quinta-feira, julho 30, 2009

A RTP1 palra há minutos com entusiasmo sobre a vinda do Rei de Espanha a Portugal. Fazem-se limpezas, arruma-se a casa para receber Sua Majestade.
Escusado era, que não enganamos o perspicácia de Sua Majestade que nos conhece bem e à nossa pequenez, à nossa paixão pelo reles e pela velhacaria mais baixa: foi o Parlamento ainda em funções que recusou um voto de pesar pelo assassinato d'El Rei D. Carlos, tio-avô do monarca espanhol.

quarta-feira, julho 29, 2009

É de Boucher a Vénus da tela em baixo. E tenho ouvido Rameau, Jean-Philippe. Férias francesas, dit-il en clignotant l'oeil.
No Portugal dos pequeninos um comentador dizia que este governo tinha posto o pais em guerra fria civil (comentário Mani Pulite). Muito bem redigido, como diria a Duquesa de Guermantes.

Ricardo Salgado, que já muito tinha inquietado quando veio elogiar a situação, provoca-me mais angústias a defender o TGV. É que tenho lá algumas economias e os banqueiros querem-se sensatos (o que quer dizer, entre outras coisas, não demasiado ambiciosos).

sábado, julho 25, 2009

Há umas semanas um tribunal português suspendeu a pena a uma mulher que assassinou o filho recém-nascido.
Poucas coisas dirão mais sobre nós, sobre o pouco valor que, de facto, continuamos a dar à vida humana e a ausência de dignidade, de decoro, de vergonha, que preside à nossa vidinha do que esta desgraçada decisão.

quinta-feira, julho 23, 2009

Aqui.
Não creio que seja soberba: a soberba, por muito que se deva detestar, exige algum applomb. E isso não tem. O Sousa é mais ser pateta, dizer patetices, não ter noção, fazer figura triste, esse tipo de coisas baças. No seu melhor, tende para o stiff de província, género sessão solene, repetitivo e maçador.
Não podemos é dizer que não sabíamos: a entrevista dada a Herman José que por aí circula mostra a massa de que se fazem os presidentes da junta de freguesia com queda para as requalificações.

quarta-feira, julho 22, 2009

O dia está fresco, nublado. Há um vento agradável.
Um agradável prenúncio de Outono, depois do calor cansativo dos últimos dias.

segunda-feira, julho 20, 2009



A televisão estava a arranjar (durou ainda bastante mais) e houve mudança para casa de amigos. Acabámos por adormecer todos e fomos acordados pelos mais velhos quando estava quase. Estremunhado, não sei se vi bem a descida de Armstrong, mas a impressão de ter sido testemunha da fuga ficou até hoje.

terça-feira, julho 14, 2009

A fórmula de Lampedusa, tão sedutora no que para um marxista seria um exercício de cinismo e "lúcida antecipação" sempre me pareceu, para além de infundada, pouco sensata. O problema reside antes no que sempre acaba por mudar, apesar de tudo aparentemente se manter.

