«Aqui, onde ainda pontifica impante, bárbaro e obscurantista, o culto do deus estado, que partilha o altar das devoções pagãs lusitanas com o sebastianismo ignaro, há-de haver quem, movido pela piedade e amor da verdade, esclareça o público dos desvairios a que levam a superstição e o culto estatais. O país já é, ou será em breve, o mais pobre da Europa e a sua capital, a infortunada Lisboa, uma das mais tristes cidades europeias, onde quasi arruinadas, se prestam a aluir as já raras memórias da formosura antiga; vítima de práticas e superstições que à Razão repugnam, vê agora alevantar-se ante si outra desgraça, esse quinto que a crendice mal orientada lhe quer impor, por não saber atalhar-lhe o mal que a tolhe e que comunga da mesma substância deste remédio beato e tolo que se lhe quer agora dar.»
Produzidos pelas luzes e, mais tarde, pelo insulso positivismo, os panfletos para iluminação do público e libertação das crendices ressurgem em Portugal no início do Séc. XXI. Este refere-se a um expediente, de facto um imposto, que obrigaria os construtores civis a venderem a preço político 20% do que construam na baixa lisboeta.
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