segunda-feira, maio 31, 2010

O Presidente alemão demitiu-se por ter dito não sei o quê* sobre o Afeganistão, o que terá gerado alguma polémica.
E, por isso, demitiu-se.
Se aqui alguém sugerisse que o presidente se demitisse por uma questão similar, o que seria de clamores de insensatez, à esquerda e à direita. Seria oportuno? Seria adequado? Seria, oh velho bom senso lusitano, sensato? Judiciosas questões, graves questões que exigem tempo para ser meditadas.
Esta sensatez tem, todavia, um preço: a obrigação de respirarmos o ar do fundo do poço.

*Falado sobre as motivações económicas da guerra
Escolaridade média dos portugueses é a segunda pior da OCDE

E por causa disto, milhares e milhares de palavras a mais, gastas em blogs, jornais, televisões.
Palavras que uma melhor educação impediria, por inúteis, redundantes, despropositadas. Nada melhor que uma inteligência treinada para simplificar as coisas.
Seguindo as boas regras da hagiografia, o suposto pedido de Buarque só era atendível mediante um sacrifício, mesmo que pequeno, do santificando. Ei-lo: "Para que tal ocorresse, porém, o primeiro-ministro saiu de um encontro com empresários portugueses no Rio de Janeiro para se encontrar com o cantor".
Ternurento, sublime, santificante!
Assim se percebe o amor que a hierarquia da igreja portuguesa lhe tem dedicado.

sábado, maio 29, 2010

A gente lê isto e, numa muito benigna interpretação das intenções que jazem por detrás do despacho de Mota Amaral, chega à conclusão que para evitar sobressaltos, andamos todos em sobressalto, pela lama.

sexta-feira, maio 28, 2010

Em dois comentários a blogues, espalhei o meu pragmatismo aferido pelos resultados: se estamos no atoleiro moral, político, económico e financeiro não foi por termos deixado de ceder ao «não vale a pena pensar agora nisso» ao «não é oportuno» e demais desculpas de circunstância, na saloia suposiçao que a falta de valores «paga».
A má sina portuguesa tem nomes: a dos deputados de esquerda (PCP, BE e PS) que votaram a favor do TGV.

A responsabilidade pelo sofrimento que essa votação - imobilista, afinal - trará é deles.
E de quem os elegeu.

A não esquecer.
(Ler com um ar sério e definitivo)
Sou leitor assiduo do Sorumbático, um blog interessante e simpático.

Ontem encontrei um post que se indignava com críticas ao Eng. Guterres, o fugitivo.

Tinha de desabafar.

«Quanto ao Eng. Guterres, trata-se, de facto, de pessoa preparadíssima! Preparadíssima. Os efeitos da sua proficiente governação estão à vista e serão duradouros. Duradouuros! Um portento, e rapaz de muito talento. O mundo todos os dias pasma por breves momentos com o talento e a preparação do Sr. Eng. Guterres. Preparadíssimo. Não sei mesmo se "estadista genial" ou, mais caseiramente, "talentaço" não são as expressões que imediatamente deviam ocorrer a quem se dedica ao estudo destas coisas da governação. O actual também é rapaz talentoso e preparado. Vá lá a gente escolher entre os dois! Tão eminentes, tão fora do vulgar! É difícil! É muito difícil. Talentos, forças da natureza! A direita, já se sabe, só crimes. Crimes horrendos.»

quinta-feira, maio 27, 2010

Hoje passou por aqui onde vivo uma qualquer individualidade.
Houve fanfarras e havia polícias - há meses que não via um!
Agradeço o cuidado: assim que me apercebi da coisa, fechei-me no gabinete e guardei a carteira em lugar seguro.

quarta-feira, maio 26, 2010

Sob o choque da descoberta de Katyzinha.

Choque que agravou, até à tremura, quando percebi que a moral Katyzinhana é a do eng: bom é aquilo de que se gosta - e sem grandes divagações sobre -, exista realmente ou trata-se de mera efabulação e mau é o resto.

terça-feira, maio 25, 2010



Um standup de um pouco dotado comediante de subúrbio. A ignorância sobre as coisas do vasto mundo - e o lugar que nele ocupa - fica ilustrada com a história do telefonema de Obama a Zapatero, que ele não crê ser possível.
Agradece-se ao 31 da Armada este momento único de absoluta miséria intelectual e política.

