 1998, colocando em causa algumas teorias de alteração do clima. No entanto, peritos dizem que existe uma tendência para o aquecimento global a longo prazo e prevêm um novo recorde da temperatura dentro dos próximos cinco anos. A OMM aponta para a década de 1998-2007 como a mais quente de que há registo. Desde o príncipio do século XX, a temperatura global média à superfície subiu 0,74ºC.»
Itálicos do céptico autor do blog. O texto está aqui.
«A temperatura global diminuirá ligeiramente este ano como resultado do efeito de arrefecimento da corrente do Pacífico "La Niña", declararam os meteorologistas das Nações Unidas. O Secretário-Geral da OMM, Michel Jarraud, anunciou na BBC que seria provável que La Niña se prolongasse durante o Verão.
Isto significará que as temperaturas globais não subiram desde 1998, colocando em causa algumas teorias de alteração do clima. No entanto, peritos dizem que existe uma tendência para o aquecimento global a longo prazo e prevêm um novo recorde da temperatura dentro dos próximos cinco anos. A OMM aponta para a década de 1998-2007 como a mais quente de que há registo. Desde o príncipio do século XX, a temperatura global média à superfície subiu 0,74ºC.»
Itálicos do céptico autor do blog. O texto está aqui.
Realidade dominical
António Barreto no Público:
«Portugal continua atrasado. Não se deve evidentemente confundir atraso com estagnação ou ausência de mudança. Não. Portugal mudou muito. Esquecemo-nos é que os outros também e, agora, mais depressa. E nem queremos saber que os outros estão a mudar melhor. Nos países de Leste, por exemplo, a educação, o património e a vida nas cidades fazem a inveja dos portugueses. Estamos seguramente menos atrasados, relativamente aos países desenvolvidos, do que há quarenta anos. Mas entrámos, desde o princípio do século, num período de atraso crescente. O progresso da civilização material, regra primeira da governação portuguesa, é feito à custa do Estado e das obras públicas. É tudo o que parece fácil. Assina-se o cheque e pronto, já está. O construtor faz a obra, o ministro inaugura. A instrução fica para trás, a cultura também. A formação técnica e profissional é medíocre. O investimento das pequenas e médias empresas definha. O património degrada-se, as ruas das cidades igualmente. Perde-se a floresta e a água. A ciência avança ao retardador. Nas grandes metrópoles, a vida continua esquálida e desconfortável. A circulação automóvel agrava-se e o tempo perdido é cada vez maior. Mas faz-se obra. Constrói-se. É preciso dar nas vistas. Gastar o que custou a poupar. Dar emprego depressa, mesmo se mal e precariamente. Gastar o que vem da Europa. Fazer obra pesada.Há quem diga que o que faz falta é o software. Isto é, inteligência política, sensibilidade, instrução, conhecimentos, experiência e sentido da responsabilidade. É bem possível. As origens deste nosso atraso recente podem ser mais fundas e mais antigas do que as aparentes causas contemporâneas.A transformação dos dirigentes socialistas em empresários de sucesso (na banca, na energia e na construção) é apenas um epifenómeno. Mais do que uma causa, a vacuidade plastificada do primeiro-ministro é uma consequência deste atraso. Não é razoável considerá-los culpados do atraso, nem do antigo, nem do recente. Mas é possível responsabilizá-los por não fazerem o que devem. Ou fazerem o que não devem.»
