sexta-feira, novembro 14, 2008

Questões nunca resolvidas e sempre pertinentes

Onde colocar as notas de texto? No pé da página ou no fim do livro? E, se no fim, por capítulos, ou sem fazer menção deles? E, se por capítulos, recomeçar a contagem ou continuar a ordem das notas?
Todas estas variedades de arrumação têm méritos e deméritos.
Eu prefiro as notas no pé da página, em letras muito pequena e incómoda, com algarismos árabes, usando-se ainda as letras para notas de tradução ou explicações de tradutor ou responsável da edição. Umas e outras devem manter no original as notas que contenham transcrições em grego, latim, francês, italiano (gosto muito das notas em italiano), qualquer língua românica e ainda inglês, alemão; tudo sem qualquer tradução, regra que deve reinar também no texto. Notas em alfabeto cirílico, tamil ou árabe acho um pouco pedante.
Se as notas forem pequenas, parece-me esta questão de arrumação resolvida.
Se são mais volumosas já a coisa muda um pouco e acabo por preferir as notas no fim do livro. E na questão da numeração? Parece-me que uma única ordem, sem recomeçar em cada capítulo é mais cómoda, porque nos podemos orientar com mais facilidade quando folheamos lá no fim, a tentar encontrar, passse a familiariedade, mas, para textos com muitas notas e em papel bíblia não se consegue distinguir pelo volume sobrante de páginas se aquela nota 33 é a referente ao 4º, ou 6º, ou 8º capítulos. E aqui não posso deixar de comunicar um dado curioso: geralmente, quando leio a nota errada, a 33 do artigo 7º quando é certo que estou ainda no capítulo 5º, parece-me aquela referir-se a uma questão tão interessante que não deixo de ir ver o ponto a que diz respeito. Depois de invulgares dificuldades (apenas alguns livros contém a página do livro a que se refere a nota) verifico que, no seu contexto, não apenas é desinteressante quanto fútil, característica que parece partilhar com a grande generalidade das notas de texto.
Lembrei-me, no Inverno passado, de como seria benéfico o lançamento de uma associação dinâmica que combatesse junto dos editores o hábito das notas inúteis ou apenas mais dispensáveis, mas é tal a decadência dos hábitos de leitura que não achei o número de pessoas necessário para fundar a associação e fazer face às despesas notariais e de registo da mesma.
Fico hoje por aqui. A fotografia - que tirei e tem, por isso, os defeitos próprios das obras de amadores - é de um sistema de notas que proporciona uma leitura muito agradável e simples e embora a numeração seja feita por capítulos, a referência da página da nota facilita a consulta.

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