Cumprirá dizer que a culpa principal não é do cómico inepto, mas de quem o pôs lá e lá o conserva. E nem falo de Prorrogação Silva que, na essência, pouco difere deste.

segunda-feira, maio 24, 2010

Aqui se encontra uma possível nova causa fracturante:
Afinal, podendo casar com o que quiserem, na adopção (do que quiserem) haverá estranhos progenitores e adoptados, talvez mesmo coisas, o que, não sendo, afinal, mais improvável do que dois homens ou duas mulheres gerarem entre si uma vida, não deixa de ser estranho, embora com a indiscutível vantagem da adopção de, por exemplo, peças de mobiliário não trazer qualquer perigo para o adoptado.

Interessante verificar que naquela escrita o outro é sempre o objecto de um desejo a satisfazer sem entraves. Não se diz "casem-se", mas "casa-te": é a educação mimada do filho único pequeno-burguês.

sábado, maio 22, 2010

placebo rima com desconcebo
e
abalo rima com Kahlo.

Num verso, Dickinson, Plath, Woolf e a dita Kahlo, juntas, lembram uma promoção de feira.

Mas não é, é um sumário civilizacional.

O Pedro Mexia gosta muito.

sexta-feira, maio 21, 2010

Para ajudar a que passe mais despercebido o fragor da derrocada, duas deputadas socialistas andam a propor mudanças nos feriados. E conseguem os seus intentos, porque há gente a discutir a questão (nesta altura!)
Importa saber que o número dos nossos feriados, ao contrário da economia e das finanças ou da lisura govertanmental, se situa na média europeia e o resto, incluído um pateta dia de familia a 26 de Dezembro - quando se desacansa dela! - não passa de mais um esforço de descristinização que começou com a revolução francesa (com calendário, instituição de festividades cívicas e outros perfeitos horrores).
Cansaço.
Para pensar.

quinta-feira, maio 20, 2010

Não tenho uma visão conspirativa do mundo, mas daí a acreditar que não há quem pense o país - mesmo que intermitentemente - e que essa reflexão não tenha depois uma tradução em acções eficazes vai uma distância a não transpor. Desde logo, porque em relação a Portugal há, lá fora, quem possa, abertamente, tomar decisões que nos afectam profundamente.
Não é em vão, penso, que ouvi hoje, num simples dia, na televisão, dizer do primeiro-ministro o que em anos foi calado e consentido.
Sócrates é uma mera sobrevivência conveniente, as questões das obras públicas um exercício e o país está a ser preparado paulatinamente para as medidas severas e necessárias idênticas às tomadas em Espanha ou mesmo na Irlanda.
E espero que isto não seja um caso de uma aspiração tomada pela realidade.

quarta-feira, maio 19, 2010

Depois de o Dr. Fernando Ulrich ter dito isto:

"O dia em que batermos na parede não está muito longe. Talvez por semanas. Lamento, mas o país tem de saber"

...e num dia mau para as bolsas europeias,

em Portugal, o BPI do Dr. Fernando Ulrich fechou a ganhar 10,48%

Por seu lado, o BES do Dr. Ricardo Salgado - que não poupou ao longo dos tempos elogios a Sócrates - caiu 3,07%

Os mercados não são cegos.

terça-feira, maio 18, 2010

Inconvenientes do atraso: numa democracia do 1º mundo tanto Cavaco como Sócrates não ocupariam nunca os cargos que ocupam, o que nos teria poupado muitas maçadas.
Aquela deste triste país ser um exemplo a seguir é pura demência.
Ninguém pede uma junta médica?

segunda-feira, maio 17, 2010

A comunicação: mais um (esperado) momento nulo de uma nulidade - que espero não ver reeleito -, uma desmonstração de falta de princípios ou de coragem para proceder de acordo com eles.
Como sempre, tudo em nome do agora não pode ser que isto está perigoso.
"Isto" está como está por causa de atitudes deste jaez.
Cousas espantosas

O deputado que palmou os gravadores aos jornalistas ainda está em funções.
E há jornalistas que não se recusam a entrevistá-lo!

Enquanto isso, um ministro troca-tintas vai apresentar as meias-tintas a Bruxelas. Sem espanto, o medo de incumprimento por parte de Portugal não pára de aumentar.

O Presidente da Câmara do Porto disse que as manobras do governo para a transferência de verbas de um tgv para uma ponte era "grave, muito grave".
Eu diria mesmo que é excessivamente grave, como dizia o afável ministro da Suécia, o amigo de Carlos da Maia.

