«Mas, sendo o ministro da Cultura por tradição um "intelectual", nenhum tentou, ou sequer pensou, em gerir o património em proveito da economia regional ou nacional. Papéis velhos, pedras velhas não serviam de nada. Excepto talvez para ganhar a etiqueta de "património universal" da UNESCO, que é boa propaganda e justifica um patriotismo espúrio. Só que a UNESCO vem agora prevenir que pensa retirar essa distinção a alguns exemplares de património edificado, porque o Estado se mostrou incapaz de os conservar. E não se imagine que não os conservou por causa da crise ou que se trata de um ou outro caso marginal. A lista da UNESCO inclui o Mosteiro de Alcobaça, o Convento de Cristo, o centro histórico de Évora e o do Porto. E não se chega à presente catástrofe em menos de anos sobre anos de abandono e de incúria. Quando se pergunta como depois da democracia e da Europa acabámos nesta melancólica miséria, basta pensar na política de promoção e defesa do património cultural; no oportunismo, desorganização e pura estupidez de que ela precisou para durar.»
Vasco Pulido Valente, no Público, dia 11 (itálicos e realces impensados)
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