Vai por esses blogs uma grande incompreensão com a passagem por Portugal do Dalai Lama. Ao contrário de Cavaco - que deve pensar a sério que ser presidente de Portugal é um cargo prestigiado e que convém aumentar-lhe o prestígio não desagradando e vergando-se às imposições da China - ao contrário de Cavaco, dizia, o primeiro-ministro Sousa deve saber - ou, se não sabe, terá quem lho diga - que o Dalai Lama é, mesmo que malgré lui, de um chic de truz na mais exclusiva beatiful people internacional - onde não faltam bem-pensantes da gauche a que, talvez, aspire um dia pertencer. Estou, por isso, em crer que, se não o recebeu, foi por outro motivo: a Chanceler alemã terá querido fazer da estada em Portugal do ilustre viajante o equivalente às pausas para refresco e retempero nas visitas de estado de antanho, pausas que antecediam de vários dias - às vezes de várias semanas! - a entrada oficial, saudada já com a pompa devida e sem a perturbação do cansaço e dos pós dos caminhos. Angela Merkel deve considerar que é chegando à Alemanha que Sua Santidade chega oficial e verdadeiramente à Europa e que era a si, apenas a si, que competia dar as boas-vindas a um viajante tão notável. E terá ordenado nesse sentido, mandando dizer ao Sousa que se abstivesse de incomodar o ilustre viajante: o certo é que Sua Santidade agiu em conformidade com esta interpretação, tratando os portugueses com a bondade e a largueza com que majestades e altezas tratavam noutros tempos o povo e criadagem dos parentes que os acolhiam e os serviam à sua chegada: deu-nos uma esmola de quase 70 000 euros.
Espero que não a gastemos já toda em vinhaça.
2 comentários:
Alto lá.
Sua Santidade é o Papa!
Sua Santidade, o Papa, trata Sua Santidade o Dalai Lama, por Sua Santidade (Your Holiness). Não seja mais - ou menos? - papista do que o Papa.
Eu acolho e aceito sem discussão a a lição de Sua Santidade.
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