Ontem conversava numa esplanada com uma amiga. Falava-se de velhos tempos e, de repente, relembrei episódios, conversas, ambientes de que não me lembrava há anos. Eram assuntos comuns, pequenas histórias, a maior parte delas francamente divertidas. Não foi, por isso, por mal-estar que não me lembrava. Apenas o eu que tinha vivido tudo aquilo, há muito substituído por outro, resultado de outros acasos, reduziu ao reino da química inorganicamente emocional aqueles episódios que um estranho em mim viveu. E, instalado com algum gosto neste eu actual, temo pelo dia em que o arquivista desconhecido e eficiente que me constrói, me prive, por qualquer motivo de metodologia arquivística, da lembrança destes dias calmos e plácidos, que os converta "naquele tempo improdutivo em que pouco fazia, até tive um blog..."
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