terça-feira, dezembro 24, 2013

Natal 2013

O temporal tem sido medonho. A energia eléctrica falhou há uma meia hora.
Escrevo do IPad, tirando algum prazer do facto de dispor de perto de mil minutos de ligação móvel. 
E tudo isto, e o que falta de disposição de explicar o desaparecimento dos "posts", para desejar  a todos os leitores e ex-leitores deste "blog" 
um
SANTO NATAL!

domingo, setembro 22, 2013

Este blog faz hoje 10 anos.
Tempo mais do que suficiente para que o A. - hoje com letra grande - do seu início seja já um pouco diferente de quem escreve estas linhas comemorativas.

O entusiasta bloguista já não habita aqui.
Uma vista de olhos: estão longe os quinhentos e muitos "posts" de 2008, o ano mais ocupado. Em 2012, foram menos de cem e este ano ainda não foram trinta, sequer!

Faria todo o sentido acabar, verificada a caducidade de uma vontade, se não fosse ela menos do A. do que deste blog lui-même (que é, também, a mais do que um repositório das crenças e aflições do escrevedor  - que acaba de verificar, com algum espanto, aliás, que são muitas as datas de dias seus atribulados que no Impensável são serenos, amenos, dias), vontade de blog  que parece  querer erigir-se, por piedosa vaidade e omissão,  em testemunho da divulgação da internet em Portugal - e da passagem dos primeiros entusiasmos.

E aqui fica ele, por isso,  monumentando, como parece querer, ao modo de um velho chafariz pitoresco que as pessoas visitam. Sempre foi bucólico.



segunda-feira, setembro 16, 2013

The Outing*

An outburst of anger near the road, a refusal to speak on the path, a silence in the pine woods, a silence across the old railroad bridge, an attempt to be friendly in the water, a refusal to end the argument on the flat stones, a cry of anger on the steep bank of dirt, a weeping among the bushes.

Lydia Davis

Davis é a minha descoberta literária mais reconfortante dos últimos anos.


* Atente-se:
 Outing
 1. An excursion, typically a pleasure trip.
 2. A walk outdoors.

terça-feira, setembro 10, 2013

Ontem, de repente, um bem-estar, um frio...
É isso, ontem  tive frio. 
A civilização não tarda!

quinta-feira, julho 11, 2013

O que se segue é asqueroso e imoral, é a negação da democracia e do estado de direito.

‹‹A câmara avançou agora para o Constitucional por considerar, segundo o "Público", que a obrigatoriedade de divulgar este tipo de documentos "abre caminho a que todas as decisões políticas e documentos que as corporizam fiquem sujeitas ao escrutínio público e, eventualmente, judicial, o que irá conduzir, inevitavelmente, à diminuição/perda da autonomia que deve caracterizar o exercício do poder político".››

E rematam:

"Não se trata aqui de esconder o que quer que seja do domínio público, trata-se é de proteger a reserva das discussões e documentos de cariz político" destinados a ajudar na tomada de decisões, "essas sim públicas", sustenta igualmente a autarquia. 

(no Público de ontem)

O hábito de cozinhar as decisões nas lojas a recato do Povo, dá nisto

(e já têm o desplante de escrever estas obscenidades).

Acontece que entidades públicas não têm segredos privados, nem há decisões privadas de eleitos sobre coisas públicas - a não ser em casos excepcionalíssimos que não podem passar disso mesmo, de excepcionalíssimas excepções ao princípio do livre escrutínio popular - que é um direito e um dever de todos.
Aqui, para poder aquilatar, por si, do estado do assunto.

segunda-feira, julho 08, 2013

Creio que não é errado dizer, depois de ver a recepção  da ministra das finanças portuguesa lá fora, que Portas passou a vice-primeiro ministro de Maria Luís Albuquerque.

sábado, julho 06, 2013


Sobre a crise: "foi tudo nervos", um grande ataque de nervos.

A Alemanha vela - felizmente.


quarta-feira, julho 03, 2013

O governo dissolve-se perante a inevitabilidade de, finalmente, ter de cortar a despesa do estado.

Há pouco, representantes do sistema - que deixaram esta gente a mandar nisto (sem perceber que, a partir de 2008, a coisa pública  não podia estar nas mãos de gangsters políticos ou  de ineptos) davam alguns sinais de vida, mas pode ser tarde de mais, até para eles.

Nota - o discurso do primeiro-ministro (mas toda a situação, não esquecendo o ministro dos negócios estrangeiros, longe de uma saída  honrosa) é o espelho de uma infantilidade e imperícia políticas assustadoras.

terça-feira, julho 02, 2013

Miguel Beleza cita Machado a propósito dos erros de Gaspar


Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.


Uma novidade, num país de fatalistas.

quarta-feira, junho 26, 2013

A sensação de viver um interregno. Tempo e locais inóspitos  que as grandes e pequenas coisas parece terem desertado.

Comecei a ler The Diary of a Country Parson, no caso James Woodeforde, que chegou hoje da Amazon.
Primeira surpresa, a data da sua publicação, anos vinte do século passado. Tinha pensado o Diário obra conhecida desde os inícios do séc. XIX.

quinta-feira, junho 06, 2013

Junho. O  tempo passa.

