sábado, janeiro 31, 2009

Jantar muito agradável.
As travessuras de Zézito Pinto de Sousa foram faladas, mas por alto, sem pormenores. A velha regra de não falar de coisas desagradáveis à mesa continua viva.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

O primeiro-ministro diz acreditar na justiça portuguesa. Calculismo ou um insuspeitado gosto pela vida contemplativa?

Caso Freeport

O primeiro-ministro de Portugal suspeito de corrupção pelas autoridades policiais da Grã-Bretanha, o país do rule of law.
(Que país europeu teve o seu primeiro-ministro suspeito de corrupção por parte das autoridades de um outro?).
Qualquer tentativa de resposta das autoridades portuguesas, na linha que tem sido esboçada, i.e., do refúgio em formalismos campestres e bizantinices («não há suspeitos», «está na moda») em nada contribuirá para melhorar a situação.
Solução para este caso tristíssimo é o primeiro-ministro pôr à ordem da polícia britânica os elementos solicitados. Como primeiro-ministro ou já como simples particular (dizia-se assim).

quarta-feira, janeiro 28, 2009

O Prof. Freitas do Amaral avalia a legalidade, do ponto de vista do direito administrativo, do licenciamento do Freeport. No entanto, o cerne da questão não é o processo de licenciamento, mas o decreto que tornou o licenciamento legal.
E esse é, de vários pontos de vista, discutível e estranho e apto a dar azo a muitas dúvidas - mesmo que não existisse uma investigação internacional sobre o assunto.



Destino nacional: em tournée pelo vasto mundo.
O reportório? Este Verdi é indispensável.

Espera-se que alguém componha, entretanto, uma Ária do Relatório, - que conterá a breve Canção de Deborah - para condigna comemoração da última fraude governamental.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Um pouco por todo o lado, a propósito da situação do país, queixas de cansaço, de fadiga.
É o que sinto também. De gentes e situações, da exaltação quotidiana da mediocridade, da ostentação do nada.

domingo, janeiro 25, 2009

Um documentário sobre Sequeira Costa na rtp2.
Ouvi-o duas ou três vezes em concertos, penso que de entrada livre, à tarde, no Salão de Inverno do velho casino da praia, nos anos 70 - ou no início dos 80. Não sei porque, tenho a impressão de que Sequeira Costa tocava grátis, por mero gosto. A sala estava quase deserta, não mais do que dez, quinze pessoas. Não havia publicidade e esses tempos entre dois mundos eram pouco habitados.
Por uma áspera, escura e chuvosa madrugrada de Inverno...


Leituras de fim-de-semana.
Aos anos que não lia este conto de Maupassant. Quando li o Tio Júlio, em pequeno, numa tradução portuguesa, tive pena do pobre desgraçado que esconde o seu insucesso. E da família que tudo espera dele.

