sexta-feira, abril 29, 2005
Não sei quem, muito aflito por ter sido detido, no próximo oriente, por uso de drogas. Não discuto a aflição do envolvido ou de sua família, mas a atitude alarmista dos media, tanto mais injustificada quanto toda a gente sabe da bondade da lei nos países muçulmanos quando comparada com a crueldade da ordem penal do capitalismo globalista e totalitário, maxime o europeu e o norte-americano. Problema seria se o acusado tivesse caído nas malhas da justiça britânica... Descansemos, pois, o nosso compatriota não podia, dentro da sua desventura, estar em melhor sítio.
quinta-feira, abril 28, 2005
QUE VERGONHA, RAPAZES!
Que vergonha, rapazes! Nós práqui,
caídos na cerveja ou no uísque,
a enrolar a conversa no “diz que”
e a desnalgar a fêmea (“Vist’? Viii!”)
Que miséria, meus filhos! Tão sem jeito
é esta videirunha à portuguesa,
que às vezes me sorgo no meu leito
e vejo entrar quarta invasão francesa.
Desejo recalcado, com certeza...
Mas logo desço à rua, encontro o Roque
(“O Roque abre-lhe a porta, nunca toque!”)
e desabafo: - Ó Roque, com franqueza:
Você nunca quis ver outros países?
- Bem queria, Snr. O’Neill! E... as varizes?
Que vergonha, rapazes! Nós práqui,
caídos na cerveja ou no uísque,
a enrolar a conversa no “diz que”
e a desnalgar a fêmea (“Vist’? Viii!”)
Que miséria, meus filhos! Tão sem jeito
é esta videirunha à portuguesa,
que às vezes me sorgo no meu leito
e vejo entrar quarta invasão francesa.
Desejo recalcado, com certeza...
Mas logo desço à rua, encontro o Roque
(“O Roque abre-lhe a porta, nunca toque!”)
e desabafo: - Ó Roque, com franqueza:
Você nunca quis ver outros países?
- Bem queria, Snr. O’Neill! E... as varizes?
quarta-feira, abril 27, 2005
Novos Links
Linkaram o Impensável, que, muito grato, agradece, o Abencerragem, o Apostrofe, o Makjeite, o Pobreza Franciscana e o Ma Schamba.
Ainda uma vez, muito obrigado.
Linkaram o Impensável, que, muito grato, agradece, o Abencerragem, o Apostrofe, o Makjeite, o Pobreza Franciscana e o Ma Schamba.
Ainda uma vez, muito obrigado.
Passeios de madrugada: sudeste de Inglaterra, Wilde (já não sei como, de Hastings a ele) Paris, Eça e Wilde, uma citação deste: "Illusion is the first of all pleasures" que me levou a Tchekov, ao Tio Vânia, à condescendência como prodigalidade, no caso, a vida na cidade que o seu "sacrifício" - e de sua sobrinha - permite aos outros, mas como ilusão, equívoco. E de novo Eça, "A Cidade" enquanto ilusão, melhor, falácia arquitectural das cosmogonias do século XIX - estou com sono.
Ontem reli - uma vez mais - parte da correspondência entre ele, sozinho numa terrivelmente quente Paris e sua Mulher, na praia, numa praiazinha bretã.
Ontem reli - uma vez mais - parte da correspondência entre ele, sozinho numa terrivelmente quente Paris e sua Mulher, na praia, numa praiazinha bretã.
terça-feira, abril 26, 2005
Portugal será, em 2020, o país mais pobre da UE, isto dito por por uma daquelas comissões que trabalham com afincos nórdicos e certeiros.
Não me admiro. Caminhamos com afinco para a pobreza, de que, aliás, nunca chegámos a sair (legislações irreais, provincianismo optimista, etc não se traduzem em aumento do PIB). O que verdadeiramente perdemos - tirando os ganhos gerais do avanço do mundo que aqui também de reflectem - foi a noção de que somos pobres: foi a perda dessa lúcida verdade que nos (lhes) fez pensar vir aí a riqueza, nada mais. Em nome desse esquecimento tragicómico enfarpelou-se o país de "homem novo" "de sucesso" e outras possidonices de igual falta de gosto.