(Entretanto, o menos amável Ministro das Finanças sueco, exige quer as nossas continhas e as dos espanhois bem em sítio onde se possam ver. Começo, finalmente, a achar que isto pode ser interessante)
Na RR, ontem, ouvia-se Ferreira do Amaral, Eduardo Catroga e Silva Lopes. Um conforto no desconforto: o de perceber que a conversa é sobre a realidade, que os problemas do país são aqueles e isto concordando-se ou não com teses e interpretações.
É que, Portugal parece uma caricatura, em tons carregados, daquelas ocasiões trágicas em que os governos especularmente não souberam estar à altura da situação.
Não me surpreenderia que o inacreditável anúncio da 3ª travessia do Tejo tivesse em vista coisas bem longe do interesse nacional: esta gente, perdido o pudor, mosta-se como veio ao mundo, sem escrúpulos, ou leve ideia do que tal seja dela.
E o dito presidente da república que tão pateticamente disparatou está calado, sem uma palavra sequer para a necessidade de discutir seriamente os problemas de Portugal.
A uns e ao outro irmana-os a mesma pouquidade.
A todos nós outros, a desgraça.

sábado, maio 15, 2010

O meu primeiro fim-de-semana passado num protectorado.
Como será?
Para já, o começo da história, o acto fundador:

"[...]o país sofreu a maior humilhação nacional deste último século. O que mostra aonde chegou o país, mas também o que sempre foi a "Europa". Poderia ser de outra maneira? Não parece. Como contar com a mais vaga "solidariedade" ou sequer delicadeza do sr. Sarkozy ou da sra. Merkel, que não nos conhecem ou têm qualquer motivo para gostar de nós? Para quem nos paga (e de certa maneira somos todos pagos) não passamos de um povo inferior e semibárbaro, que gasta prodigamente o dinheiro que não ganhou e que depois vem de mão estendida pedir esmola. Os ricos não respeitam mendigos; de maneira geral, correm com eles. Sobretudo, correm com os mendigos que não percebem, ou fingem que não percebem, o seu lugar no mundo e tentam aldrabar o próximo e viver a crédito."
Vasco Pulido Valente, no Público
Bento XVI aos bispos portugueses:
"Na verdade, os tempos que vivemos exigem um novo vigor missionário dos cristãos chamados a formar um laicado maduro, identificado com a Igreja, solidário com a complexa transformação do mundo. Há necessidade de verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo: políticos, intelectuais, profissionais da comunicação que professam e promovem uma proposta mono-cultural com menosprezo pela dimensão religiosa e contemplativa da vida. Em tais âmbitos, não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo, construtor de barreiras à inspiração cristã. Entretanto, amados Irmãos, aqueles que lá defendem com coragem um pensamento católico vigoroso e fiel ao Magistério continuem a receber o vosso estímulo e palavra esclarecedora para, como leigos, viverem a liberdade cristã."

Com os agradecimentos devidos ao compilador.
Reparo que hoje que a maioria dos meus leitores vem do Bomba Inteligente e do Pastoral Portuguesa.
Creio que vou pôr em cabeçalho: Leitores das melhores proveniências

sexta-feira, maio 14, 2010

Portugal está ávido de quem lhe fale como a um adulto.

Com o regresso a Roma do Santo Padre, voltamos à mediocridade habitual e às ridículas canções de embalar.

quinta-feira, maio 13, 2010

Numa reportagem da SIC esclarecia-se pressurosamente que o fecho das repartições fechadas que causava incómodo aos utentes era por causa do Papa.
Os males de Portugal são culpa de Sua Santidade, de Bruxelas, dos especuladores internacionais, das agências de rating.
Já quanto à incapacidade do governo, às mentirolas e à mediocridade e absoluta incapacidade do primeiro-ministro, devem-se classificar como calamidades naturais de país com azar, sendo, por isso, injusto assacar-lhes quaisquer responsabilidades e, muito menos, culpas.
A noção que tenho é a de que a realidade, tal qual é acaba no Caia. Por aqui vive-se num estado crepuscular de demência grotesca, uma espécie de cruzamento entre os autos populares, a revista do Parque Mayer e o teatro do absurdo.
Basta atentar nas diferenças entre as medidas tomadas em Espanha - e, principalmente, no tom do leader da oposição para se perceberem as diferenças de Coelho (Passos). É ler aqui, via Cachimbo de Magritte
Os esforçados leitores deste blog merecem saber desta pequena verdade: após, por breves instantes, ter saboreado o facto de Manoel Oliveira e eu partilharmos o mesmo “o meu hotel habitual em Lisboa” e porque quem me ia buscar demorava - uma demora apenas compreensível por ceatas fora de horas - tive de me esforçar para não pedir ao realizador de Le Soulier de satin boleia para o CCB...
E não tive qualquer vergonha desta ideia prática que se me afigurou sensata.