sábado, janeiro 24, 2009

O cerne da questão

É saber o motivo pelo qual este decreto-lei que foi dito limitar-se a corrigir uns erros no perímetro da zona protegida mas que, de facto, permitiu que o índice de construção do projecto Freeport requerido - e que era superior ao permitido - passasse a ser legal, precisamente na área das lojas, embora a parte restante do outlet continuasse a situar-se na Zona Protegida. Saber, dizia, porque é que um decreto que se debruçava sobre uma coisa tão aparentemente secundária foi aprovado no dia em que o projecto do Freeport foi despachado favoravelmente e tudo isso já sobre eleições, isto num país onde corrigir erros não é o passatempo preferido.
Ontem, ouvi dizer, mais uma vez, que o processo penal inglês tinha menos garantias do que o português, por ser mais célere.
E que por aqui as coisas demoravam e tal porque há muitas garantias.
É falso: o processo inglês é mais célere e tem mais garantias materiais. Não tem "garantias" por escrito porque a polícia e autoridades inglesas quando investigam não têm poderes sobre os investigados e, por isso, estes não precisam de garantia nenhuma.
Aqui, até há pouco três ou quatro anos, podia-se ir preso sem sequer saber de que se era acusado.
A inquisição não fazia melhor.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Ontem, fui marcar as missas do ano. As missas por alma de todos os meus e de alguns amigos que também já cá não estão. Percebo que o Sr. R., que trata esses assuntos, fica comovido porque algumas das pessoas que fazem parte das minhas devoções já são pouco lembradas e aproveita para falar comigo de alguns casos feios de ingratidão, de herdeiros que não mandam dizer missas pelos de cuius, embora essa omissão culposa, o desagradecimento dos que ficam, seja ainda uma forma de lhes perpetuar a memória. Piores os desaparecidos solitários que, sem família nem herdeiros ou amigos vivos, não têm quem deles se não devesse esquecer, nenhum infractor do pio dever de zelar pelas suas almas, nada que os retenha um pouco nas amenidades da mortalidade, por entre o frio de Janeiro e as humidades de que em vida se queixavam, ecoando nas paredes seus nomes nas missas das sete.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Os obamistas, com aquela tendência milagreira que lhes vem das esquerdas, esperavam, para que tudo se devesse conjugar na espampanante hierofania de ontem, a subida da bolsa: Obama expulsaria os vendilhões, ficando apenas os compradores. Não foi assim e a bolsa desceu. Muito.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Acho que vamos ter alguns problemas com a globalização da questão edipiana de Obama.

Falou dos restaurantes que o seu pai não podia frequentar. Mas não poder ir a restaurantes caros é o habitual em quem está a estudar. O que não era habitual, era o caso do pai dele, um dos happy muito, muito few quenianos que poderam sair do seu país para estudar nos USA.
O mestre de cerimónias da tomada de posse de Obama, ou melhor, a voz que anuncia quem entra, usa o tom dos apresentadores de circo, mas obrigado a renunciar a algumas formas de grandiloquência do espectáculo, fica-se por um meio termo que se traduz numa espalhafatosa falta de dignidade.
Há pouco vi Teresa Kerry, a portuguesa nascida em Moçambique que se considera a si mesma afro-americana, e não pude deixar de pensar que se há quem deva tudo - ou quase tudo - à sopa, é ela. Ela e Andy Warhol.
«O governo considera inaceitável »? A que titulo? Em que atribuições constitucionais lhe cabe o poder de considerar inaceitável o uso da palavra Pátria? E se é inaceitável, vai fazer o quê? Participar da Dra. Manuela Ferreira Leite?

E o muito republicano e muito laico Junqueiro, o autor do poema Pátria, também é de extrema-direita?
E quer um pedido de desculpas?
E vergonha na cara? E um pouco menos de sórdida ignorância?

