quinta-feira, setembro 18, 2008

Numa série da televisão vejo uma inverosímil Viúva Ferreirinha que, em 1861, considera o genro um inútil, por não trabalhar. Ora, Dona Antónia Ferreira, sabia muito bem que os gentlemen não trabalhavam (nem ninguém pretenderia que o fizessem). E o Conde de Azambuja, embora não trabalhasse (a expressão não faz, aliás, muito sentido) era filho do Duque de Loulé - um poderoso do regime político, várias vezes primeiro-ministro, tio legítimo do soberano reinante, El-Rei D. Luís, por ser casado com uma filha de D. João VI - o que fazia do genro da Ferreirinha além de filho de um primeiro-ministro quase crónico, primo muito legítimo do monarca e seu valido, deputado da nação na data mesma em que o vemos depreciado pela sogra e apresentado quase como um valdevinos, e, por isso valendo o que todos imaginamos que pudesse valer - mesmo sem ilegalidades nem tráfico de influências.
Não seria de espantar que o autor deste despautério demagógico, pago por todos nós - e que não deixa de constituir uma difamação gratuita - se ache uma pessoa de bem.

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