António Barreto no Público:
«Portugal continua atrasado. Não se deve evidentemente confundir atraso com estagnação ou ausência de mudança. Não. Portugal mudou muito. Esquecemo-nos é que os outros também e, agora, mais depressa. E nem queremos saber que os outros estão a mudar melhor. Nos países de Leste, por exemplo, a educação, o património e a vida nas cidades fazem a inveja dos portugueses. Estamos seguramente menos atrasados, relativamente aos países desenvolvidos, do que há quarenta anos. Mas entrámos, desde o princípio do século, num período de atraso crescente. O progresso da civilização material, regra primeira da governação portuguesa, é feito à custa do Estado e das obras públicas. É tudo o que parece fácil. Assina-se o cheque e pronto, já está. O construtor faz a obra, o ministro inaugura. A instrução fica para trás, a cultura também. A formação técnica e profissional é medíocre. O investimento das pequenas e médias empresas definha. O património degrada-se, as ruas das cidades igualmente. Perde-se a floresta e a água. A ciência avança ao retardador. Nas grandes metrópoles, a vida continua esquálida e desconfortável. A circulação automóvel agrava-se e o tempo perdido é cada vez maior. Mas faz-se obra. Constrói-se. É preciso dar nas vistas. Gastar o que custou a poupar. Dar emprego depressa, mesmo se mal e precariamente. Gastar o que vem da Europa. Fazer obra pesada.Há quem diga que o que faz falta é o software. Isto é, inteligência política, sensibilidade, instrução, conhecimentos, experiência e sentido da responsabilidade. É bem possível. As origens deste nosso atraso recente podem ser mais fundas e mais antigas do que as aparentes causas contemporâneas.A transformação dos dirigentes socialistas em empresários de sucesso (na banca, na energia e na construção) é apenas um epifenómeno. Mais do que uma causa, a vacuidade plastificada do primeiro-ministro é uma consequência deste atraso. Não é razoável considerá-los culpados do atraso, nem do antigo, nem do recente. Mas é possível responsabilizá-los por não fazerem o que devem. Ou fazerem o que não devem.»
sábado, abril 05, 2008
quinta-feira, abril 03, 2008
Acordei hoje e todo o dia estive com uma excelente boa disposição daquela que percebemos logo que podemos gastar onde bem quisermos, uma magnífica boa disposição carte blanche que dá muito mais gosto do que a usável com boas ocasiões de antemão conhecidas.
Gastei-a em pequenas coisas, ao longo do dia, esbanjei mesmo um pouco, mas para quê poupar nos tempos que correm?
Gastei-a em pequenas coisas, ao longo do dia, esbanjei mesmo um pouco, mas para quê poupar nos tempos que correm?
quarta-feira, abril 02, 2008
Hoje, ao acordar, um calor de fins de Maio.
Resoluto, saltei da cama, atravessei o quarto, virei à esquerda no corredor, entrei, dirigi-me à cómoda, abri a gaveta e lá estavam elas. Sem hesitação, rejeitei a primeira, azul pálida, muito marítima e fiquei com a 2ª, verde.
E assim, desde de manhã que abri a época das camisas de linho. Começo agora - escrevo de janela aberta - a sentir um ar mais frio. Com o mesmo espírito resoluto irei, daqui a pouco, indagar dos pullovers de lã mais fina e é certo que ao jantar já terei envergado um deles.
Não me quero gabar, mas se toda a gente tivesse esta firme disposição, o país não estava como está.
Resoluto, saltei da cama, atravessei o quarto, virei à esquerda no corredor, entrei, dirigi-me à cómoda, abri a gaveta e lá estavam elas. Sem hesitação, rejeitei a primeira, azul pálida, muito marítima e fiquei com a 2ª, verde.
E assim, desde de manhã que abri a época das camisas de linho. Começo agora - escrevo de janela aberta - a sentir um ar mais frio. Com o mesmo espírito resoluto irei, daqui a pouco, indagar dos pullovers de lã mais fina e é certo que ao jantar já terei envergado um deles.
Não me quero gabar, mas se toda a gente tivesse esta firme disposição, o país não estava como está.
Não tenciono acabar já com o blog e o anúncio era a minha mentira de 1º de Abril.
Não convenceu ninguém e não era original. Neste ponto, fiquei feliz: a procura da originalidade é uma ambição de adolescência e saber copiar a prova da verdadeira maturidade. Embora não tenha copiado intencionalmente ninguém, sabia que iria copiar alguém. Quem? Desejei que ao menos fosse, de facto, alguém assim em itálico. E, acreditem, fiquei muito orgulhoso.
Mentira que, apesar de inocente, engasgou baducha, uma leitora deste blog.
Engoli em seco e creio que graças às duas senhoras experimentei um pouco do agradável de um vrai succès d'estime.
Não convenceu ninguém e não era original. Neste ponto, fiquei feliz: a procura da originalidade é uma ambição de adolescência e saber copiar a prova da verdadeira maturidade. Embora não tenha copiado intencionalmente ninguém, sabia que iria copiar alguém. Quem? Desejei que ao menos fosse, de facto, alguém assim em itálico. E, acreditem, fiquei muito orgulhoso.
Mentira que, apesar de inocente, engasgou baducha, uma leitora deste blog.
Engoli em seco e creio que graças às duas senhoras experimentei um pouco do agradável de um vrai succès d'estime.
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