Isto tudo, encerra um pedido: sabido que fingir não adianta, voltemos aos hábitos antigos, ao nosso antiquíssimo, genuíno e agradável vagar, à nossa paz, ao nosso tédio de ver o mar de que voltámos. Olhem, quando tiverem de ir ao Porto, ou de lá vierem a Lisboa, evitem a auto-estrada, levem os filhos - eles que faltem à escola - e parem em Alcobaça e na Batalha. Mostrem-lhes os mosteiros, comprem uma lembrança e continuem sem pressas.
Ah! E se a ida ao estrangeiro, digamos, à tão familiar NY, se tornar inevitável, levem farnel e pandeiretas, arranchem à entrada do MOMA ou do MET e verão como se divertem baratinho.
Não me admiro. Caminhamos com afinco para a pobreza, de que, aliás, nunca chegámos a sair (legislações irreais, provincianismo optimista, etc não se traduzem em aumento do PIB). O que verdadeiramente perdemos - tirando os ganhos gerais do avanço do mundo que aqui também de reflectem - foi a noção de que somos pobres: foi a perda dessa lúcida verdade que nos (lhes) fez pensar vir aí a riqueza, nada mais. Em nome desse esquecimento tragicómico enfarpelou-se o país de "homem novo" "de sucesso" e outras possidonices de igual falta de gosto.
Isto tudo, encerra um pedido: sabido que fingir não adianta, voltemos aos hábitos antigos, ao nosso antiquíssimo, genuíno e agradável vagar, à nossa paz, ao nosso tédio de ver o mar de que voltámos. Olhem, quando tiverem de ir ao Porto, ou de lá vierem a Lisboa, evitem a auto-estrada, levem os filhos - eles que faltem à escola - e parem em Alcobaça e na Batalha. Mostrem-lhes os mosteiros, comprem uma lembrança e continuem sem pressas.
Ah! E se a ida ao estrangeiro, digamos, à tão familiar NY, se tornar inevitável, levem farnel e pandeiretas, arranchem à entrada do MOMA ou do MET e verão como se divertem baratinho.
Despojos da leitura do TLS da semana passada:
"Further afield, the Portuguese took his classical name - Lusitania - from Lusus, a son of Bacchus, whose name means «play» or «game»"
Unfair play, bad game, I say.
Adiante. Sobre os contos de John Berger, um, named Lisboa. Lá se lê: "Lisboa is a city that has a relationship with the visible world like no other city. It plays a game. Its squares and streets are paved with patterns of white and coloured stones, as if, instead of being roads, they were ceilings"
A necessidade de dizer coisas...
Ah! Agradáveis estes frios a tocarem o extemporâneo. Ir para o quarto, vestir o pijama, enfiar na cama, ainda não é o ritual fácil e de inconsequente violação que desfeia o ir dormir durante o tempo quente. Regozijo-me com a necessidade de ponderação. Um cobertor posto à pressa, escorrega, arrasta os outros, o frio entra, é preciso compor tudo, de novo, por entre o sono. Sei que agora toda a gente dorme em quartos perfeitamente aquecidos, com édredons comprados em NY ou London, que tudo isto é antigo, velho e saudosista. Pois é.
"Further afield, the Portuguese took his classical name - Lusitania - from Lusus, a son of Bacchus, whose name means «play» or «game»"
Unfair play, bad game, I say.
Adiante. Sobre os contos de John Berger, um, named Lisboa. Lá se lê: "Lisboa is a city that has a relationship with the visible world like no other city. It plays a game. Its squares and streets are paved with patterns of white and coloured stones, as if, instead of being roads, they were ceilings"
A necessidade de dizer coisas...