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Obama vai falar no local onde Martin Luther King proferiu o seu célebre discurso (I have a dream). É de crer que se veja - e o vejam - como a metamorfose em realidade do sonho de King. Se assim é, há alguma injustiça para com os negros norte-americanos: não é o descendente de um escravo quem vai falar. Nada liga Obama à longa história de sofrimento desses negros, nem à sua cultura. Obama é o filho de um súbdito britânico queniano que, enquanto se doutorava nos USA, casou com uma cidadã norte-americana branca. Por isso, os seus antepassados norte-americanos de origem europeia, não apenas não foram escravos como talvez os tenham tido. Obama pode ter sofrido, apesar da sua idade o pôr a salvo do pior, discriminações e experimentado algumas das agruras de quem é diferente, tal como as podem sofrer os filhos e descendentes dos latinos ou dos chineses, mas isso não o faz, senão em pouquíssima parte a realização do sonho de King.
Não deixa de ser histórica a sua eleição, e uma vitória sobre preconceitos, mas o candidato negro da América negra - que Colin Powell, por exemplo, seria - ainda não chegou à Casa Branca.
Leio, nestas horas da noite, os Cadernos de Malte Laurids Brigge, de Rilke. Quantos anos passaram desde que os li pela primeira vez? Ou de uma das vezes que reli partes e de que me lembro ter sido num Verão? Anos, decénios. Nunca me esqueci, da primeira leitura, do médico português de Carlos o Temerário (o neto de D. João I, que dizia nós, os portugueses), mas creio que fundira numa só as essas e os esquifes de Cristoph Brigge e do avô de Hans Castorp.
Quando li, há pouco, o relato da agitação da grande morte do camareiro Brigge lembrei-me ainda da incroyable frivolité des mourants de que fala Proust uma das anotações que faz na véspera - creio que literalmente - da sua morte (aqui, no minuto 7).
Dos Cadernos a morte do camareiro, para verem como fui de Rilke a Proust: «No meu avô, o velho camareiro Brigge, ainda se notava que trazia dentro de si uma morte. E que morte! Evidenciou-se durante dois meses e tão alto que se ouvia lá fora, na quinta.
A ampla e antiga casa senhorial era demasiado pequena para esta morte; parecia que era preciso acrescentar-lhe novas alas, pois o corpo do camareiro tornava-se cada vez maior e continuamente queria ser transportado de um quarto para outro e enchia-se de uma cólera terrível quando o dia ainda não chegara ao fim e já não havia nenhum quarto onde ele ainda não estivesse estado deitado. Nessa altura procedia-se, com todo o séquito de criados, criadas e cães, que sempre tinha à sua volta, à subida das escadas e, com o mordomo à frente entrava-se no quarto onde morrera a sua santa mãe (...).Agora era invadido por toda aquela matilha» - Em Rilke as extravagâncias da morte são autoria dela, somos meros espectadores, entediados, divertidos ou irritados. Ao contrário, a frivolidade de que Proust fala, é-nos imputável, ou melhor, àquele que há-de chegar para se ocupar do nosso fim, e que, tocado já pela morte, hoje trataríamos como a um estranho que se portasse de um modo impertinente.
Usei a tradução de Maria Teresa Furtado, para a Relógio d'Água. Era emprestada a edição que li primeiro, do Paulo Quintela e, esgotada há muito, as releituras dela foram em fotocópias incómodas.

domingo, janeiro 18, 2009

O artigo no Público de hoje de Vasco Pulido Valente é para ler com a atenção que se deve conceder à leitura da bula de um remédio de que dependa muito a nossa saúde.
Está transcrito, em parte, aqui.
Transcrevo também (quid abundat non nocere) a parte do aviso quanto à tese do caos, por a ter já visto defendida por Clara Ferreira Alves que, quando o fez, tomou o ar das velhas professoras de aulas de tempos idos quando, após um período de descontracção, queriam significar que se voltava à exposição da matéria e que era preciso estar toda a gente calada e com atenção.
«Começa agora a surgir por aí um argumento, que se aproxima da chantagem e que é bom perceber e recusar: o argumento de que o país não sobrevive sem a maioria absoluta do PS. Ou seja, o argumento de que sem a autoridade de Sócrates cairíamos rapidamente no caos. Da geral falência do Governo, sobrou, muito a custo, esta imagem do "homem forte", que, teoria, justifica o resto. Além do odor à velha convicção de que o indígena gosta que mandem nele, há aqui a extraordinária ideia de que mais vale um primeiro-ministro incompetente e cego a uma solução qualquer que, embora frágil ou efémera, evite a persistência no erro. O juízo imparcial e desinteressado do Economist e da Standard & Poor's mostra o perigo de confiar no incontrolável. Uma dose de Sócrates levou ao que levou. Quem sabe ao que levará a segunda?»
(italicos e sublinhados meus)