quarta-feira, maio 12, 2010

À saída CCB, depois de encontrar muita gente, um café numa pastelaria perto. A dona explicava que tinha visto o Papa como daqui praí, porque S. Santidade tinha mandado parar o carro e saído - ela sublinhou este saído - para cumprimentar abençoar umas crianças de um colégio que ali o tinham ido ver passar.
Para além da surpresa pela proximidade súbita e inesperada com um grande do mundo, senti a afeição verdadeira por este, tão afável para com os pequeninos, tal como ela teria ouvido dizer, em pequena, que fazia o Outro.
Manoel de Oliveira no CCB, ágil e sensato, lembra a raiz cristã de Portugal e da Europa.
Quando ajoelhou e beijou a mão a Bento XVI as muitas palmas recrudesceram (o mesmo se passou quando Pedro Mexia beijou o anel do Pontifice).

O Papa falou depois, não se ouvia muito bem, e só aqui, já chegado a casa, apreciei a dimensão do apelo papal: "Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza" o que exclui o culto d'"o «presente» como fonte inspiradora do sentido da vida".
Posted by Picasa
Fui um dos não merecedores que tiveram o seu lugar na plateia do CCB.
As fotografias - tentei 3 vezes - ficavam com este clarão.
Por fim, compreendi.
A caminho do encontro com o Santo Padre, encontro Manoel de Oliveira no hall do hotel.

segunda-feira, maio 10, 2010

Uma floresta clássica tal como as pintavam nos pratos ingleses do século XIX, uma família de deuses da classe média, um incompreendido poema de Emily Dickinson, uma espiga da Quinta-feira de Ascensão que aí vem.
Não é pedir muito para lembrança do tempo que em mim passa.

domingo, maio 09, 2010

Vivemos uma situação estranha: o estado das coisas é aquele para que nos advertiu a Dra. Manuela Ferreira Leite, as medidas económicas foram as a Dra. Manuela Ferreira Leite preconizou mas, provavelmente impostas de fora e executadas defeituosamente, de contra-vontade, incompletas, imprecisas, e por um governo chefiado por um ignorante inepto num ambiente de saguão moral, não produzirão os mesmos efeitos.
Ah, o sim do BE e PCP às megalomanias público-privadas demonstra quanto a existência daqueles partidos é sinal do nosso atraso.

quinta-feira, maio 06, 2010

Só ontem à noite vi o video da entrevista do Rodrigues.
Que bem que furta o senhor deputado! Que bem que furta!

terça-feira, maio 04, 2010

'The Portuguese will need some money sooner or later, I think it is quite likely,' Gros said at a briefing in Brussels, mentioning 100 billion euros as a ballpark figure.

Portugal's gross external debt - a measure of its vulnerability to default - reached 226 per cent of its gross domestic product (GDP) in the third quarter of 2009, Gros stated.

Greece's was 167 per cent, Spain's 164 per cent, Italy's 121 per cent, while in Hungary it rose to 141 per cent in 2008, the year the country was bailed-out by the European Union and the IMF."
Não ganhámos nada com estes 5 anos de mediocrecracia.

Não havia méritos escondidos em sócrates, silvaspereiras e quejandos. São nulidades, sem nada a dar, não eram nem são talentos desprezados ou espezinhados a precisarem de uma oportunidade para desabrochar: não... Eram meramente medíocres, incultos e nocivos.
Agora que já verificámos isso, talvez conviesse voltar aos melhorzinhos.

domingo, maio 02, 2010

Era no 8 de Dezembro e assim devia ter continuado, dizia-me.
O desagrado pela mudança não passava dum esboço de protesto pelas coisas modificadas sem razão, mas contribuiu para que o dia não tivesse parte destacada na liturgia sentimental cá de casa, ficando uma festa pequena, devoção de aldeia; e agora que já não se celebra, a saudade é a de uma romaria humilde e antiga.
A descoberta de que somos indizíveis e consequente apaziguamento do desejo narrativo ( nas sua facetas didáctica e exemplar e fundadora de legitimidades) - instala-nos nas nossas lembranças com um indizível e calmo prazer.