O Procurador Hélder Moura, ao explicar o motivo pelo qual não autorizara uma busca a casa de Sócrates (para não pôr em causa uma figura como Sócrates !!!) atesta com meridiana clareza o quão longe estamos de viver num estado de direito e numa democracia adulta.
Ainda sobre democracia, estado de direito e claustrofobia, imprescindível ler, no Público, O mundo pequeno do caso Freeport, um artigo de Clara Viana.
Sobre o que escreveu JPP sobre este mesmo artigo e o establishment socialista, convirá dizer que não é a nossa pequenez geográfica que torna a independência difícil, não caiamos em determinismos. Talvez um pouco a pobreza, muito a fraqueza do estado de direito, mas não há relações necessárias.
Necessário é transcrever aqui o que escreve JPP: «(...) existe um establishment nacional à volta do PS e que só ocasionalmente toca no PSD, no PP e só marginalmente no PCP. É menos "bloco central" do que se pensa e mais PS do que se imagina. Atravessa praticamente todos os lugares onde realmente há poder e dinheiro em Portugal, seja fundações, old boys networks, gabinetes "técnicos", o mundo da "cultura" subsidiada, universidades, lobbies organizados como agências de comunicação, empresas públicas, grupos ligados à Maçonaria com uma presença forte no sistema judicial e nos serviços de informação. Inclui bancos e grandes empresas muito próximas do estado e do poder político socialista. Era no sector empresarial que ainda havia algum pluralismo, mas mesmo aí tem havido uma significativa perda de independência. E quem escapa a este establishment e fere os seus interesses nunca terá um bom emprego, terá sempre a reputação em perigo (um dos aspectos mais importante deste establishment é o de dador de "legitimidade" simbólica, através de lugares, prémios, homenagens, protecção) e parece sempre "excessivo".»
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