segunda-feira, novembro 17, 2003

Uma gloriosa manhã, branda e suave e más notícias: Valência terá ganho a American's Cup. Lisboa, preterida por greves de cacilheiros e outros estorvos do subdesenvolvimento. Diria que tudo condiz, mas é uma desilusão: esperava ser um mirone competente do acontecimento. Resta-me a manhã, o azul pálido e oiro.

Aproveito a desilusão para me dedicar ao bota-abaixismo.
Vi, na televisão, um documentário sobre os médicos do Leste europeu que emigraram para Portugal. Alguns ainda não podem exercer medicina, devido a obstáculos burocráticos - um exame da Ordem do Médicos é um deles. Eu não sei se os nossos médicos são monstros de sabedoria. O que sei - embora de ouvir dizer, devo confessar - é que os cuidados médicos disponíveis em Portugal, não obstante o dinheiro que nos custam, são mauzinhos e, em parte, por falta de médicos.
Lembro-me de ler, já há anos, num artigo de jornal, que Einstein não poderia ser, à luz da legislação em vigor, professor catedrático em Portugal... O autor pretendia demonstrar o absurdo da lei. Idêntico absurdo é este da necessidade de exames na Ordem para licenciados por universidades europeias - ou asiáticas que integravam a antiga URSS.

Por médicos, um apontamento de puro terror que não foi devidamente notado: a jornalista atingida a tiro no Iraque foi, parece que com seu consentimento, trazida do hospital inglês para o Curry Cabral.
Um gesto de heroísmo ou a mesma candura que a levou às estradas do Iraque sem protecção?
Como se diz agora, aguardo os "desenvolvimentos".

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