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Alegria genuína - para dizer a verdade, quase inesperada - quando soube que não tinha havido vítimas na queda do avião em New York.
Depois, apreciei o politicamente incorrecto que resultava dos relatos que ouvi: quando o piloto avisou do impacto iminente os passageiros - muitos deles duros cépticos nova-iorquinos - rezaram. E, quando já amarados, alguém gritou para que as mulheres e as crianças saíssem primeiro, o que sucedeu (não constando, até à data, que tivesse havido protestos pelo sexismo da atitude).
Afinal, o meu mundo subsiste do outro lado do oceano.
Entretanto, chegam novidades de uma entrevista que a Dra. Manuela Ferreira Leite deu e de que não tive notícia.
Que o TGV seria riscado se ela fosse governo.
É uma boa notícia - e eu gosto muito, mas muito, de comboios.
E sobre o acordo ortográfico esse tgv da cretinice e provincianismo?
O António Lobo Xavier desfez há pouco o António Costa.
Após uma gritaria salpicada de saliva sobre a "diminuição de impostos", o Dr. Lobo Xavier disse-lhe, muito calmamente, que as gritarias não o impressionavam e que não gostava de manipulações, passando depois a explicar que a apregoada "baixa de impostos" pelo governo ou era efectiva manipulação ou ignorância, porque o esforço e carga fiscais têm subido violentamente em Portugal, sendo esta última a que mais subiu em toda a União Europeia nos últimos 3 anos.
O Dr. Lobo Xavier informou ainda que há demandas fiscais pendentes representando 10% do PIB (!!!) e que o estado corre o risco de perder metade desse valor.
E o Dr. António Costa calou-se (o que, nos tempos que correm não é pequena virtude).

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Ver as imagens dos debates parlamentares é deprimente. Tudo aquilo tem um ar rançoso e rufia, que os trejeitos histriónicos e broncos do 1º ministro tornam ainda mais insuportável.
E a confirmação repisada, tristonha, da total falta de imaginação, inventiva e arrojo dos políticos sufoca a sã gargalhada que nos retemperaria do triste espectáculo.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Um encanto suplementar daquela frase do Dr. AJJ («o país não aguenta esta gente até 2013«) é poder, na sua singeleza - como se diz nos fados - competir com a mais requintada análise, sem sair diminuida. É a chamada frase-Severa.
Já me tinha interrogado se não existiram estudos sobre isso. Isso é o medo, mais precisamente o medo inspirado pelas notícias económicas, e como modifica o comportamento das pessoas comuns. E claro que existem tais estudos: a informação afecta as decisões económicas (como e em que medida já valeu um Nobel) pode provoca o pânico e há dias alguém considerava difícil discernir se o que se tem passado nos últimos dias não é apenas puro e cristalino medo.
Hoje, por exemplo, os mercados descem 3% a 5% porque as vendas a retalho nos USA desceram mais do dobro que o previsto.
Eu acho que desceram coerentemente: qualquer bulímico adolescente norte-americano hesitaria em pedir um segundo hamburguer ou a dotar o seu sorvete de uma dose dupla de top, se os acasos do zapping o tivessem posto em contacto com algum dos canais económicos: a linguagem é sinistra, lembrando crónicas de naufrágios e afundamentos, incêndios e pestes, um tom apocalíptico, aterrorizador. E os norte-americanos, depois de adiarem as compras de carros, obras, etc, estão agora, aterrorizados, a cortarem nos jantares fora de casa.
Lamentável.
Entretanto, aproveito a ocasião para agradecer ao Bloomberg alguns momentos de puro terror e infelicidade pró-activa como não sentia desde a minha mais tenra infância. Tenho muita pena que a actual insuficiência de meios me impeça de poder agradecer devidamente.

terça-feira, janeiro 13, 2009

De quando em quando, a Realidade, boa rapariga, mas exigente e com uma pontinha de génio, despeitada pelo desprezo a que é votada pela rapaziada garbosa que nos governa, faz-lhes uma cena:
«A agência de notação financeira Standard & Poor's avisou hoje que pode vir a rever em alta o risco de crédito da República portuguesa.
O 'rating' (medida do risco de crédito que é tanto melhor quanto mais baixo for o risco), que se encontra actualmente em 'AA-' pode ver cortado, refere a S&P numa nota hoje divulgada, notando que as reformas estruturais do Governo se têm mostrado "insuficientes".»
É isso mesmo: tal como dizia o Dr. AJJ, o país não aguenta.
Numa terra de mitigados dizeres será mal recebido este, que ouvi ontem ao Dr. Alberto João Jardim: o país não aguenta esta gente [Sr. Sócrates y muchachos] até 2013.
Mas a mim parece-me a mais pura, sofisticada e simples verdade.

domingo, janeiro 11, 2009


A fotografia

Uma banda? Beatles.

