sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Miss Pearls em Madrid também reparou nas crianças a passear nos carrinhos com as mães ou os pais, que não vejo em Portugal sei lá há que tempos - falta de que já me queixei, nuns desses posts aí para trás.
E se fosse só isso... ainda hoje à tarde tinha pensado que em Portugal, nestes tempos, reina a rispidez, a estridência árida, a falta de modos tão mais majestática e desabrida quanto alicerçada numa genuína falta de afecto e cogitei sombriamente em como tudo isso se tem tornado invisível para nós, para mim, pelo menos: é preciso sair daqui para me dar conta do horror disto, da antipatia e da falta de amabilidade indígenas, desta gente zangada e taciturna que somos - ou parece-me a mim que que somos.

Regressar da alegria aristocrática de Espanha a esta sisudez grosseira é uma tarefa muito difícil, de grande rudeza e proponho mesmo que a lei passe a contemplar uma período de aclimatação para os torna-viagem.
Cara Miss Pearls, bom período de adaptação e atenção às nódoas negras.

4 comentários:

M Isabel G disse...

Caro Impensado

A verdade é que não vê pais com crianças, nem cadeirinhas de bebé nem cadeiras de rodas de dificientes, pelo simples motivo de que não há passeios.
Repare bem se é possível alguém circular em Lisboa.

impensado disse...

Cara Miss Pearls,

Em Lisboa, sim, a ausência de passeio, mas eu tenho um à minha frente, largo, amplo, agradável, onde caberiam várias creches, ao lado há um outro parque e está sempre tudo vazio.
Creio que é este jeitinho que temos para viver o pior que podemos.

M Isabel G disse...

"Creio que é este jeitinho que temos para viver o pior que podemos"

Acho que nós, portugueses, não gostamos muito uns dos outros ;)

Ka disse...

Caro impensado,

Infelizmente somos um povo constrangido, oprimido com o vício do queixume , mas pior ainda, sem capacidade de mudança.

O nosso problema é cultural..o que me angustia pois se fosse estrutural podeira ser mofificado a breve prazo mas assim demorará décadas.

Vivi em Madrid durante cerca de um ano e meio e uma das coisas que sempre gostei em Espanha é o facto de eles viverem.
Nós vamos sobrevivendo e eles vivem. Basta repararmos no mdo de vida que têm no dia-a-dia: enquanto nós saímos do trabalho e vamos para casa deprimir, eles fazem o contrário, vão buscar os seus filhos e vão passear pois para eles o trabalho é só um meio.