A preguiça, mais do que a prodigalidade, leva à extravagância. Lembro-me de duas desculpas oficiais que não admitiam réplica - talvez por o seu destinatário ser o próprio prevaricador: «O barato sai caro», por vezes seguido por um «não estive para procurar mais» e outra, mais sapiencial, que continha um esboço inicial de admissão de culpa pela rapidez com que se sucumbia, sem luta, perante a adversidade («Estava um calor! Uma África, não encontrei ninguém!...») logo seguida do seu refrigério: «e depois, não há barato e bom! E dura uma vida, acabo por poupar». Estas desculpas, com levíssimas mudanças davam mais ou menos para tudo, coisas e pessoal doméstico (mas talvez, também, para questões sentimentais) e vim a perceber que não eram uma originalidade, que eram de uso muito comum com o fito de desculpar essas pequenas causas subalternas e acidentais (um cansaço, um dia de calor excessivo) que apareciam como verdadeiros motivos da derrota da sensatez.
Ultimamente, tenho-me perguntado como justificamos esta preguiça de não nos ocuparmos nós mesmos dos nossos assuntos. É que o Pinto de Sousa não é o barato que sai caro, pelo motivo simples de que não é barato, mas caro - e muito caro; nem é, certamente, «o caro mas bom e que dura uma vida». Se não o tencionam tirar de lá nas próximas eleições comece-se a arranjar uma outra desculpa, mais convincente, para apresentarmos às gerações futuras. Não, não, não vale aquela do «coitadito, tem família, deixe lá, é uma esmola!»
Ultimamente, tenho-me perguntado como justificamos esta preguiça de não nos ocuparmos nós mesmos dos nossos assuntos. É que o Pinto de Sousa não é o barato que sai caro, pelo motivo simples de que não é barato, mas caro - e muito caro; nem é, certamente, «o caro mas bom e que dura uma vida». Se não o tencionam tirar de lá nas próximas eleições comece-se a arranjar uma outra desculpa, mais convincente, para apresentarmos às gerações futuras. Não, não, não vale aquela do «coitadito, tem família, deixe lá, é uma esmola!»
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