1 - Homem ou mulher? I'm a ordinary man;
3 - O que pensam de mim? Comfortably Numb;
4 - Como descreves o teu último relacionamento? Cansaço;
5 - Descreve o estado actual da tua relação It's easy to blame the weather;
6 - Onde querias estar agora? Itapoã;
7 - O que pensas do amor? À quoi ça sert l'amour?;
8 - Como é a tua vida? And suddenly...;
9 - O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Kurai Ondrum Illai (don't have any woes)
10 - Escreve uma frase sábia: Por escrito? Nunca no papel.
E há que passar? Ora vejamos, passo a "Rogério Casanova", a um perigoso extremista (in absentia), a João de Távora, Miss Pearls e a José Pacheco Pereira.
«Mas, sendo o ministro da Cultura por tradição um "intelectual", nenhum tentou, ou sequer pensou, em gerir o património em proveito da economia regional ou nacional. Papéis velhos, pedras velhas não serviam de nada. Excepto talvez para ganhar a etiqueta de "património universal" da UNESCO, que é boa propaganda e justifica um patriotismo espúrio. Só que a UNESCO vem agora prevenir que pensa retirar essa distinção a alguns exemplares de património edificado, porque o Estado se mostrou incapaz de os conservar. E não se imagine que não os conservou por causa da crise ou que se trata de um ou outro caso marginal. A lista da UNESCO inclui o Mosteiro de Alcobaça, o Convento de Cristo, o centro histórico de Évora e o do Porto. E não se chega à presente catástrofe em menos de anos sobre anos de abandono e de incúria. Quando se pergunta como depois da democracia e da Europa acabámos nesta melancólica miséria, basta pensar na política de promoção e defesa do património cultural; no oportunismo, desorganização e pura estupidez de que ela precisou para durar.»
Vasco Pulido Valente, no Público, dia 11 (itálicos e realces impensados)

sábado, janeiro 10, 2009

Ingleses suspeitam de corrupção de ex-ministro de Guterres no caso Freeport

Ministros corruptos? Em Portugal? Do governo Guterres? É engano!
«Ao abrigo dos nº 1 e 2 do artigo 90º do Estatuto do Ministério Público, aprovado pela Lei nº 47/86, de 15 de Outubro, e alterado pelas Leis nº 2/90, de 20 de Janeiro, 23/92, de 20 de Agosto, 10/94 de 5 de Maio, 33-A/96, de 26 de Agosto, e 60/98, de 27 de Agosto, conjugado com o nº 2 do artigo 18º do Estatuto dos Magistrados Judiciais, aprovado pela Lei nº 21/85, de 30 de Julho, alterada pelo Decreto-Lei n º 342/88, de 28 de Setembro, pelas Leis nº 2/90, de 20 de Janeiro, 10/94, de 5 de Maio, 44/96, de 3 de Setembro, 81/98 de 3 de Dezembro, 143/99, de 31 de Agosto, 3-13/2000, de 4 de Abril, 42/2005, de 29 de Agosto, 26/2008, de 27 de Julho, 52/2008, de 28 de Agosto, e 63/2008, de 18 de Novembro, manda o Governo, pelo ministro da Justiça, que seja aprovado o modelo do colar para uso em ocasiões solenes do procurador-geral da República.»
Thats the spirit!