Ah! Agradáveis estes frios a tocarem o extemporâneo. Ir para o quarto, vestir o pijama, enfiar na cama, ainda não é o ritual fácil e de inconsequente violação que desfeia o ir dormir durante o tempo quente. Regozijo-me com a necessidade de ponderação. Um cobertor posto à pressa, escorrega, arrasta os outros, o frio entra, é preciso compor tudo, de novo, por entre o sono. Sei que agora toda a gente dorme em quartos perfeitamente aquecidos, com édredons comprados em NY ou London, que tudo isto é antigo, velho e saudosista. Pois é.
sexta-feira, abril 22, 2005
Da mesma autora, sobre Lisboa: “seria injusto comparar Lisboa, no pequeno Portugal, com Gdynia ou Génova, Haifa ou Roterdão, em termos de instalações portuárias. Nem seria correcto comparar os cafés lisboetas, agora sobrelotados, com os da velha Amsterdão ou de Viena; os seus restaurantes, com os de Veneza; os preços dos seus hotéis com os de Lausanne ou Barcelona; as suas lojas com as de Praga ou de Paris”
Desagradável, não é? E Annemarie, chegada a Lisboa vinda dos Estados Unidos - isto é, na rota inversa dos refugiados - gostou da cidade e das gentes, as comparações não pretendem amesquinhar são meramente ilustrativas...
Desagradável, não é? E Annemarie, chegada a Lisboa vinda dos Estados Unidos - isto é, na rota inversa dos refugiados - gostou da cidade e das gentes, as comparações não pretendem amesquinhar são meramente ilustrativas...
quinta-feira, abril 21, 2005
Visões de Lisboa dos anos 40 - e do regime de então - alguma coisa fora de vulgar, de Annemarie Schawarzenbach, vislumbradas numa publicação do Centro Interuniversitário de Estudos Germanísticos, Coimbra. A tradução é de Maria Antónia Amarante e a introdução de Gonçalo Vilas-Boas.
Dizia ela que "Portugal, um país litoral adormecido, separado da Europa por um renque de colinas relativamente modestas, cobertas de oliveiras e vinhas, e dos destinos de Espanha pela força de uma tradição nacional, transitou da monarquia dos Braganças para a República, e vive agora sob o regime democrático, mau grado autoritário e prudente, de Salazar, que não se pode designar por «ditador» mas antes «alguém que, democraticamente impede a ditadura»".
Mais informes sobre a autora aqui (e em inglês)
Dizia ela que "Portugal, um país litoral adormecido, separado da Europa por um renque de colinas relativamente modestas, cobertas de oliveiras e vinhas, e dos destinos de Espanha pela força de uma tradição nacional, transitou da monarquia dos Braganças para a República, e vive agora sob o regime democrático, mau grado autoritário e prudente, de Salazar, que não se pode designar por «ditador» mas antes «alguém que, democraticamente impede a ditadura»".
Mais informes sobre a autora aqui (e em inglês)
terça-feira, abril 19, 2005
Gostei de ouvir o pouco do que ouvi da homilia do Cardeal Ratzinger.
A ditadura do relativismo, o apogeu do fragmento, a glorificação do estilhaço original eis algo a que estar atento
O Cardeal Ratzinger não é o meu candidato preferido para São Pedro - "torço" pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa - mas foi uma bela homília que tentei já encontrar na íntegra aqui.
A ditadura do relativismo, o apogeu do fragmento, a glorificação do estilhaço original eis algo a que estar atento
O Cardeal Ratzinger não é o meu candidato preferido para São Pedro - "torço" pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa - mas foi uma bela homília que tentei já encontrar na íntegra aqui.
domingo, abril 17, 2005
Conhecido entre nós - e muito estimado - é Pablo Neruda.
Merecidamente, se atendermos às alturas da sua poesia.
Um excerto de um pico poético, neste domingo:
"Stalin alza, limpia, construye, fortifica
preserva, mira, protege, alimenta,
pero también castiga.
Y esto es cuanto quería deciros, camaradas:
hace falta el castigo"
Faz falta o castigo, hace falta el castigo...
Merecidamente, se atendermos às alturas da sua poesia.
Um excerto de um pico poético, neste domingo:
"Stalin alza, limpia, construye, fortifica
preserva, mira, protege, alimenta,
pero también castiga.
