Vi o programa sobre os regimes políticos.
Os monárquicos não levantam a questão simples de que a alternativa republicana ao Rei não é o presidente da república mas a não existência de chefia de estado. O presidente da república que existe nas assim ditas repúblicas é feito à medida dos poderes que o Rei possuía, ou seja, é um avatar monárquico. A democracia ateniense e a república romana não tinham presidente. Nem a francesa post 1789 que quis imitá-las.
Interessante sempre, também, é ouvir-se falar das virtudes republicanas quanto é certo que algumas das características que hoje consideramos intrínsecas da democracia moderna foram cunhadas na monarquia inglesa: o rule of law, para falar apenas da mais interessante.
E a gente está a lembrar-se disto e de que nenhum cidadão português nem de longe usufrui de direitos políticos comparáveis aos de um súbdito britânico - coisa que aquela gente também sabe - e não haver ninguém que os confronte com essas coisas simples faz-nos esmorecer. É que seria a partir daí que a conversa poderia ter mais interessante.
P.S. Gosto sempre daqueles pequeninos momentos de desonestidade intelectual sem os quais não passa qualquer republicano que se preze. Há pouco tivemos o representante da maçonaria a falar da 2ª república, referindo-se à actual. A ditadura republicana do estado novo parece que não conta. Daqui a 100 anos, em que ordinal esquecido estará omitida esta garbosa 3ª República?
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