quinta-feira, maio 31, 2012

Balanço do mês de Maio: gente medíocre espia gente medíocre. (A mediocridade é majestática em Portugal). Déficit orçamental e execução do orçamento em perigo. Reformas que, por pura cobardia, continuam por fazer. Um primeiro-ministro sem rasgo que não soube aproveitar a ocasião. Esperam-nos tristíssimos tempos.

terça-feira, maio 22, 2012

Da entrevista da Dra. Maria do Carmo Vieira: Grego clássico, em Portugal, já não haverá ninguém a aprender; Latim é uma disciplina de opção. Literatura Portuguesa idem. Pode-se ser professor de português sem ter estudado latim ou literatura portuguesa. Assim, através da estupifidicação, se prepara um país para a Ditadura.

domingo, maio 20, 2012

Quando alguém perguntar o que significa «deus ex machina» pode-se ensaiar uma resposta: "O trovão de Hollande" ou, em francês, La Tonerre de Hollande.
No caso, um deus vingador da vulgaridade.
Os Domingos estão menos insuportáveis. O  seu mal-estar espalhou-se pelos outros dias da semana.

terça-feira, maio 15, 2012

sábado, maio 12, 2012


Bernardo Sassetti  morreu na quinta-feira.
« Quand les dégoûtés s’en vont, il reste les dégoûtants»

sexta-feira, maio 11, 2012

What made telephone conversation so interesting to one of the main progenitors of “conversational analysis”—a discipline that looks for the deep structures in our everyday talk—was not that it represented some bold break from traditional human communication, but that it is, in essence, pure talk, not contaminated by the suggestive glance, the gesture of a hand, a person’s body torque. Sifting through hundreds of hours of actual recorded calls from an array of sources, Schegloff rigorously dissected the dynamics in play when two people who cannot see each other talk: the turn taking, the “forced position repair” (that moment in a conversation when one realizes there has been a misunderstanding—“I thought you meant . . .”— and the participants must go backward in time to “fix” the conversational thread).

quinta-feira, maio 10, 2012

[...]
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
[...]

Álvaro de Campos, Aniversário

segunda-feira, maio 07, 2012

Quem leu Eça - as reflexões de Eça sobre a França - perceberá melhor a eleição de Hollande no que ela é para além de justa reacção à  vã agitação de Sarkozy.

Com o socialista é o regresso à normalidade no que se refere a  amantes e estado, dois aspectos essenciais da vida pública francesa.
Ao contrário do vencido, que no começo do seu mandato corria atrás de uma mulher visivelmente farta dele e que o deixou (sim, Sarkozy era um quitté - uma das situações mais humilhantes para um francês, a ponto de, segundo Stendhal,  serem escassas as palavras para designar tal situação),  Hollande tem uma amante  que escondeu do público durante a campanha eleitoral da sua maitresse en titre, Ségolène Royal e que hoje é a oficial, Valérie Massonneau, divorcée Trierweiler.
Por aqui aqui se pode ver que a vitória de Hollande é a da França séria, cordata, que dizer?, habitual, onde "les grandes passions sont si rares que les grands hommes" e as amantes desempenham um papel determinante no exercício do poder  ("De l'amour" de Stendhal  - com relevância, capítulos XL,  XLI e XLII)

Por aqui, tudo bem, dir-me-ão. mas e o estado: "As medidas propostas por Hollande? Não revelam imprudência, não são nefastas?"
Creio que deverão ser tidas como declarações não sérias, não no sentido de serem desonestas, mas no de serem jocosas, uma plaisanterie, une guignolade, bonne á rigoler:  há mesmo promessas de gastar rios de dinheiro, o que, nas presentes condições, desempenha o papel dos apartes das comédias de Moliére: um modo jovial e rassurant de assegurar  que nada se vai, afinal, passar como julgam.

Não, de verdadeiramente tenebroso em Hollande e que, devo confessar,  me inquieta, apenas sua mãe, assistente social e católica de esquerda.

sábado, maio 05, 2012

Creio que não é novidade.
Há muito que a imagem de Portugal no exterior é a de um país corrupto.

Quanto aos juízes: não creio que a renuneração  seja um problema. Em Inglaterra - naquele país onde não há ditaduras - 75% das acções são julgadas por pessoas comuns,  em voluntariado, que têm uma  formação de algumas  semanas e que recebem apenas modestas ajudas de custo para deslocações, não vendo ninguém nesse regime qualquer problema ou ameaça à independência judicial - que, por aqui, se eleva às altura de uma essência diafana e inefável, quando consiste na produção de decisões de acordo com a lei e não consoante o desejo do poder executivo. A tese que subjaz é a de que o dinheiro, ou a falta dele, deixam os juizes nas mãos do executivo. Não menos deixa o excesso de benesses e a expectativa de mais...
O que assegura a independência e a imparcialidade -  coisa diferente da «independência» -  dos juízes não é o dinheiro: é a honestidade e uma cultura que a premeie.

quinta-feira, maio 03, 2012


Belarmino

Há dois ou três dias, sem que me lembre já a propósito de quê e sem saber sequer que o realizador estava doente, vi uns excertos d'Abellha na Chuva e Belarmino.

Em Belarmino, de Fernando Lopes,  Lisboa, a baixa cheia de gente - e que dos três foi a primeira a morrer.
Este tempo de Fevereiro em Maio, desagradável noutros anos, serve neste para descansar as pupilas dos excessos.
E a comoção do 1º de Maio foi o promocional  bodo aos pobres  dado pelo Sr Alexandre Soares dos Santos, proprietário do "Pingo Doce".

Apesar dos tumultos, alguns dos fregueses deixaram palavras de agradecimento à bondade do empresário.

A «troika» considerou  nociva a situação de monopólio na distribuição alimentar, facilitada, ao longo de anos, pelas administrações central e local.