Árvores do Paseo del Prado
Há um ano, em Madrid, a Baronesa Thyssen - a do museu, sim, e a dona desta colecção - encabeçava a luta contra um projecto de Siza Vieira que implicava o corte de perto de 700 árvores do Paseo del Prado.
Nos jornais, a celeuma era grande. Lembro-me de ter lido uma entrevista com o decano dos arquitectos espanhóis em que este, embora muito educadamente, também discordava de tal corte. A luta continua ainda; a Baronesa, Dona Carmen, é uma formidável adversária, e espero que as árvores se mantenham.
O que sobressaía, em todo este assunto, era a reacção de Siza Vieira: pouco ou nada habituado a encontrar resistência, reagia com sobranceria, fruto do cruzamento do culto do mito romântico do artista criador com o autoritarismo português, que sempre gostou de se estribar no progresso e no moderno para cilindrar as tímidas oposições, aqui onde a opinião pública é um mero e passageiro incómodo. Em Madrid, porém, as coisas são diferentes, e mesmo que o alcaide socialista madrileno tenha acolhido as totalitárias soluções arquitectónicas de Siza, o projecto pode ficar no tinteiro do arquitecto-industria-pesada português. Espera-se que sim, para bem do tão bonito Paseo del Prado, onde é agradável passear para recuperar das emoções da vista de alguma da melhor pintura do mundo.
A sanha do arquitecto contra as árvores prossegue, entretanto e as próximas vítimas estão aqui.
Esperemos que estes arboricídios (termo de Churchill) parem.
Nos jornais, a celeuma era grande. Lembro-me de ter lido uma entrevista com o decano dos arquitectos espanhóis em que este, embora muito educadamente, também discordava de tal corte. A luta continua ainda; a Baronesa, Dona Carmen, é uma formidável adversária, e espero que as árvores se mantenham.
O que sobressaía, em todo este assunto, era a reacção de Siza Vieira: pouco ou nada habituado a encontrar resistência, reagia com sobranceria, fruto do cruzamento do culto do mito romântico do artista criador com o autoritarismo português, que sempre gostou de se estribar no progresso e no moderno para cilindrar as tímidas oposições, aqui onde a opinião pública é um mero e passageiro incómodo. Em Madrid, porém, as coisas são diferentes, e mesmo que o alcaide socialista madrileno tenha acolhido as totalitárias soluções arquitectónicas de Siza, o projecto pode ficar no tinteiro do arquitecto-industria-pesada português. Espera-se que sim, para bem do tão bonito Paseo del Prado, onde é agradável passear para recuperar das emoções da vista de alguma da melhor pintura do mundo.
A sanha do arquitecto contra as árvores prossegue, entretanto e as próximas vítimas estão aqui.
Esperemos que estes arboricídios (termo de Churchill) parem.
4 comentários:
Concordo com toda a apaixonada posição do post, embora deva tristemente lembrar que o alcalde de Madrid é do PP, apesar do gosto sobranceiro de se imaginar como leader de uma "ala arejada".
Agradeço a correcção.
Lamento ter atribuído à esquerda o mau gosto esquerdista da direita.
Seria bom que essa fotografia fosse do Paseo do Prado, em pleno coração de Madrid.
Talvez seja dos jardins do Pardo, nos arredores, refúgio preferido do ditador Francisco Franco...
Se «clicar» na fotografia verá a fonte. Não conheço o Paseo del Prado em toda a sua extensão. O que conheço, se não chega a ter este ar de paraíso glauco , é suficientemente opulento e bonito para que mereça ser salvo.
E hoje em dia, tempo em que os arquitectos se dedicam a criar «espaços pedonais» que se distinguem pela aridez inóspita, fealdade e falta de sombras convém estar atento.
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