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Para além do nevoeiro de queixas sobre o frio, alguém reparou em como são bonitos estes dias de Janeiro?
Vou demorar anos a angariar nomes de canções. Nunca sei: são sempre "aquela, aquela de que gostava muito, por aqueles que vocês todas adoravam. - Adorávamos? - Sim, aquela banda que tinha aquela música que começava por tiruli ohhh ohhhh. Ouviam em todas as festas. - Ah deve estar a falar dos ... (nome totalmente desconhecido)! Mas ninguém gostava deles. Que confusões que você faz!... Mas quem lhe enviou esse mail? - Não é mail, é blog, é um blog importante, da Charlotte! - Ah, coisas do seu blog. Olhe, telefone à N..., não se lembra que ela sabia tudo?
Suspiro.
Vai ser um martírio, mas obrigado.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Há uma inundação de viés. A palavra encharca jornais e blogs. De onde vem? De uma tradução de bias, que deu o preguiçoso viés. Pois se as coisas são vistas ou relatadas de viés e não de frente, franca e lealmente, em boa e sã postura, é por haver preconceitos, inclinações, facciosismos, pendores, parcialidades, fanatismos e afeições e tudo o mais que se situa na intersecção da geometria com os sentimento e nos faz ser tendenciosos
Momentos ciberdúvidas depois do almoço? É coisa de bílis represa!
A Dra. Manuela Ferreira Leite desafia o Sr. Sousa para um debate frente-a-frente e é o governo português que lhe responde?
Será que já não há um pingo de vergonha e de decência?
A pergunta retórica: não há.
E quanto a coragem... Bem, há a coragem de Manuela Ferreia Leite.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Ontem, quando lia o Público on line - que não estava demasiadamente interessante - lembrei-me "ah, verdade, deve haver a crónica do Miguel Esteves Cardoso!" e havia.
Além de ser inteligente, escrever muito bem e ter graça, o MEC é simpático e civilizado, ou seja, uma avis rara nesta terra.
Uma coisa boa de 2009, este regresso.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Ao ouvir o pontapé do Pinto de Sousa na pobre gramática portuguesa lembrei-me de algo que me ocorrera a propósito do post/artigo de JPP sobre a salazarofilia. Existe, é um facto. Mas muito dela talvez não seja tanto uma questão de salazarofilia quanto a manifestação do desgosto perante o baixo nível que é o dos nossos - e europeus leaders: entre Pinto de Sousa que usa -ou deixa que usem quando a ele se referem - um título profissional a que, clara e indiscutivelmente, não tem qualquer direito, e o Prof. Doutor Marcello Caetano, ou Mota Pinto, ou o Dr. Sá Carneiro, que abissal diferença! E o mal não é apenas nosso. Merkel não é Adenauer, e Churchill, Roosevelt, ou De Gaulle também não encontram quem se lhes assemelhe em estatura pessoal, intelectual, política. Idem para Thatcher, que mudou um país. Ou Moro, ou Palme, ou... entre nós, de novo, um Cunhal e já ia até dizer... Soares, o dos anos 70!
Talvez que a salazarofilia incorpore nela muito da nostalgia pelos homens de génio, mesmo quando maus génios e pouco de saudades dos regimes que presidiram ou propugnavam.
Por mim, devo confessar que estou farto de mediocridades e não sendo um admirador de Salazar - nos antípodas do meu ideal do que deva ser um leader político - não se me dava que Portugal tivesse um primeiro-ministro menos dado ao dislate e à estridência de vendedor de feira. Ou deslocando (?) a questão, veja-se nesse culto por Salazar - que é, muito, o da sua inteligência e, até à, mitificaçao, o da sua sapiência - uma manifestação, ainda que desajeitada, de apreço pela «alta cultura» versus a cultura popular, o pop político, a política digest, ou no seu melhor, a política-ikea.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

De um lado, no tradicional jogo do polícia mau e do polícia bom houve o entrevistador mais ou menos e o entrevistador menos ou mais. De outro lado, um 1º ministro que diz que não «raciciona» - Eu não raciciono*, disse ele.
Valha-nos quem?
* Proferir calinadas em português é muito comum nos defensores do «acordo ortográfico».
De Vasco Pulido Valente aos blogs análises sobre se foi «Cavaco ou Sócrates» quem «venceu».
Acho que os dois políticos não estão à altura dos tempos que vivemos e pergunto-me quantos pontos caíremos nos índices internacionais, quanto iremos empobrecer e viver pior.

