Li, entretanto, umas coisas que disse Carlos Reis sobre o «acordo».
Uma delas: "Deve Portugal manter-se agarrado a uma concepção conservadora da ortografia, como se ela fosse o derradeiro baluarte da identidade portuguesa?"
Não percebo em que é que a ortografia etimológica é conservadora (ou em que será revolucionária ou evoluída a ortografia mais fonética). O inglês ou o castelhano, sem qualquer dúvida línguas do futuro, têm ortografias etimológicas. Estão agarrados a concepções conservadoras? Concepção ultrapassada é a que se pretende impôr agora, que apareceu no séc. XVIII - e com a desvantagem de, no caso, destruir a natural coerência da língua. Porque escrevo egípcio se escrevo Egito e não mais Egipto ("p" reaccionário e saudosista que continua a ser escrito nos países de língua francesa, inglesa ou castelhana)? Mas não creio que uma ou outra ortografia seja "conservadora" ou "revolucionária": o que Carlos Reis quer é conseguir a adesão de todos aqueles que saloiamente procuram sempre seguir a moda do dia, mesmo que a moda, afinal, não exista...
E empurrar os que defendem que se não mexa na ortografia do português daqui para o papel de gente preconceituosa. Carlos Reis sabe que não é assim.
Outra: "E podem alguns portugueses persistir em encarar o Brasil como um parceiro menor neste processo ou até como um inimigo?", lançou, acrescentando: "É curial ou inteligente ignorar o muito que o Brasil faz, por muitas vias, para a afirmação internacional da Língua Portuguesa?"
Mas, isso foi o que fizeram, exactamente, em Lisboa, os sábios de 1911 (positivistas e maçons, ou apenas positivistas) : não consultaram o Brasil e impuseram uma nova ortografia, sem consultar fosse quem fosse. O Brasil rejeitou a ideia, durante anos. Infelizmente, é demasiado português para não acabar por ser seduzido por uma inutilidade.
Mas o Brasil que escreva como quiser.
Continuou: "Se no futuro, os países africanos de língua oficial portuguesa, incluindo o Brasil, se entenderem quanto à adopção de uma ortografia comum, em que posição fica Portugal?"
Bem... se se entenderem, entendem, digo eu.
E se Portugal se entender com os países africanos de língua oficial portuguesa quanto à adopção de uma grafia comum, em que posição fica o Brasil?
Por todo o lado, estas ameaças do que nos poderá acontecer. Infelizmente, já aconteceu: não sei predizer o futuro, mas sei onde nos trouxe, e ao Brasil, a «reforma» ortográfica de 1911: a um estado muito triste, nos últimos lugares da Europa e do mundo no que à vida intelectual diz respeito.
Isso já sabemos.
Uma delas: "Deve Portugal manter-se agarrado a uma concepção conservadora da ortografia, como se ela fosse o derradeiro baluarte da identidade portuguesa?"
Não percebo em que é que a ortografia etimológica é conservadora (ou em que será revolucionária ou evoluída a ortografia mais fonética). O inglês ou o castelhano, sem qualquer dúvida línguas do futuro, têm ortografias etimológicas. Estão agarrados a concepções conservadoras? Concepção ultrapassada é a que se pretende impôr agora, que apareceu no séc. XVIII - e com a desvantagem de, no caso, destruir a natural coerência da língua. Porque escrevo egípcio se escrevo Egito e não mais Egipto ("p" reaccionário e saudosista que continua a ser escrito nos países de língua francesa, inglesa ou castelhana)? Mas não creio que uma ou outra ortografia seja "conservadora" ou "revolucionária": o que Carlos Reis quer é conseguir a adesão de todos aqueles que saloiamente procuram sempre seguir a moda do dia, mesmo que a moda, afinal, não exista...
E empurrar os que defendem que se não mexa na ortografia do português daqui para o papel de gente preconceituosa. Carlos Reis sabe que não é assim.
Outra: "E podem alguns portugueses persistir em encarar o Brasil como um parceiro menor neste processo ou até como um inimigo?", lançou, acrescentando: "É curial ou inteligente ignorar o muito que o Brasil faz, por muitas vias, para a afirmação internacional da Língua Portuguesa?"
Mas, isso foi o que fizeram, exactamente, em Lisboa, os sábios de 1911 (positivistas e maçons, ou apenas positivistas) : não consultaram o Brasil e impuseram uma nova ortografia, sem consultar fosse quem fosse. O Brasil rejeitou a ideia, durante anos. Infelizmente, é demasiado português para não acabar por ser seduzido por uma inutilidade.
Mas o Brasil que escreva como quiser.
Continuou: "Se no futuro, os países africanos de língua oficial portuguesa, incluindo o Brasil, se entenderem quanto à adopção de uma ortografia comum, em que posição fica Portugal?"
Bem... se se entenderem, entendem, digo eu.
E se Portugal se entender com os países africanos de língua oficial portuguesa quanto à adopção de uma grafia comum, em que posição fica o Brasil?
Por todo o lado, estas ameaças do que nos poderá acontecer. Infelizmente, já aconteceu: não sei predizer o futuro, mas sei onde nos trouxe, e ao Brasil, a «reforma» ortográfica de 1911: a um estado muito triste, nos últimos lugares da Europa e do mundo no que à vida intelectual diz respeito.
Isso já sabemos.
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