segunda-feira, julho 13, 2009

terça-feira, julho 07, 2009

E sobre Sócrates?
«-É um rapaz da província que subiu na vida à custa da esperteza e de muito pouco trabalho. Assinou projectos arquitectónicos que não eram dele...
-Ele negou, assumiu a autoria...
-Fiquei com a impressão de que tinha assinado projectos que não eram dele. Mentiu, recentemente, no negócio da PT. Tem um percurso de opacidade.»
Descrição sucinta e certeira, de grande utilidade para os lisboetas que ainda acreditam nas virtudes da província.
(Itálicos impensaveis)
-Tem tido uma guerra com os queirosianos. Porquê?
-Eles começaram a fazer-me guerra.
-Mas guerra como?
Tem a ver com as carreiras, luta-se por um poder muito pequenino. Os queirosianos vivem do Eça, é como se fossem sanguessugas. O Eça é a razão de ser da carreira e da promoção deles. Tenho a sorte de não pertencer a uma faculdade de letras. Fiz Filosofia, saltei para Sociologia, e agora faço história e de vez em quando escrevo biografias. Não preciso do Eça para subir na carreira. Para começar, já estava no topo, a liberdade era total. Comecei a perceber quando fui a uma conferência nos Estados Unidos, no centenário do Eça em 2000. Havia 40 portugueses que não tomavam o pequeno-almoço comigo, que não se sentavam ao meu lado no autocarro, que não me falavam. Achei aquilo estranho. Mas quem é esta gente? Depois, havia um professor da Faculdade de Letras, o António Feijó, que me disse: "Mas ainda não percebeste? Estás-lhes a roubar o território" Aquilo é território murado, é o território deles. E o professor americano depois explicou-me que quando me convidou por causa da biografia do Eça teve imediatamente cartas de alguns queirosianos a dizer que o Instituto Camões não me devia pagar o avião. Isto disse-me o americano, que respondeu que se o Instituto Camões não pagasse, a universidade americana pagaria. Não sabia nada disto quando fui, só quando cheguei aos Estados Unidos é que verifiquei que era uma persona non grata.
-Mas quem são esses queirosianos?
- Basicamente, é o Carlos Reis. É catedrático de Coimbra e agora é reitor da Universidade Aberta. E é autor do mais ridículo programa de Português que eu li em dias da vida. As criancinhas entre o 1.o ano e o 9.o ano vão ter de ser sujeitas a um programa de Português que é uma aberração total e completa. Os outros são assistentes dele. Como ele é catedrático, os outros têm medo de falar comigo, porque se na América os vissem a tomar o pequeno-almoço comigo, depois não iam a professor auxiliar.
O Eça, teve a fazer-lhe o elogio fúnebre o Ministro da Marinha - o cargo que ele atribuíra a Abranhos. Agora tem esta gente. O pormenor das cartinhas enviadas para que a universidade norte-americana não pagasse o bilhete de avião valem por tratados.
Pobre Eça! Pobres de nós!

segunda-feira, julho 06, 2009

Li ontem esta notícia.
Durante anos, passei uns dias de Setembro na Barca, onde nunca foi falado, nem sequer ao café, na mesa da casa de jantar imensa - onde quase sempre havia apenas dois comensais - e a conversa vagarosa ia às vezes por lembranças de gente das letras que a dona da casa conhecera. Mas deste nunca se falou e nem o ser a minha anfitriã ela mesma uma visita da Barca - a casa estava fechada 10 meses no ano - é explicação por si. Só a diversidade, a incomensurabilidade e mudez dos mundos, mesmo em terra onde todos têm quintas, terras, leiras, que fazem extrema com todos.
Cansaço e tédio, irritação difusa.

sábado, julho 04, 2009

Reacção de um interlocutor brasileiro à "cena Pinho":

«parece coisa de política local daqui
de cidadezinhas do interior
com todo o respeito
eheh»

quinta-feira, julho 02, 2009

Olé?
Aqui neste lugar esteve o post com o ministro Pinho a fazer corninhos e de que apenas resta aquele início.
Dado que foi demitido, desaparece o post, evitando que este blog tome ares de tertúlia.
Crise na América: a realidade não votou Obama e é pouco permeável a slogans.

quarta-feira, julho 01, 2009

Este governo é tão intensamente um governo de vaudeville que, quando o ministro Pinho (também diz haviam, adiante) rasgou um papel numa entrevista, fiquei à espera que o engolisse e o regurgitasse intacto.
À procura de uma ária barrroca (os 3 errs ficam bem), encontro no You Tube abrasileirado as "recomendações para Você". Não há "acordo" ortográfico que transforme este medonho "para Você" no nosso elegante para si. Aliás, o si é um problema grave no Brasil. Consigo ou comigo são pronomes que por lá não se usam. Certa vez, um brasileiro (curso superior numa universidade com renome brasílico), com aquele nacionalismo arrogante e saloio como só o produzem a miséria e a ignorância, repreendeu-me por dizer consigo na acepção de «em companhia da pessoa a quem ou de quem se fala». Que era erro, que era mau português.
E ainda hoje deve estar convencido de tal.