Blomaert, 1624

Entre o novo e o velho: do Dia de Reis que no novo calendário se celebrou ontem, ao Dia de Reis de outros tempos e que se festeja amanhã, dia 6.

sábado, janeiro 03, 2009

The First-Class Menu
As served in the first-class dining saloon of the R.M.S. Titanic on April 14, 1912
First Course
Hors D'Oeuvres Oysters
Second Course
Consommé Olga Cream of Barley
Third Course
Poached Salmon with Mousseline Sauce, Cucumbers
Fourth Course
Filet Mignons Lili Sauté of Chicken, Lyonnaise Vegetable Marrow Farci
Fifth Course
Lamb, Mint Sauce Roast Duckling, Apple Sauce Sirloin of Beef, Chateau Potatoes Green Pea Creamed Carrots Boiled Rice Parmentier & Boiled New Potatoes
Sixth Course
Punch Romaine
Seventh Course
Roast Squab & Cress
Eighth Course
Cold Asparagus Vinaigrette
Ninth Course
Pate de Foie Gras Celery
Tenth Course
Waldorf Pudding Peaches in Chartreuse Jelly Chocolate & Vanilla Eclairs French Ice Cream
Há quem defenda que os espargos en vinaigrette estavam mais réussis que o salmão poché. Há quem diga o contrário e afirme que o cozinheiro foi suplantado pelo 1º mestre dos pickles.
É uma discussão interessante e a sua vivacidade anima os convivas.
Enquanto isto, uns patetas alheiam-se da conversa e, além de rosnarem que o jantar é pago com dinheiro emprestado e servido em baixela alheia, incomodam alguns passageiros com notícias sobre icebergs.
As discussões sobre «quem ganhou», se Pinto Sousa se Cavaco, têm a relevância de uma discussão sobre a ementa do jantar a bordo do Titanic, na noite fatal.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

O discurso do Presidente da República teve, além de outros méritos, um que me toca pessoalmente e que devo agradecer: o de me tranquilizar quanto à minha saúde mental. É que eu via este Portugal empobrecido, sobre-endividado, triste, sem destino, corrompido e abandalhado e pensava tal tenebrosidade sintoma de uma doença mental grave de que eu e alguns outros poucos colegas de hospício padeceríamos, impedindo-nos de ver a ridente realidade oficial gritada e ameaçada pelo ministro Pinto Sousa.
Afinal, o Presidente da República vive no mesmo país em que eu vivo (e por onde tem andado?, mas adiante) e existe mesmo este país pobre, endividado e governado por um medíocre que tem o despejo inaudito de anunciar como obra dele a descida das taxas de juro decidida pelo Banco Europeu...
P.S. V.P.V., hoje no Público, chama a atenção para o continuum da nossa dívida externa, que não se atenuou no governo de Cavaco. Pois não, nem este fez reformas necessárias e por fazer ainda hoje. Por isso, não votei nunca nele. Mas que o seu discurso ajuda a colocar a discussão em termos mais pertos da realidade, isso parece-me insdicutível.
Encontrei na net o Manuscrito do Conde Jan Potocki que eu conheço de, durante meses, ter sido o livro que a mãe de amigos meus lia à camilha provinciana, por entre chá e torradas e instruções ao pessoal doméstico. Um dia perguntei se o Manuscrit trouvé à Saragosse - era bom; respondeu-me que sim, que era muito bom, e que mais tarde o devíamos ler. E reencontrei-o alguns anos depois, quando lia as coisas dos surrealistas. Um pasmo!, mas breve: nunca li mais do que algumas páginas, no medo de perder nele muitos dos haveres que ajudam a manter uma alma crédula e simples. E, passados todos estes anos e apesar do desconto, vou manter as coisas como estão.