«Também em Portugal o passado se recusa a passar. Não vale a pena falar do sucessivo fracasso de sucessivas "modernizações". Nem da ética da miséria e da esmola, que não deixou de prevalecer. Basta olhar para a dissolução da República. Portugal é o único país do Ocidente em que, depois do colapso soviético, sobreviveu (e prospera) um partido comunista com a força do nosso. Portugal é o único país do Ocidente em que o autoritarismo, acompanhado ou não pela insignificância e a mediocridade, é uma recomendação decisiva para o eleitorado. E Portugal é o único país do Ocidente que espera do Estado a sua salvação. A política não criou um português diferente, como tanta gente (boa e má) sonhou: um português tolerante, democrático, solidário, com autonomia e iniciativa. A política mascarou o português que por aí anda com alguns sinais de civilização. No resto não tocou».
Vasco Pulido Valente, in Público
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