quinta-feira, novembro 13, 2008

Madame de Sévigné não achava muito interessante a história de Roma porque não conhecia lá ninguém. Rio sempre quando me lembro do bon mot da Marquesa (que é uma grande escritora) mas, ontem à noite, num serão de província, enquanto falávamos de um amigo nosso, elogiando-lhe alguns defeitos que lhe estimamos, apercebi-me que eram os mesmos que o Marquês de Fronteira já referia como pertença do ilustre D. de L. - antepassado do involuntário assunto da noite - e que, verifica-se, os não guardou para si; mas, acima de tudo, apercebi-me da justeza da observação de Mme. de Sevigné: é agradável ir por esses livros de história fora e encontrar gente que sabemos muito bem quem é, por lhe conhecermos os netos que, amiúde, são réplicas quase fractais dos seus antepassados, ou de parte deles: de temperamentos, ou de meros gestos e é interessante que aquela tibieza que estudamos a propósito da ida da corte para o Brasil ou a firmeza serena que precedeu a batalha de Valverde nos faça lembrar o modo quase aflito com que fomos perguntados, às vezes poucas horas antes, sobre se valerá a pena ou não aquela compra, ou o modo firme e amigo como nos aconselharam, definitivamente, o vinho que acharam numa prateleira de hipermercado.

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