O director do PÚBLICO chegou a relatar, a título de exemplo, parte de uma conversa que teve, nessa altura, com o primeiro-ministro, citando, entre aspas, este significativo "aviso": "Fiquei com uma boa relação com o seu accionista [Paulo Azevedo] e vamos ver se isso não se altera." Para a ERC, que se recusa a utilizar termos com uma "conotação negativa", isto está longe de ser uma ameaça inaceitável por parte de um primeiro-ministro que é capaz de utilizar, junto do director de um jornal, a "boa relação" que tem com o seu accionista, jogando com as tais oportunidades de negócios de que a dra. Ferreira Leite falava. Em qualquer país civilizado uma situação como esta seria rigorosamente investigada e, caso se confirmasse, levaria inevitavelmente à demissão do primeiro-ministro. Em Portugal é uma démarche considerada "normal" que se encaixa serenamente "num certo grau de tensão" que existe nas "relações entre o poder político e os jornalistas".
Constança Cunha e Sá, in Público
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