Ao ouvir o pontapé do Pinto de Sousa na pobre gramática portuguesa lembrei-me de algo que me ocorrera a propósito do post/artigo de JPP sobre a salazarofilia. Existe, é um facto. Mas muito dela talvez não seja tanto uma questão de salazarofilia quanto a manifestação do desgosto perante o baixo nível que é o dos nossos - e europeus leaders: entre Pinto de Sousa que usa -ou deixa que usem quando a ele se referem - um título profissional a que, clara e indiscutivelmente, não tem qualquer direito, e o Prof. Doutor Marcello Caetano, ou Mota Pinto, ou o Dr. Sá Carneiro, que abissal diferença! E o mal não é apenas nosso. Merkel não é Adenauer, e Churchill, Roosevelt, ou De Gaulle também não encontram quem se lhes assemelhe em estatura pessoal, intelectual, política. Idem para Thatcher, que mudou um país. Ou Moro, ou Palme, ou... entre nós, de novo, um Cunhal e já ia até dizer... Soares, o dos anos 70!
Talvez que a salazarofilia incorpore nela muito da nostalgia pelos homens de génio, mesmo quando maus génios e pouco de saudades dos regimes que presidiram ou propugnavam.
Por mim, devo confessar que estou farto de mediocridades e não sendo um admirador de Salazar - nos antípodas do meu ideal do que deva ser um leader político - não se me dava que Portugal tivesse um primeiro-ministro menos dado ao dislate e à estridência de vendedor de feira. Ou deslocando (?) a questão, veja-se nesse culto por Salazar - que é, muito, o da sua inteligência e, até à, mitificaçao, o da sua sapiência - uma manifestação, ainda que desajeitada, de apreço pela «alta cultura» versus a cultura popular, o pop político, a política digest, ou no seu melhor, a política-ikea.
1 comentário:
Caro Impensável,
ainda hoje pensava vir aqui deixar-lhe uma nota: na TSF ouvi o PM do país que tão generosamente nos acolhe no seu seio (TM, numa qualquer conferência com uns bonzos económicos, e passo a citar: «quando vim bla bla bla a esta conferencia, eu proprio me lembrei de quando fiz o meu MBA e li o guia do curso [sic] que dizia uma frase 'stragegy is winning' [e repetiu]» e depois deu a esta frase uns tons taoístas e disse que «era como um verso»...
Estamos bem entregues... entretanto, parece que se passeia por Veneza, dizem vozes próximas... Nós nem Carnaval, nem abaixo do Equador...
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