Y esto es cuanto quería deciros, camaradas:
hace falta el castigo"
Faz falta o castigo, hace falta el castigo...
sexta-feira, abril 15, 2005
"Se o menino fosse ajuizadinho..." imagino que, se o fosse, as bençãos do céu desceriam sobre mim, a coroar de prazeres inefáveis os usufruidos aqui na terra e de que o gozo de pessoal doméstico adequado não era o menor. Mas nunca fui ajuizadinho nem conheço realmente bem alguém que o seja na minha roda de amigos. Os mais próximos de merecerem o epíteto desenvolveram com a idade comportamentos estranhos, tiques, birras e monomanias quase assustadoras que exibem sem rebuço: peregrinações a pé anuais a lugares santos, leitura compulsiva de má literatura, boas intenções, francesismo, eis algumas delas. E, por isso, nunca cheguei bem a saber, senão por difuso contraste, o que era o menino atilado que a antiga empregada lastimava eu não fosse. Há pouco, porém, vi um: é o nosso primeiro-ministro. Atilado, bem-comportado. Fiquei convicto. Mas surge a dúvida: de que serve ser atilado, aos quarenta anos, idade em que as empregadas velhas desapareceram ou, a existirem, sejamos francos e crus, delas já não necessitamos para obtermos o bolo de canela a caminho da praia? Agora que já não são necessárias para nos assegurarem um lugar razoável na pole position das corridas de triciclos nas matinées infantis do Casino?
Para quê, então, aquela exibição tão veemente de virtude? Por meia dúzia de votos? Pfff....
Para quê, então, aquela exibição tão veemente de virtude? Por meia dúzia de votos? Pfff....
terça-feira, abril 12, 2005
segunda-feira, abril 11, 2005
A correspondência entre Eça e sua Mulher.
Em 1892 falava-se do déficit... e, tal como agora, cria-se em homens providenciais, na altura Oliveira Martins. Certo é que ainda não chegámos ao dia-a-dia providencial, à habitualidade providencial (que não é o viver habitualmente de Salazar mas não lhe é completamente estranho), ao esquecimento mesmo dessa desgraçada necessidade do providencial.
Em 1892 falava-se do déficit... e, tal como agora, cria-se em homens providenciais, na altura Oliveira Martins. Certo é que ainda não chegámos ao dia-a-dia providencial, à habitualidade providencial (que não é o viver habitualmente de Salazar mas não lhe é completamente estranho), ao esquecimento mesmo dessa desgraçada necessidade do providencial.
domingo, abril 10, 2005
Interessante ver a cerimónia real através de canais franceses: já não é a nostalgia da monarquia de que já não sei quem dizia sofrerem os franceses: é pura inveja.
A Duquesa da Cornualha foi apodada de "plebeia" (routuriere). Descendente de, entre outros, Henrique IV, rei de França, afiro por esta os problemas magnos da auto-estima gaulesa. Proporções preocupantes!
A Duquesa da Cornualha foi apodada de "plebeia" (routuriere). Descendente de, entre outros, Henrique IV, rei de França, afiro por esta os problemas magnos da auto-estima gaulesa. Proporções preocupantes!
quarta-feira, abril 06, 2005
Gloomy.
Recebi hoje, pelo correio, a Ilíada e, péssimo hábito, já a folheei. Logo à noite lerei o prefácio, se não sair.
Dei uma volta pelos blogs: estupendos - tanto quanto ingénuos - os "posts" do Joaquinzinhos sobre a burocracia. Eu radicaria a burocracia portuguesa em duas linhas de tradições, ambas nobres: a que se filia na aversão pelo novo e por qualquer forma de desassossego e de perturbação da amenidade quotidiana e a outra, relativa à liturgia do estado português, estado de cerimónia e cerimonioso, conselheiral, bem instalado, e, se não já rico e imperial, demoradamente saudoso dos tempos aúreos em que, à sobremesa, ou mais tarde, pela fresca, despachava pretensões da Índia ou aspirações do Grão-Pará, redigidas por suplicantes (era a fórmula, elegante, filial) acompanhadas por empenhos trasmitidos em visitas que se faziam, retribuiam e comentavam, e constituiam, por si só, uma actividade, uma distracção salutar. A que vem agora essa gente, com pressa e sem modos, que exige, que reclama? Que espere! Também compreendo.