Há dias, um político perguntava-se sobre o porquê do salazarismo ter demorado tanto.

Entretanto, na televisão, uma criada de Salazar veio visitar o Palácio de S. Bento.
Conta hábitos frugais e  o relato das poupanças faz ressaltar a ironia: na altura, Portugal crescia quase 10% ao ano... Hoje, o inquilino de um palácio de São Bento sofisticado dirige um país falido.
Está-se a pensar nestes desconsertos quando se vê a empregada que, na Feira do Livro, encontrou, ocasionalmente, Santana Lopes, que ocupou o mesmo lugar de Salazar: a chefia do governo português.

Não sei porquê penso no monólogo de Alfred Doolittle, pai de Elisa.

A  questão é que indignos ou dignos, a apoiar - ou tolerar - uma ditadura ou  a viver em democracia, as necessidades são as mesmas -  e cada vez temos menos.

quarta-feira, maio 22, 2013

Ver o afã com que em alguns blogs ditos conservadores  se aceita a adopção por homossexuais.
Em alguns deles chega a ser doloroso observar  quanto querem agradar aos donos da agenda política. Seria caso para dizer,  aos pais adoptivos.  

Interessante ainda verificar como a adopção é menos vista no que tem de sacrifício por outrém, pela criança adoptada - como bem lembra Scruton - em detrimento da concepção que mais se aproxima  da ficção jurídica romana, em que um filho adoptivo servia sobretudo os interesses do pai, de que constituia, muitas vezes, um troféu.
A Varela, como já se deram conta os mais inteligentes, é uma representante fiel do regime - possidónio, falido e caduco  - a que não falta o habitual ódio ao ar fresco). 
Por isso, já começaram as operações de contenção de danos - que vão ao ponto de retratar  Varela como "tia da linha",  quando se trata, bem pelo contrário , de alguém que vive - tudo leva a crer  que bem - republicana e laicamente à conta de uma universidade pública.

terça-feira, maio 07, 2013

A propósito dos exames das criancinhas, o cronista, os seus 40s ou 50 conta um seu exame e os preparativos. Compra de fato, etc.
Esquecemos todos e esse esquecimento - essa amnistia da nossa miséria - fez-nos mal.

quinta-feira, abril 25, 2013

À tarde, encontrei uns botões-de-punho caros,  comprados há 2 ou 3 anos, e que tinha esquecido completamente.
Proibi-me lamentos por uns tempos.




Ah, o 25 de Abril: há uns anos, quando foi, pensei tratar-se do desaparecimento do último travão do "desenvolvimento". O fim do estado autoritário seria   o caminho aberto para a agradável prosperidade europeia. 

Estamos falidos e temos um estado que faria a inveja de Pombal e da Inquisição (os dois deram-se sempre bem, aliás, para quem ache o par desconchavado).

segunda-feira, abril 15, 2013

É uma afirmação um pouco temerária* num blog: estes anos produziram em Portugal uma geração e meia (e contaminou outra) que, mesmo por entre os escombros, se delicia a auto-celebrar-se.

A coisa não é apenas portuguesa, mas por cá ganhou dimensões de monstruosidade.

É um espectáculo deprimente ver o que esta gente se cumprimenta, o que esta gente se admira e se estima e se festeja!

* De facto, sê-lo-ia, se o blog tivesse leitores.

sábado, abril 13, 2013

Notas da noite

1 - a antropologia ou é uma ontologia ou;

2 - Bergman usa as interpretações de Fournier. Podiam ser outras? Não.

segunda-feira, fevereiro 11, 2013

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Diz-se: desvendou-se o mistério, a verdade foi conhecida. Ora, nada mais misterioso do que a verdade.

terça-feira, janeiro 22, 2013

Todas as novidades - Aveux et anathèmes de Cioran, no caso, paru 1987 - começam a estar demasiado distantes.

segunda-feira, janeiro 14, 2013

É a estação das notícias sobre a  "desolação que assola a paisagem".

No Portugal de hoje, no dia de hoje, muito sereno, tépido, luminoso, compreende-se que a desolação é das ideias, das instituições, da mediocridade das gentes.

quarta-feira, janeiro 02, 2013

«Agora, é evidente que, de três, uma: ou o Brasil vai propor uma revisão do AO, ou tratará de a empreender pro domo sua sem ouvir os outros países de língua portuguesa, ou fará como em 1945, deixando-o tornar-se letra morta por inércia pura e simples. No primeiro caso, mostra-se a razão que tínhamos ao insistir na suspensão do AO, a tempo, para revisão e correcção. A iniciativa deveria ter sido portuguesa e muitos problemas teriam sido evitados. No segundo caso, mostra-se além disso que continuamos a ser considerados um país pronto a agachar-se à mercê das conveniências alheias. Com a desculpa, a raiar um imperialismo enjoativo, da "unidade" da língua, em Portugal haverá sempre umas baratas tontas disponíveis para se sujeitarem ao que quer que o Brasil venha a resolver quanto à sua própria ortografia. Foi o que se passou em 1986 e 1990. No terceiro caso, mostra-se ainda que ficaremos reduzidos a uma insignificância internacional que foi criada por nós mesmos.»

Vasco Graça Moura, no Diário de Notícias de hoje.  Aqui.