segunda-feira, novembro 22, 2004
Tons ouro, amarelo, crèmes foncés e esmaecidos, verdes gastos da velha Gobelins (a data, c.1750, constava em baixo numa placa pequena), o programa de uma tarde, a visita à ilha do lago. Um cortesão ajudava as senhoras a subirem para o barco. Alguma melancolia. Pensei, por um tempo, tratar-se de um divertimento há muito aborrecido por todos, mas havia sorrisos de algum entusiasmo. O concerto da ilha, onde já se encontram convivas. Escapam-me os pormenores, há muito que não vejo a tapeçaria e penso agora que estão a acabar os tempos em que a poderei rever sem demasiadas explicações, sem manchas de pretexto, aparecer para o lanche basta, eis todo o necessário - e, se por desejo de mudança que não é de esperar da idade da minha anfitriã, estivesse agora noutro lugar, numa sala menos acessível, ainda assim seria bem acolhido e pareceria natural o meu pedido para a rever. Relembrei-me hoje, depois do almoço, daquele pequeno bosque e da ilha ao ouvir as "Pièces froids" de Satie que foram, pelo labor da luz e da memória, mais do que peças musicais, a sala, a peça de passagem, sempre fria, onde, em tardes de sol, a pequena orquestra esperava os retardatários entre os dois contadores sombrios.
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