domingo, abril 27, 2008

Na incerteza e na indecisão, de que muito padeço, tenho de usar critérios para avaliar se estou em ocasião e sítio divertidos (à mesa, ou depois de jantar) e se, por isso, estou, ou deveria estar, animado e de boa disposição - o que seria de todo inútil se não me sentisse bem em alturas inadequadas e não me risse frequentemente a despropósito. Um dos mais métodos mais fiáveis é esperar que ocorra, de preferência ao mesmo tempo e na mesma mesa, uma discussão sobre o melhor modo de chegar à Ovibeja e outra sobre, digamos, Proust, Eça ou Camilo. Quando tal acontece, fico descansado porque sei que estou entre gente amistosa, que não tenho senão que tirar o melhor partido da ocasião e agradecer aos céus tudo o que me deu no que toca a topografia prática.
Há variações no critério, como observado, mas menores, pelo que o cataloguei com o previsível nome de «Critério "Recherche-Ovibeja"»; tem-me proporcionado, até aqui, um método seguro de fugir a secas.
Hoje, porém, li a assustadora notícia de que o presidente da república lá esteve, a inaugurar, e que falou na PAC - política agrícola comum, que já era má quando eu andava na faculdade - e de agricultura em Portugal (supõe-se que feita por portugueses...); até aqui, óptimo: o assunto presta-se a alguma chalaça. Pior é o aquecimento global, que considero uma crendice de falta de gosto, principalmente no Inverno. Ficar este assunto-estopa associado a uma coisa tão agradável como a Ovibeja pode vir a inutilizar um instrumento de análise que aperfeiçoei ao longo de anos.

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