Há 90 anos um governo português resolveu intervir no preço das rendas. A intervenção poderia justificar-se, era o tempo da 1ª guerra mundial. Desde essa altura nunca mais o governo português, do Dr Salazar aos governos socialistas, deixou de intervir. Essa intervenção originou o definhamento do mercado de arrendamento, depauperou os proprietários dos prédios provocando o envelhecimento e degradação de todo o parque imobiliário, com reflexos tristes - e à vista nas cidades - e com a adesão à UE, levou a que os portugueses se endividassem na compra de casas. Hoje, o governo veio criar a possibilidade do aumento do prazo de crédito bonificado de 30 para 50 anos. A medida não terá, praticamente, repercussões já que os bancos não emprestam a quem tenha mais de 70 anos no termo do empréstimo. A não ser que o governo decrete que, para cumprir prazos, seja proíbido morrer antes de pago o empréstimo, acreditando que uma multa pesada dissuada os devedores de irem desta para melhor -literalmente - já que aqui a dívida será tendencialmente perpétua.
Eu, que assumi de vez a minha vocação de turiste, exclamo debaixo do meu largo chapéu de palha de viajante: "que pitoresco, que imaginação, que devoção tão campestre na lei!"
Sem comentários:
Enviar um comentário