quarta-feira, abril 09, 2008

O Público pergunta sobre o «acordo» ortográfico. O resultado tem as limitações todas que tem, mas não deixa de haver 80% de pessoas a responder que não. Reagem , parece-me, ao que instintivamente percebem desde logo ter muito de capricho.
Dói-me que, muitos por ignorância, queiram desfigurar ainda mais o português. Dói-me que tudo seja, afinal, possível por ainda sermos tão ignorantes, tão pobres. Dói-me ter de pensar que, quase de certeza, faça-se o que se fizer, não terão o mínimo pejo em imporem um acto de agressão à identidade nacional. Mas tenho uma réstea de fé, apesar de tudo o que a história me ensina. De qualquer modo, já decidi, nunca escreverei como querem. Isto não uma declaração de conservadorismo. Pelo contrário, a minha e a indignação de tanta gente é um basta! nesta baixeza hedionda de quererem decidir por nós, neste é para nosso bem insolente, nestas certezas broncas de ignorantes.

Internacionalização da língua portuguesa? Quando faltam hoje professores de português para dar aulas aos filhos dos emigrantes? Quando, em países da UE há alunos portugueses sem aulas, impedidos de aprenderem a sua Língua? É esta gente, com responsabilidades nessas situações, que tem o despudor de vir propor um «acordo» ortográfico para maior glória da Língua quando todos conhecemos histórias acabrunhantes de desleixos, faltas, indiferenças mesquinhas, ignorâncias obscenas como esta de virem falar de «evolução» onde houve apenas a diligência provinciana apressada e beata de quatro ou cinco bestas que, há perto de cem anos, tomaram o freio nos dentes e fizeram à lingua portuguesa o que não sucedeu com mais nenhuma outra? E querem mais do mesmo? As outras línguas não evoluíram? O Francês e o Inglês de hoje, com a grafia de séculos, são linguas do passado? E vêm, com uma imensa, uma desmedida vaidade, venderem-nos os promotores do «acordo» essas mentirolas frouxas de uma modernização onde há apenas ainda a malfadada vitória do analfabetismo, do autoritarismo e da vanglória deles? Pois se ainda falam, 90 anos depois da reforma, na maior facilidade da aprendizagem...

Internacionalização da língua...

Não têm vergonha?

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