Recebi hoje, pelo correio, a Ilíada e, péssimo hábito, já a folheei. Logo à noite lerei o prefácio, se não sair.
Dei uma volta pelos blogs: estupendos - tanto quanto ingénuos - os "posts" do Joaquinzinhos sobre a burocracia. Eu radicaria a burocracia portuguesa em duas linhas de tradições, ambas nobres: a que se filia na aversão pelo novo e por qualquer forma de desassossego e de perturbação da amenidade quotidiana e a outra, relativa à liturgia do estado português, estado de cerimónia e cerimonioso, conselheiral, bem instalado, e, se não já rico e imperial, demoradamente saudoso dos tempos aúreos em que, à sobremesa, ou mais tarde, pela fresca, despachava pretensões da Índia ou aspirações do Grão-Pará, redigidas por suplicantes (era a fórmula, elegante, filial) acompanhadas por empenhos trasmitidos em visitas que se faziam, retribuiam e comentavam, e constituiam, por si só, uma actividade, uma distracção salutar. A que vem agora essa gente, com pressa e sem modos, que exige, que reclama? Que espere! Também compreendo.
terça-feira, abril 05, 2005
segunda-feira, abril 04, 2005
O artigo de ontem (creio...) de Vasco Pulido Valente, no Público, sobre João Paulo II tem o brilhantismo habitual. Convirá, no entanto, lembrar que, neste caso, não houve reforma senão da memória e o Papa, que nasceu num país com um passado mártir, que viveu pessoalmente a barbárie nazi, primeiro, e, depois, a comunista, sentia o perigo deste tempo cosmético de agora, construído sobre o esquecimento da proximidade da barbárie, isto é, sobre o olvido da natureza humana.
domingo, abril 03, 2005
sábado, abril 02, 2005
Lembro-me, muito vagamente já, da morte de Paulo VI, um Papa que admirava e via sozinho, perto da morte, frágil, numa dolorosa incerteza sobre o destino da Igreja e do mundo. A sua morte, esperada, foi, no entanto, pelo menos para mim, jovem desatento, uma surpresa. E surpresa e choque para todos foi a morte do seu sucessor, João Paulo I.
Admirador de Paulo VI, no que nele me parecia o sofrimento na dúvida e da solidão, no desgosto, no desgosto mesmo pela sorte de amigos próximos como Aldo Moro, admirador de tal Papa, senti como quase "grosseiras" as certezas e convicções de João Paulo II. Mas hoje, ao lamentar a sua falta de saúde, não o faço por meramente me ter habituado ao novo "estilo", por força do hábito adquirido pela longa duração do pontificado, mas pela radicalidade austera das certezas que nos veio lembrar, a nós católicos - e ao mundo - devemos ter e que nos ensinou como a filhos e que esperou de nós como irmãos e iguais, sempre iguais: o acidental da condição humana (a riqueza ou a pobreza, a saúde ou a doença...) em nada nos exime, não é o que nos define: mesmo no extremo limite da sua persistência não somos nunca apenas isso, a nossa responsabilidadade perante Deus e os outros homens mantêm-se intacta - sempre.
Admirador de Paulo VI, no que nele me parecia o sofrimento na dúvida e da solidão, no desgosto, no desgosto mesmo pela sorte de amigos próximos como Aldo Moro, admirador de tal Papa, senti como quase "grosseiras" as certezas e convicções de João Paulo II. Mas hoje, ao lamentar a sua falta de saúde, não o faço por meramente me ter habituado ao novo "estilo", por força do hábito adquirido pela longa duração do pontificado, mas pela radicalidade austera das certezas que nos veio lembrar, a nós católicos - e ao mundo - devemos ter e que nos ensinou como a filhos e que esperou de nós como irmãos e iguais, sempre iguais: o acidental da condição humana (a riqueza ou a pobreza, a saúde ou a doença...) em nada nos exime, não é o que nos define: mesmo no extremo limite da sua persistência não somos nunca apenas isso, a nossa responsabilidadade perante Deus e os outros homens mantêm-se intacta - sempre.
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